Capítulo 1

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— Deus. Eu estou congelando — resmungo sozinha e esfrego as mãos rapidamente mesmo estando com luvas. — Eu espero te encontrar, Willy Wonka, porque isso é culpa sua.

Continuo dando passos raivosos em direção à loja que havia sido inaugurada uns poucos dias atrás por esse tal chocolateiro que chegou na cidade. Estou me encolhendo em um abraço solitário para tentar me aquecer enquanto tímidos flocos de neve dançam ao meu redor no meio da noite — um pouco tarde da noite, tenho que lembrar.

Eu sei que não parece a melhor das ideias, mas é uma questão de emergência. Fiz tentativas de falar com o Wonka enquanto a loja estava aberta durante o dia e parecia impossível. O homem simplesmente desaparecia ou algum funcionário competente de um jeito irritante jurava que iria resolver o meu problema, o que também não aconteceu.

Então, é isso. Estou tomando medidas desesperadas. Preciso falar com esse cara, seja por bem ou por mal.

Minha esperança vai crescendo quando vejo que parece realmente haver alguém dentro da loja. Tem luzes acesas, e são discretas o bastante para que as coisas continuem calmas como estão.

Dou uma corridinha estranha por causa do frio e paro bem perto da entrada. É um lugar chamativo quando está a todo vapor.

Não estou aqui para ficar elogiando. Tenho que resolver o meu problema.

Após essa lembrança revoltada, bato algumas vezes na porta.

Silêncio.

Suspiro com raiva e repito as batidas, um pouco mais forte dessa vez.

— Perdão? Não sei se reparou ou se deu conta do horário, mas estamos fechados — a voz lá de dentro me responde.

— É uma emergência — respondo bem alto.

— Que tipo de emergência?

— Bom, a primeira é que vou acabar virando um picolé aqui fora. Assim você vai poder me vender na sua loja, quem sabe?

O que eu acabei de dizer?

— Se você for capaz de ficar sem derreter mesmo sendo exposta ao calor... Eu ainda estou pensando a respeito — a voz diz sem qualquer sinal de hesitação.

— Mas o quê... Por favor. Eu só quero ajeitar as coisas e irei embora. — Bato um pé de cada vez no chão que nem uma criança e esmurro a porta novamente.

Atiçar a curiosidade dele deve ser uma tarefa difícil. Ele não parece fazer muita questão de verificar do que se trata.

Felizmente, depois de bastante insistência minha, a barreira entre a voz e eu é desfeita, e posso parar de fazer barulho, mantendo meu punho no ar quando vejo um rosto sério me encarando.

Chocolate com Cereja - Willy WonkaOnde histórias criam vida. Descubra agora