Chocolate com Cereja - Willy Wonka

Capítulo 38

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Joseph deixou claro que aquele homem é o pai dele e, mesmo que não tivesse dito nada, eu teria ficado espantada com o quanto eles são parecidos. O cabelo liso e escuro, o mesmo formato do maxilar e do nariz, com exceção da diferença entre idades e Joseph com a barba por fazer por puro desleixo recentemente.

— Ah, claro. Não sei por que estou surpreso com ele aqui. Com certeza veio colocar um fim nesse pequeno imprevisto — o maldito se gaba sozinho e lança um olhar soberbo ao policial que havia anunciado sua prisão.

Fito o rosto de Willy por reflexo e depois volto a prestar atenção no que acontece. Joseph não pode estar certo. Não é possível que os problemas dele sumirão tão facilmente depois de tudo o que aconteceu conosco. Será que não existe o mínimo de justiça?

Meu pai, Tiffany e Arthur também saem do carro, mas os únicos que se aproximam são os nossos respectivos pais. Richard me analisa com uma pontada de pena antes de chegar ainda mais perto e me abraçar por um breve momento.

— Vim o mais rápido que pude. Vocês estão bem? — Ele ajeita o óculos no rosto, e reparo como seus olhos se arregalaram um pouquinho por conta do estado de Willy e Noodle. De qualquer forma, estou grata por ele ter se preocupado em dizer "vocês" e não apenas "você".

— Já estivemos mais limpos, mas estamos bem. Obrigado por perguntar — Willy responde prontamente e Noodle concorda.

Há tanto a ser dito, mas falta tempo agora. Dá para notar pelas expressões que Wonka está surpreso com a gentileza enquanto que o meu pai fica honestamente aliviado por vê-lo vivo.

— E eu? Também não ganho um abraço do meu próprio pai? — Joseph abre os braços, mas o alvo de seu afeto duvidoso apenas ergue a mão para que ele pare.

— Nos poupe de mais uma cena. Estou sabendo de quase tudo que andou fazendo nesses últimos tempos — o pai dele rebate com a cara bem séria.

— Ora, mas isso é um pouco óbvio. É por isso que veio — responde Joseph.

— Com licença... O senhor é o pai dele? — O policial entra na conversa de forma educada.

— Duncan. Sim, por enquanto. — Eles se cumprimentam rapidamente, e Joseph reage muito mal ao que ouviu.

Noodle comprime os lábios para não rir e Willy afaga o ombro dela. Quanto a mim, deveria ter puxado da memória esse nome. Duncan. Meu pai o mencionou quando conversamos em sua casa, dizendo que o procuraria para tomar providências a respeito disso tudo.

— Bom... — O guarda pigarreia e entrega o livro de provas ao Duncan. — Seu filho está sendo preso por corrupção. Temos todas as provas aqui.

Duncan abre o livro com desgosto, mas sua inspeção não dura quase nada. Ele já sabe bem o que esperar.

— Vamos dar o fora daqui, então. Passamos na delegacia, pagamos a fiança e fim de assunto. — Joseph passa a mão nos cabelos com impaciência.

— Você tem dinheiro para a fiança? Eu não vou pagar um soberano sequer — Duncan responde com tranquilidade e certa frieza ao devolver o livro para o guarda.

Engulo em seco assistindo a cena. Isso parece um sonho. Estou quase pedindo para que alguém me belisque.

— O quê...? — O rosto de Joseph fica vermelho e ele pisca para assimilar o que está acontecendo. — Está de brincadeira, né?

— O único que esteve de brincadeira todo esse tempo foi você. No começo, admito que eu não dava a devida importância aos problemas que você causava, mas foi um erro terrível. Tentei consertar tarde demais.