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— Porque não me fala onde vamos? — Perguntei pela milésima vez ao garoto sentado no banco do condutor.

— Antes de irmos onde planeei — Disse ele depois de um longo tempo sem abrir a boca — Precisamos parar em algum local para almoçar.

— Mas já? Terminamos mesmo agora de tomar o café da manhã.

Já estávamos no carro fazia quase uma hora. Retirei meu celular de onde ele estava guardado e chequei as horas. Quase uma e vinte da tarde.

— Eita, acordamos bem tarde hoje. Na minha cabeça ainda não são horas de comer.

— Tudo bem então. Já que você não quer, passamos o almoço — Ele falou me olhando de lado esperando por minha reação.

— Parado aí, Lee Minho. Com comida ce não brinca — Comecei me fingindo de ofendido — E eu nunca disse que não iria almoçar.

O Lee riu o que me fez rir também. 

— O que gostaria de comer?

— Humm... Fried Chicken! 

— Sei de um lugar bem próximo ao nosso destino que tem uma fried chicken muito gostosa — Ele disse enquanto virava todo o volante para a direita.

O almoço passou bem rápido. O restaurante era bem acolhedor e as pessoas eram simpáticas. O ambiente era calmo e confortável.

Apesar de eu insitir que deveríamos dividir a conta o Lee disse que dessa vez ele que ia pagar. Quando voltei a pedir ele não teve justificação para pagar sem ser um "Quero ser eu a fazer isso". Óbvio que o meu argumento de "Você me levou pra casa e cuidou de mim ontem, agora estou retribuíndo" venceu e eu que paguei.

A gente voltou para o veículo e à medida que íamos chegando mais perto do nosso destino, eu ficava com mais certeza sobre onde estava indo.

— Tamos indo no parque de diversões?? — Perguntei ao maior ficando extremamente animado quando vi um sorriso brotar na cara dele — Eu amo ir nesse tipo de parques!! Como você sabia?

— Ce tem cara disso — Ele riu do quão feliz eu estava e estancionou o carro perto da entrada.

Ambos saímos do carro. Minho trazia suas mãos nos bolsos e eu quase que saltava de contentamento.

— Já tenho os bilhetes — Ele tirou uma mão do bolso e mostrou dois pedaços de papel rosinha — É só entrar e aproveitar. Tem tempo até o parque encerrar.

Caminhei até à entrada e o Lee me seguiu. Não tivemos que esperar muito pois nessa hora a fila não estava tão grande.

Assim que adentramos o parque, entrelacei meu braço no do maior e comecei o puxando para diversas diversões. Comecei pelos mais softs.

O último em que fomos foi na roda gigante. Minho parecia um pouco mais agitado que nas outras.

— Ta tudo bem com você? — Perguntei demostrando um pingo de preocupação.

— Ta sim.

Que resposta menos verdadeira. Ele nem estava se esforçando para mentir.

Já estávamos subindo dentro da cabine quando eu olho para o Lee sentado do meu lado e seus olhos estavam iguais aos de um gato assustado.

— Hyung, tem mesmo a certeza que está tudo bem? — Perguntei de novo captando a atenção do maior.

— Na realidade — Ele começou falando mas fez uma pequena pausa quando paramos bem lá em cima e ficámos com a melhor vista para admirar todo o parque — Eu meio que tenho acrofobia.

— Ce tem o quê? — Respondi com uma outra pergunta.

— Medo de altura.

Sei que mão devia ter feito isso mas eu soltei uma gargalhada na cara - e da cara - de Minho logo que este proferiu tais palavras. O sênior de expressões frias e intimidante tem medo de alturas. Que irônico.

— O que diachos ce ta fazendo em uma roda gigante então? Porque não ficou lá em baixo? — Falei recuperando das risadas.

— Pensei que se você viesse sozinho não ia se divertir tanto como se viesse acompanhado — Ele disse inocente.

Aí eu caí no riso. Não estava nem ligando se os outros estavam olhando ou falando sobre.

— Pode ter a certeza que eu to me divertindo mais do que se viesse sozinho — Disse entre gargalhadas — Quer segurar minha mão?

Ele me olhou de lado enquanto eu estendia a mão na sua direção.

— Vai se sentir mais seguro — Expliquei — Te garanto que resulta de verdade.

Se antes ele parecia um gatinho  assustado agora parecia um gato que você quer dar carinho mas ele não chega perto pois está desconfiado. Só que acontece que este gato acabou por ceder e se aproximar.

Minho agarrou minha mão e a apertou com força quando começamos descendo. Assim que chegamos em terra - só duas voltas depois, o que implicou subir até lá a cima mais duas vezes e voltar para baixo - ele se recompôs.

— Onde quer ir agora?

— Eu quero muito experimentar a nova  montanha russa!! — Olhei para a cara horrorizada do Lee e sorri — Vai ser divertido, hyung!

As feições do maior não pareciam estar convencidas de que seria divertido, muito pelo contrário.

— Você quer me matar do coração? Ia morrendo na roda e lá é mo pacífico.

— Ah mais você só ia morrendo porque aquilo é lento e você teve tempo para pensar sobre o que estava acontecendo. Se for na montanha russa nem tem tempo de processar que a viagem já terminou.

Olhei sorrindo de orelha a orelha para o Lee, esperando sua reação. Ele suspirou e me encarou de volta.

— Eu vou com você mas primeiro preciso de comer algodão doce.

— Ue, do nada?

— Sim. Preciso aumentar meus níveis de açúcar para me prevenir de possíveis desmaios e de bater minha cabeça depois.

Solto um riso e falo um "Ta bom" fazendo o Lee me começar a conduzir por entre as pessoas.

Ele ainda não tinha soltado minha mão e também não seria eu fazendo isso, até porque estava gostando. Estava gostando de sentir o calor da mão dele se transferindo para a minha, da sensação dos dedos do Lee entrelaçados nos meus.

Chegamos em uma banca pequena com vários doces. Tinha pipoca doce e salgada, algodão doce azul bebê e rosinha, pirulitos de diversas cores juntas...

— Vai querer algo? — Ele me perguntou quando paramos atrás de uma pessoa que estava sendo atendida.

— Como do seu — Respondi sorrindo.

Infelizmente, Minho teve de soltar minha mão para pagar enquanto eu segurava o algodão doce. Tirei um pouco e coloquei na boca, sorrindo assim que o açúcar se derreteu sobre minha língua.

Nos afastamos da banca e nos aproximamos cada vez mais do pesadelo de Minho.

Terminámos de comer o doce já quando estávamos esperando na fila e era possível escutar gritos entusiasmados e bem altos de quem estava na diversão.

O brinquedo parou e eu fui na frente do Lee lhe mostrando o caminho até uma das cabines no meio - para não ficar tão assustador assim.

As outras pessoas que ião connosco falavam animadas e outras já estavam gritando de desespero e de ansiedade. Pousei minha mão em cima da do Lee, que estava segurando a barra de segurança, e deixei uns carinhos, a retirando depois para também segurar ali.

Um apito soou anunciando nossa partida e o brinquedo logo começou andando bem devagar.








Bad Habit || MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora