Jogámos mais duas vezes. Essas duas vezes foram necessárias para perceber que o Hyun continuava mau fazendo esse desporto.
Decidimos comer algo rápido na lojinha e nos sentamos em uma mesa ali perto. Após terminarmos a refeição nos deixamos ficar ali conversando e rindo.
— Vamos jogar um jogo — Disse a de cabelos azuis escuros quando o tema de conversa estava prestes a escassar — Eu já ou eu nunca.
— Mas não vai ser engraçado, Ryu — A ruiva disse — O que vai fazer se alguém disser eu já? Nem tem bebida aqui.
— Tem razão. E se for verdade ou desafio?
— Esse jogo sempre dá merda — O mais velho que estava sentado do meu lado mexendo no celular mas ouvindo tudo opinou.
— Como não estamos em casa, temos de pegar leve — Corrigiu Yeji.
O Lee tirou os olhos do ecrã e estabeleceu contacto visual com a garota na sua frente.
— Mas se pegar leve, não vai dar merda e assim não é divertido.
Ryujin soltou uma gargalhada e disse "Ele tem um ponto" para a garota sentada do seu lado.
— Vou para casa então. Não tem nada para fazer aqui e em casa posso assistir meus anime.
Me levantei e deixei cada pessoa ali com um abraço, sem ser Minho que se levantou também mas não se despediu de ninguém da mesma forma que eu.
— Porque você ta indo embora também? — Hyunjin perguntou olhando desconfiado para o Lee.
— Talvez porque eu que trouxe ele de carro até aqui? E talvez tenha de levar ele de carro até casa? — O maior perguntou retoricamente.
O Hwang olhou para mim e eu dei de ombros, sorri e entrelacei meu braço no de Minho. Acenei para trás e falei "Até" enquanto me afastava deles com o garoto.
A viagem até ao prédio foi calma. Falei sobre o quão péssimo o Hyunjin sempre havia sido jogando boliche e até contei alguns episódios. O Lee ouvia tudo com atenção e fazia um comentário aqui e ali.
Ele estancionou e saímos do carro. Começamos caminhando até o elevador.
— Hoje foi um dia agradável — Disse quando percebi que o maior não ia falar nada.
Eu estava tentando não pensar no beijo. Nem parecia ser real, apesar de eu saber que fora. Minho não havia dito muito após essa altura e estava começando a me consumir a probabilidade de ter mudado abruptamente algo entre nós. Coloquei uma pedra em cima de meus pensamentos e os coloquei num lugar bem fundo do meu cérebro para que não me incomodassem.
— Foi uma pena você ter medo de alturas mas ao mesmo tempo foi incrível — Falei novamente esperando ansiosamente por qualquer resposta. Talvez eu esteja pensando demais.
— Eu ia morrendo naquela coisa toda louca. Minha sorte foi que comi algodão doce — Ele finalmente respondeu enquanto as portas do elevador se abriam nos deixando entrar.
Carrego no número dois e logo as portas fecham e começamos nos movendo. Chegamos no segundo piso e voltamos a caminhar em silêncio.
— Boa noite, hyung — Digo antes de adentrar minha casa. Recebo um "Boa noite, Han" de volta e fecho a porta.
Vou direto ao banheiro para tomar um duche. Tiro minhas roupas e as atiro lara o chão daquela divisão. Me coloco debaixo do chuveiro e sinto a água gelada banhando meu corpo.
Normalmente, duches de água fria me ajudam a lidar com a ansiedade e o stresse. Também ajudam quando estou com problemas ou estou pensando demais em algo. Costuma resultar, mas há sempre uma primeira vez para tudo.
Termino o duche mais rápido que o esperado e vou até meu quarto vestir a típica t shirt branca e shorts pretos que uso para dormir. Me atiro para cima da cama e, no que me parecem ser minutos depois, meu celular toca.
Me levanto indo até ao banheiro, agradecido por ter algo em que pensar sem ser no acontecimento desta tarde e em como os lábios do Lee encaixavam perfeitamente nos meus.
Leio o nome da pessoa que está me ligando e inspiro fundo antes de atender.
— São onze e meia da noite, o que você quer Hyun?
— Quero saber o resto da fofoca. Tudo. Com pormenor.
Essa agora não. Estou tentando não pensar no sênior e o que o Hwang faz é me obrigar a falar sobre ele.
— Hyun, eu to com sono e quero ir dormir. Se puder ligar amanhã eu-
— Não. Você vai me contar agora. Começou, termina.
Suspiro me deitando na cama de barriga para baixo, brincando com a ponta do lençol branco ao mesmo tempo que conto o que havia rolado. Chego na parte do beijo e hesito.
— Eu... Ele...
— O que aconteceu depois, rapaz? Fala logo, eu ein.
— O Minho perguntou se me podia beijar — Oiço o Hyun do outro lado se engasgando na própria saliva ou então numa bebida qualquer. Me proíbo de continuar sem que ele esteja prestando total atenção.
— E o que você respondeu?
— Nada.
— Ata, menos mal. Pensava que você tinha falado que sim.
Silêncio. Soltar as palavras parecia tão irreal.
— Pera... Você beijou o cara?! Puta que pariu. O que aconteceu depois?
— Não sei.
— Como assim não sabe?
— Ele ligou o carro e fomos em silêncio boa parte do caminho até ao boliche. Não falamos sobre o que havia acontecido.
O outro lado da linha se manteu sossegado e percebi que eu podia falar o que passava em minha mente, que o garoto iria escutar tudo.
— Acho que ele não quer se lembrar que o fez. Talvez tenha sido uma asneira cometida por impulso. Eu devia ter falado que não. Ele agora nunca mais vai falar direito comigo, estraguei uma amizade que ainda estava construindo.
Deitei tudo cá para fora de uma vez. A resposta do mais velho veio segundos depois.
— Você gostou?
— Hum? Como assim?
— Gostou do beijo?
Não havia parado para pensar direito sobre isso. Mas agora que tenho a oportunidade, acho que... sim? A maneira como ele colou nossos lábios tão delicadamente e me puxou para mais perto como se eu fosse quebrar me fez sentir bem. Realmente bem.
— Acho que sim.
— Acha ou tem a certeza? — Reflito durante poucos segundos.
— Tenho a certeza.
— Então do que está esperando? Levanta esse traseiro e vá bater na porta dele, sua anta!
Me senti atacado mas lembrei que quem estava soltando aquelas palavras era o Hwang Hyunjin.
— Vai perguntar se ele sentiu o mesmo que você, encara a situação como o adulto que é. Ele não pode simplesmente fingir que nada rolou, entende? Ele não tem o direito de te deixar pensando sobre essas coisa.
Reclamo e o Hyun grita no meu ouvido como resposta. Acho que ficaria surdo se não tivesse concordado com o plano do maior.
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Bad Habit || Minsung
FanfictionOnde Lee Minho se oferece pra ajudar um novato da sua universidade e fica viciado no jeito e cheiro do outro. ou Onde Han jisung aceita ajuda de um sênior da uni e, após algum tempo, encontra conforto no mesmo.