2.25- As luzes da morte

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Quando pisei no chão, mirei a luz da lanterna no lugar em que estávamos e quase tive uma crise de claustrofobia. Parecia uma caverna e tinha uma frestinha que acessava o outro lado, e é nessa frestinha onde Mike quer passar.

- Consegue passar aí? - Bill pergunta para Mike deitado no chão, ele tenta ver o que tem do outro lado.

- Sim. É bem aqui. - ele já estava se arrastando, entrando cada vez mais, sua voz estava abafada para mim.

- É por aqui. É apertado mas dá pra passar. - Bill diz para mim já deitado no chão para que façamos o mesmo e eu fiz.

Me deitei no chão e respirei fundo antes de começar a me arrastar para dentro do lugar apertado. Já no começo, quase que minha bunda não passava, porem dei um jeito de passar mesmo sentindo a dor da pedra me arranhar pois a minha blusa levantou. Felizmente, o caminho todo não era apertado, era apenas o começo.

Agora já podia ficar de pé no lugar que também parecia uma caverna, mas um pouco mais fechado e escuro do que o que estava lá na frente. Andando mais um pouco, o ambiente ficou mais aberto e no meio dele tem, como se fosse espinhos gigantes em forma de círculo.

- Ela se esconde aqui. - Mike nos olha sério.

Começamos a nos aproximar mais do círculos espinhoso, imagino que o ritual será lá. No caminho, percebo o chão cheio de ossos, crânios e esqueletos espalhados. Ao pisar em um, faço cara de nojo e pulo pra longe, seguindo o caminho dos meus amigos.

- Isso aqui tá embaixo de Derry desde sempre? - Eddie pergunta depois de dar uma ótima olhada na altura do lugar. É bem alto mesmo.

- Sempre não. Só há alguns milhões de anos. - Mike responde distraído em analisar.

Olho para os espinhos de perto e vejo um líquido vermelho flutuar, provavelmente sangue. Mike passa entre os espinhos e entra no círculo entre eles, todos fazem o mesmo. O homem alto pega o objeto que ele não largou por nada - o que parece um tambor - e colocou em cima da pedra que tinha ali no meio.

- A Coisa só pode ser atacada em sua forma original. - Mike explica olhando para nós. - O ritual vai mostrar.

- E qual é a forma original da Coisa? - Ben pergunta.

- Tomará que seja um cachorrinho. Tipo um lulu da ponerania... - Richie brinca e eu dou um tapa em seu braço, o repreendendo, como nos velhos tempos. - Foi mal.

- É a luz. - Mike aponta sua lanterna para um dos desenhos diferentes que tem no objeto. - A luz que deve ser tomada pela escuridão.

Mike pega um pequeno frasco de gasolina da sua mochila, joga todo o conteúdo dentro do objeto na pedra e em seguida acende um fósforo e o joga dentro, rapidamente criando um fogo dentro.

- Os seus artefatos. Coloquem eles no fogo. - Mike manda e todos começam a pegar suas coisas. - O passado deve queimar com o presente.

Meu artefato sempre andou comigo. Era uma pulseira de pano que fiz na sede dos otarios, no mesmo dia em que ensinei Bill a fumar.

| FLASHBACK ON |

- C-Como tá ficando? - Bill volta a se sentar do meu lado. Ele tinha se afastado para conversar com seus amigos quando percebeu que eu estava concentrada demais no que estava fazendo para conversar com ele.

- Eu já terminei a minha, olha. - apontei para o meu pulso a pulseira cinza e marrom.

- F-Ficou maneira. - ele diz analisando. - Onde aprendeu a fazer isso?

- Minha amiga, Megan, me ensinou. Era tipo um hobbie pra ela, sabe?

- Você a-ainda fala c-com ela? - quase me desconcentro quando ele gagueja, é tão fofo!

- Na verdade, não. - respondo triste mas logo mudo de assunto quando termino de dar o último nó em sua pulseira. - Terminei!

- Deixa eu ver. - mostro pra ele a pulseira de cor laranja avermelhada e azul claro, ele estica o braço e eu logo amarro a pulseira em seu pulso. Tinha ficado ótima. - Eu a-adorei, Betty.

- É pra você lembrar de mim quando eu for embora. - sorrio e deixo um beijo em sua bochecha.

