Capítulo 11

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🍫🍒


Subo a única escada da casa, e Willy vem logo atrás de mim, trazendo a maleta consigo. A primeira porta que se vê nos últimos degraus é a do banheiro. Passando pelo pequeno corredor, chegamos ao meu quarto. Deixei a porta aberta quando saí de casa, então era só entrar.

Gosto de uma iluminação um pouco mais baixa às vezes e optei por isso agora também, acendendo os dois abajures na mobília perto da minha cama de casal. A janela — que fica do lado esquerdo quando durmo —, deixa uma parte da iluminação exterior se espalhar pelo chão de madeira, impedindo que fique escuro demais.

Perto da cama, dou uma olhada em Willy. Ele não consegue evitar de analisar cada novo espaço em que chega, segurando a alça da maleta com as duas mãos e de modo que ela fique na frente de suas pernas.

— Muito escuro pra você? — pergunto, interrompendo seus pensamentos.

— Consigo te ver perfeitamente — garante ele. Não faço ideia do que se passou na cabeça dele, mas alguma coisa o deixou com vergonha. — Também vai ver a sua surpresa. Onde posso colocar?

Willy aponta para a maleta com o indicador esquerdo ao falar dela.

— Pode deixá-la aqui em cima. — É a minha vez de indicar a penteadeira do quarto.

Como quase todas as outras, tem algum espaço para o que ele pretende fazer. Preciso apenas afastar três frascos de perfume para um lado, e uma escova de cabelo e minha maquiagem para o outro, além da cadeira pequena. A madeira é branca e o espelho me serve bem.

Por conta do espaço meio limitado, a maleta não é totalmente aberta, porém é o suficiente para ganhar iluminação e ser preparada. Olhando depressa naquela penteadeira, até parecia uma casinha de bonecas, com as luzes e os traços delicados do móvel em volta.

Eu sei que Willy está tenso por ficar no meu quarto. O canto mais particular de uma garota, e estamos sozinhos. Sendo como ele é, vai fazer de tudo para desviar seu constrangimento para algo que seja familiar e que domina.

— Estou ansiosa para ver — falo, colocando a mão no ombro esquerdo dele e assistindo de perto enquanto ele trabalha.

Willy me fita rapidamente, mostrando que gostou da minha aproximação com um sorriso tímido. Eu retribuo e fico olhando um pouco mais o que acontece, um líquido rosa sendo usado com frequência na mistura. O cheiro é muito bom, como sempre.

Repassando mentalmente o jeito que o corpo dele reagiu quando cheguei perto, acabo me afastando para dar o tempo que ele precisa para terminar e vejo a minha imagem refletida no meu outro espelho, o de chão. Ao mesmo tempo, é possível ver Willy de costas através dali.

Não falei da boca para fora sobre estar ansiosa com a surpresa, mas essa tal ansiedade se mistura com o meu desejo por ele, transformando tudo em um início de calor. Começo a desabotoar o meu sobretudo, prestando atenção no que os meus dedos fazem ao invés de olhar para o espelho. Quando volto a fitar o reflexo, flagro Willy me admirando por cima do próprio ombro. Adorei essa primeira surpresa, e é claro que ele não consegue sustentar o olhar em mim, virando o rosto. Claro que também estou sorrindo por isso. Passo a mão pelo meu vestido preto que mal alcança os joelhos e deixo o espelho de lado.

— Você está linda assim também — ele luta contra o nervosismo para me confessar. Meu coração se agita e me falta tempo para reagir, porque Willy mostra um bombom redondo entre o polegar e o indicador. — E o seu presente ficou pronto.

Pego o bombom como ele fez e o cheiro gostoso de chocolate fica mais evidente. Não é chocolate branco, ainda bem. Gosto mais do escuro.

— Chocolate amargo? — tento adivinhar antes de experimentar.

Chocolate com Cereja - Willy WonkaOnde histórias criam vida. Descubra agora