Chocolate com Cereja - Willy Wonka

Capítulo 5 (Atualizado)

🍫🍒

Como havia sido dito pelo Wonka, o sabor é fantástico de verdade.

O delicioso chocolate desmancha sem maiores dificuldades assim que as pontas dos dedos de Willy já não estão mais roçando de leve os meus lábios, e sua mão volta para onde deve estar. Ele não parece nem um pouco constrangido enquanto aguarda a minha avaliação final e nem deveria estar mesmo. Sou eu quem tenho pensamentos diferentes girando em minha mente.

Por mais que seja crocante na primeira mordida, sim, o chocolate é perfeitamente capaz de desmanchar quando comido e saboreado. Me concentro nos diferentes toques que vão surgindo e se completando em minha boca: marshmallow, caramelo levemente salgado e, por ironia, cereja.

— Terminei de comer e os meus pés continuam firmes no chão — comento para descontrair. Também limpo o canto da boca sem necessidade alguma, provavelmente para desviar um pouco da tensão de ainda estarmos tão próximos.

Willy arqueia uma sobrancelha para mim.

— Não costumo quebrar os meus juramentos — ele observa.

— Estou brincando com você, lindinho. — Tomo a liberdade de bagunçar ainda mais o cabelo dele por um momento de uma forma carinhosa e um pouquinho impulsiva.

Ele desperta esse meu lado, e tudo o que faço depois é voltar para o meu assento de antes.

— Continuo curioso para saber a sua opinião. — Wonka gira o corpo para me olhar outra vez.

— Você venceu de novo. É o melhor chocolate que já provei. — Reviro os olhos e esboço um sorriso. — Mas agora eu tenho outro problema. Nem pensar em comê-lo sem parar. Preciso manter minha forma para continuar no emprego atual.

Como se eu tivesse dito o maior dos absurdos, o brilho no rosto dele diminuiu drasticamente, o que me deixou meio perdida.

— Então, esse é mais um molde que existe em sua vida — afirma ele. Não foi um questionamento. Ele realmente estava confirmando e refletindo sobre o que eu havia acabado de dizer.

Uma resposta enorme surgiu na minha cabeça, mas não disse nada. Outra coisa que eu sabia era sobre os casos de pessoas que ganharam bastante peso muito rapidamente depois de tanto chocolate vindo dessa loja.

— Pois é. A vida é assim. Eu também sou vendedora e trabalho em uma loja de roupas muito estimada. Não é só pelo meu pai que me preocupo em viver de aparência — faço um pequeno desabafo.

Espero para receber mais uma resposta na ponta da língua a respeito do meu drama, porém nada acontece. Acho que até ele tem seus limites às vezes.

— Problemas com o pai... — Willy diz mais para si mesmo do que para mim, coçando o canto de sua testa. — Você terá um retorno a respeito do seu cabelo. E, bem... Se vamos ficar por aqui esta noite, volto a oferecer minhas histórias para passar o tempo.

Assim como ele repete essa sugestão, eu também aceito uma segunda vez e na mesma hora. Por conta de detalhes peculiares, parecemos ainda mais próximos, trancados nesse ponto da cidade e longe do frio lá fora. Dava a sensação de ter acontecido muita coisa em tão pouco tempo, e acabo ficando naturalmente ainda mais curiosa a respeito de suas prováveis aventuras. Até porque, nenhum de nós dois parecia disposto a dormir em algum canto desta loja.

Nas horas seguintes — onde acabamos nos sentando no chão ao invés das banquetas do bar —, fico ouvindo atentamente como Willy Wonka chegou aqui apenas com sua maleta e pouca roupa, arriscando-se ao dormir em um banco qualquer até ter onde ficar. Pensei que essa parte fosse ser boa, mas Willy parecia desconfortável, como se dormir na rua pudesse ter sido uma escolha melhor.