Não diria para ele que sua pulseira era daquela cor por causa do meu cabelo e dos meus olhos, e nem que a minha era azul, quase cinza, por causa de seus olhos acinzentados e marrom por causa de seu cabelo escuro.

| FLASHBACK OFF |

Eu a aguardei em uma caixa embaixo da minha cama, nela continha diversos objetos sentimentais pra mim. Eu trouxe a pulseira com o pensamento de que quando tudo acabasse, eu poderia mostrar para Bill e conversar sobre aquele tempo. Mas as coisas parecem mais complicadas.

- É...esse é o barquinho que eu fiz com o...com o Georgie. - Bill começa a falar do meu lado, mostrando o barco de papel todo sujo e jogando no fogo em seguida.

- Essa aqui é a minha bombinha. - Eddie mostra, coloca na boca e suga o ar pela última vez.

- Para com isso. - Richie o repreende e Eddie joga dentro do fogo.

- Uma coisa que eu gostaria de ter guardado. - Beverly mostra uma carta antiga e suja e coloca no fogo.

- Essa é a página do meu caderno na escola. Só uma pessoa assinou. - Ben me olha rápido e eu sorrio sem dentes quando lembro do momento, logo ele coloca no fogo também.

‐ Eu fiz essa pulseira quando a gente tava na sede dos otários. - mostro a pulseira e tento não olhar para Bill, mesmo querendo ver sua reação, querendo saber se ele se lembrava. Olhei rápido para ele, o vi desviando o olhar pro chão, tentando esconder um sorriso pequeno. Em seguida a joguei no fogo, com muito pesar.

- É uma ficha do teatro Capitol. - Richie diz apenas e segue os seus amigos, colocando-o no fogo.

- Você trouxe uma ficha? - Eddie pergunta desacreditado.

- É o que a gente tinha que fazer, babaca. - Richie o responde.

- Sabe quanto tempo vai levar pra queimar?

- É, e a sua bombinha também.

- Gente, qual é? - Ben os repreende.

- A fumaça tóxica, o plástico e tudo mais... - Richie ignora o Ben.

- Olha isso aqui, Bev. - Mike interrompe a briga, ele segura uma pedra manchada de vermelho, o braço esticado para ela poder ver. - Tá vendo? - ela assente. - Com isso você acertou o Bowers. - ele diz e ela ri fraco.

- A guerra de pedras. - ela relembra, fazendo eu rir junto de Bill.

- O dia em que nossas vidas se ligaram. - Mike diz.

- Também não vai queimar. - Eddie sussurra, o avisando, colocando a mão no braço do homem que apenas assente e joga a pedra no fogo. - Ah, espera aí. - ele diz e começa a procurar algo no bolso de sua calça, tirando um pano que não pude ver muito bem. - Não podemos esquecer do Stan, de novo... - enrola o pano e coloca por último no objeto.

- É agora. Deem as mãos. - Mike manda e todos hesitam um pouco, pego na mão de Bill e de Ben que estão do meu lado. - O Ritual de Chüd é uma batalha de desejos. O primeiro passo foi o nosso encontro. O segundo foi juntar os artefatos. E esse é o passo final.

Quando ele termina de dizer, o fogo se apaga, nos surpreendendo.

- O que é isso? - Richie pergunta olhando para onde o fogo estava alto mas agora sumiu.

Olhamos para cima quando um barulho alto se é ouvido, uma luz surge de cima e vai ficando forte cada vez mais, mostrando as paredes mais altas. As paredes eram avermelhadas e tinha vários espinhos, talvez dentes. A luz se aproxima de nós e consigo ver melhor, eram três bolas brilhantes caindo até nós.

- Não olhem pra elas! - Mike manda e rapidamente fecho os olhos com força e abaixo minha cabeça.

- São as luzes da morte? - Eddie pergunta.

- Não olhem! - Mike manda de novo.

Apenas vejo a escuridão de estar com os olhos fechados porém consigo escutar o barulho alto das luzes se aproximando.

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𝐓𝐇𝐄 𝐍𝐄𝐖 𝐆𝐈𝐑𝐋🎈彡𝘉𝘪𝘭𝘭 𝘋𝘦𝘯𝘣𝘳𝘰𝘶𝘨𝘩 Onde histórias criam vida. Descubra agora