Capítulo 34

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🍫🍒


— Esse monte de palha está me causando coceiras — Noodle se queixa o mais baixinho possível enquanto continuamos escondidos.

Pobrezinha. Compreendo perfeitamente o que ela diz, mas não temos opção agora.

— Shhh... — Wonka pede por silêncio, mas continua falando. — Em mim também. Deve faltar pouco. Ábaco nos dará o sinal em alto e bom som.

Decido aguardar em silêncio, e é engraçado porque não conseguimos ver uns aos outros direito nessa situação.

Atenta aos ruídos e vozes do lado de fora, me pergunto onde exatamente a Tiffany se meteu, mas meu questionamento secreto é praticamente respondido assim que Ábaco para o carro e diz lá do assento do motorista:

— O senhor é o religioso que ligou sobre uma girafa?

A pergunta soou mais como uma afirmação, na verdade, e já era hora de sairmos daqui.

Sem que o padre faça a menor ideia de que estamos na caixa, começamos a ser devidamente transportados para dentro da igreja. Da mísera visão que consegui ter entre os espaços da madeira, parece que interrompemos o velório de alguém. Como se já não estivesse aleatório o suficiente, escuto Tiffany tentando distrair algumas pessoas e o padre também.

A enorme tampa da caixa é aberta, causando um barulho quando atinge o piso da igreja. Ábaco nos avisa que podemos sair, e eu, Noodle e Willy fazemos isso em uma velocidade admirável. Ainda nos guiando, ele se dirige ao espaço do confessionário enquanto permanecemos atentos. Piper tem uma expressão mais ansiosa do que a de Larry, e eu ficaria mais admirada com a beleza que há ao redor se não fosse a pressa da situação. Não consigo me lembrar com exatidão da última vez que estive aqui.

Um elevador — que não deveria ser um elevador, mas apenas um confessionário normal — é ativado por Ábaco bem ao lado, e ele faz um sinal com a mão para que a gente se apresse em ir por cima dele, não pela parte de dentro, pois o andar de baixo é vigiado. Willy deixa uma pequena lembrancinha como isca e ajuda a Noodle antes de me ajudar, e lanço a ele um olhar de gratidão assim que ele se une a nós duas. Admito que estou começando a ficar um pouquinho nervosa, mas tê-los comigo é o que preciso para pensar positivo.

Eu com certeza não me recordo do nome da mulher que é responsável por tomar conta dessa área secreta, embora ela tenha caído direitinho no truque que Willy e Noodle tramaram. Os efeitos do chocolate do Wonka são incríveis, e eu estava começando a achar graça na dança estranha que a moça estava fazendo até ela tirar um telefone do gancho, se identificar como Gwennie em uma conversa um tanto quanto melodramática e acabar desmaiando como o trunfo final do bombom que comeu.

Novamente, Willy nos ajuda a descer do espaço onde estamos. Girando seu bastão na mão direita de forma impressionante, ele dá passos confiantes na direção da parede onde fica um enorme cofre forte, pega a chave de tamanho nada discreto que também está bem ali ao lado e o destranca. Juntos conseguimos abri-lo rapidamente e finalmente temos acesso ao local que tanto queríamos.

— Isso foi bem legal. — Noodle sorri. Está admirada com o tamanho da entrada e toda essa coisa de sala secreta.

— Seu plano é genial, Willy — digo a ele.

— Aham. Está funcionando, não está? Agora vamos. Temos praticamente uma caça ao tesouro pela frente — Wonka pede enquanto nos apressamos em atravessar a entrada do cofre.

Logo de cara ele improvisa um cabideiro com o próprio bastão, deixando-o perfeitamente parado e de pé em um canto para pendurar seu casaco e cartola nele. Noodle e eu não perdemos tempo, e fomos revirando desde os cantos mais óbvios até os mais improváveis que a nossa imaginação poderia alcançar, mas sem maiores resultados.

Chocolate com Cereja - Willy WonkaOnde histórias criam vida. Descubra agora