2.22- Palhaço desgraçado

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Bervely havia voltado com uma caixa de primeiros socorros e eu consegui cuidar do machucado de Eddie. Bom, ele tinha se desesperado quando falei que precisava costurar para fechar o machucado então tive que pensar em outro método de não deixar sair tanto sangue de sua bochecha.

Já havia anoitecido, Bill não tinha voltado de onde havia ido então Bervely, Ben, Eddie e eu fomos para a biblioteca, como Mike pediu antes de nos separarmos. Quando chegamos lá, o carro de Richie estava estacionado na frente do local e quando entramos na entrada do lugar, escutamos gritos e alguns resmungos vindo de mais a fundo da biblioteca. Corremos em direção do som e encontramos um homem com um machado na cabeça jogado no chão, Mike deitado ao lado do morto, Richie em pé e ao lado de Mike estava sujo de vômito.

- Mike! – grito para o homem deitado no chão, preocupada dele estar machucado, já bastava Eddie.

- Meu Deus! – Bervely tem as mãos na boca, olhando para a cena do homem morto no chão. Mike se levanta e sangue escorre de seu antebraço, ele coloca a mão por cima para tentar estancar.

- T-Tá tudo bem? – Ben pergunta preocupado.

- Não, eu não tô bem! Eu acabei de matar um cara. – Richie aponta pro morto, faço cara de nojo e desvio o olhar. É irônico eu sentir nojo dessas cenas sendo que eu literalmente trabalho em um local onde vejo diversos tipos de acidentes nesse tipo.

- Eu tava falando com o Mike. – Ben se corrige para o homem de óculos, Mike analisa todos nós e parece perceber algo.

- Cadê o Bill? – ele pergunta.

- Ele saiu sem dizer nada, só disse que ia ajudar o garoto do restaurante chinês. – encurto o que aconteceu realmente.

- Eu vou ligar pra ele. – com o braço machucado ele ia pegar o celular mas reclamou de dor, parando de fazer tal ato.

- Deixa eu te ajudar. – pego em sua mão, o sento em uma cadeira, eu sento em uma banqueta ao lado dele e Ben se aproxima com uma caixa de primeiros socorros que tinha na biblioteca. Pego o braço machucado de Mike e ele com o braço livre começa a procurar pelo número do Bill, enquanto isso começo a limpar a ferida.

- Bill, estamos na biblioteca. Cadê você? – Mike pergunta com o celular no ouvido.

- Ele pegou o m-menininho, Mike. – pela proximidade, consigo escutar Bill falar do outro lado da ligação. Termino de enfaixar o braço dele, finalizando com uma fita pra segurar a gase. – Pegou ele bem na minha frente. Desgraçado!

- Não, não, não. – ele se levanta, nervoso, todos olham para ele pois algo de errado está acontecendo. – Olha, v-vem aqui pra biblioteca e conversar sobre o plano... – Bill responde do outro lado mas não consigo escutar. – Não, não, não... – Bill fala novamente. – Bill! Bill! – ao não ser respondido, Mike tira o celular da orelha, Bill havia desligado em sua cara. Fico preocupada imediatamente.

- O-O que ele vai fazer? – gaguejo preocupada, com o braços cruzados enquanto mordiscava a pele do meu dedo. Mike suspira forte, segue até uma mesa e pega um livro, todos o olham a espera de uma resposta.

- Vai enfrentar a coisa sozinho. – Mike diz sério, me viro de costas, passando a mão na testa, totalmente preocupada com o cara que beijei a algumas horas atrás.

- O que? – Richie pergunta confuso.

- Sozinho. – Mike repete aborrecido. – A questão é o grupo. O ritual não funciona sem o grupo. É fazendo juntos que funciona. – Mike pega um objeto, que é semelhante a um tambor, apoia na mesa e Richie pega para o analisar, em seguida Mike tira de sua mão ao perceber que o de óculos está olhando demais.

- Ele te falou pra onde estava indo? – Ben pergunta sentado em uma das cadeiras que eles pegaram.

- Se ele quer matar o Pennywise, só tem um lugar para onde ir. – Bervely diz com o olhar angustiado.

- O mesmo lugar que o ritual tem que ser executado. – Mike lembra.

- Ah, aposto que a gente não vai gostar. – Eddie encara o chão suspirando.

- Merda. – sussurro já sabendo para que lugar vamos ir.

°•°•°

Paro meu carro no encostamento da rua, sem me preocupar em ver se o transporte estava mal estacionando, já tenho muita coisa pra me preocupar agora. Saímos de seus respectivos carros e começo a correr em direção a casa abandonada, onde avisto Bill já nas escadas da entrada.

- Bill! – o grito tenta do chamar sua atenção, ele se vira e vê todos nós ali.

- Não, gente, não! – ele nega com a cabeça, entramos na área da frente da casa, nos aproximando dele. Tento focar meus olhos apenas no homem angustiado a minha frente e não olhar para a casa que me assombrou. – E-Eu comecei com isso tudo. A culpa é minha por estarem aqui. Essa maldição, essa merda dessa coisa que tá dentro de vocês começou a crescer no dia que m-meti vocês no Barrens, porque só me importava em encontrar o... – Bill tem dificuldade de dizer o nome, por estar nervoso e consequentemente estar gaguejando mais. – G-George. Agora eu vou entrar lá e não sei o que vai acontecer, mas eu não posso pedir que façam isso...

Bill é interrompido, quando Bervely anda até a grama alta que tinha ao nosso redor e pega o objeto de ferro com a ponta afiada. Rapidamente, me lembro do que se trata. Ela usou esse objeto para enfiar no rosto do palhaço quando ele tentou nos atacar anos atrás.

- É... – Bervely começa, com o ferro enferrujado em mãos. – Nem nós vamos te pedir também.

- Berv... – Bill ia começar a impedi-la mas Mike o interrompe.

- Não fizemos isso sozinhos antes, não vai ser diferente agora.

- Os otarios ficam juntos. – digo logo em seguida, tentando o convencer de que não iríamos mudar de ideia sobre ir com ele. Ficamos alguns segundos em silêncio, Bill me olhava no olhos e eu fazia o mesmo.

- E aí, alguém quer falar alguma coisa? – Eddie quebra o silêncio.

- Richie falou bem quando estivemos aqui na última vez. – Bill relembra.

- Falei? "Eu não quero morrer"? – Richie tenta lembrar o que disse mas Bill nega com a cabeça. – "Sorte que não foi pelo tamanho do pinto"? – tenta de novo e eu coloco a mão na boca, tentando abafar o riso.

- Não. – Bill nega de novo.

- "Vamos matar esse palhaço"? – Richie tenta de novo e um sorriso aparece no rosto de Bill enquanto ele confirma com a cabeça. – Vamos matar esse palhaço desgraçado.

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𝐓𝐇𝐄 𝐍𝐄𝐖 𝐆𝐈𝐑𝐋🎈彡𝘉𝘪𝘭𝘭 𝘋𝘦𝘯𝘣𝘳𝘰𝘶𝘨𝘩 Onde histórias criam vida. Descubra agora