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     O cachorro de Reeve não deu trégua, só bastou que eu jogasse apenas uma vez a maldita bola para que ele voltasse e a deixasse no meu pé. Quando percebi, lá estava eu correndo junto com ele para tentar pegá-la antes e jogar ainda mais longe para testar sua velocidade. Aquela brincadeira me fez esquecer o que havia acontecido no galpão, me distraiu com o que estava acontecendo na minha vida e, de alguma maneira, me deu um aliado que pareceu gostar de mim.

– Tudo bem amigão. – falei ao me ajoelhar em sua frente para coçar as orelhas curtas. – Você me cansou e eu nem lembro o seu nome.

– Buck! – o nome ecoou entre o jardim fazendo com que o cachorro e eu olhássemos de volta a casa.

     Reeve estava parado na varanda da frente segurando o que parecia ser uma corrente grossa que fez seu cachorro ficar maluco ao correr em sua direção. Nesse meio tempo, encarei o homem que me encarava de volta sem qualquer feição de que havia esquecido o que aconteceu no galpão, isso combinava com suas roupas pretas e estilosas que ele vestia.

     Levantei da grama sem muita pressa para voltar, olhei de volta ao lago respirando fundo ao buscar a tranquilidade que ele emanava de suas águas antes de virar de volta a casa. Caminhei devagar, olhando por onde pisava até estar em frente ao pequeno lance de escada que levava até a varanda.

– Estou indo para Reno, vou checar o que eles estão fazendo para saber se é seguro você voltar. – disse ele, sério.

     Balancei a cabeça assentindo, era a única coisa que eu poderia fazer naquele momento, principalmente por ter conhecimento de que a culpa era minha pelo o que aconteceu no galpão. Eu não iria me desculpar para ele, não iria reconhecer em voz alta pois o meu orgulho falava mais alto que a minha consciência.

     Vi Reeve puxar seu cachorro pela coleira de correntes para dentro da casa no momento em que meu irmão estava saindo. Os dois esbarraram um no outro e pude ouvir pedidos de desculpas sussurrados. Esperei até que fosse seguro respirar novamente ao saber que meus dias já estavam contados. Quando encontrei os olhos do meu irmão em mim, pude ver empatia neles.

– Quer desistir? – ele perguntou.

     Me virei de volta para o lago, que estranhamente me trazia uma sensação de paz, enquanto refletia sobre suas palavras. Uma parte de mim queria desistir, fugir e me esconder o mais longe possível. No entanto, a parte de mim que foi levada por Scar e Andrea quando me sequestraram queria lutar, buscando vingança por tudo o que fizeram comigo. Sim, eu estava confusa, embora relutasse em admiti-lo. Afinal, foi a morte de Tahoe que me fez querer lutar, e lá estava ele, vivo, respirando, assim como eu.

– Eu não posso voltar atrás. – falei ao me encostar no parapeito da varanda.

– É claro que pode, Hazen!

– Não. Eu sei de muita coisa, eu vi os rostos de todos eles, eu sou uma ameaça e Nathan não vai parar até me ver morta quando souber que eu estava traindo todos eles.

Correr e viver 2 - DuologiaOnde histórias criam vida. Descubra agora