Capítulo 18

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— Então, você estava aí o tempo todo, espertinho? — Willy questiona o Oompa-Loompa, praticamente tirando as palavras da minha boca.

Nosso amigo alaranjado quase revira os olhos após ter sido acusado.

— O suficiente para compreender algumas coisas, e espertinho é quem fica sem abrir a loja e pensa que não receberei o meu pagamento — o Oompa-Loompa até usa o indicador para retrucar.

— Ei, calma aí. Você sabe das minhas condições desde o começo. — Willy arqueia uma sobrancelha. Ele não está levando tão a sério. Não chega nem perto de estar irritado agora.

— Vamos, rapazes. Deixem isso pra lá. Imprevistos acontecem — eu me coloco entre eles usando somente palavras.

Sim, estou cansada de ter que lidar com coisas horríveis que acontecem repentinamente, principalmente depois de estar à vontade com todos com quem tanto me importo, mas assim como Willy, não significa que eu esteja sem paciência agora também.

Por ter chorado tanto, meu nariz faz um som que denuncia esse detalhe de forma ainda mais evidente. O que eu não estava esperando era ver o Oompa-Loompa mudando de postura, parecendo se sensibilizar com o meu estado.

— Perdoe-me os modos, senhorita. Não nos vemos há algum tempo. Quando te encontro novamente, parece tão triste... — ele fala para mim enquanto desce da cereja onde havia subido e se aproxima um pouco.

Olho para Willy uma vez antes de responder:

— Depois que passamos pela porta para sair dessa loja tudo parece ruim demais. As pessoas... — deixo a frase morrer, praticamente me contendo. Até explicar é incômodo; faz com que os meus olhos voltem a ficar marejados.

Willy toca o lado direito do meu rosto com carinho. Isso me tranquiliza por um momento. Gosto de sentir o modo como ele se preocupa de todas as formas.

O Oompa-Loompa dá um suspiro de decepção e balança a cabeça em negação algumas vezes. Pensei que fosse em relação a mim, ao meu momento de fraqueza e de lamentação. Estava secretamente preparada para receber o mesmo tipo de resposta que Willy costuma receber dele, porém o homenzinho volta a se aproximar, pedindo permissão com o olhar para segurar minha mão, e eu assinto.

— Alguém fez a senhorita chorar, e esse alguém vai se arrepender. É uma promessa — diz ele seriamente. Mais sério do que eu poderia esperar.

Tentar imaginar o que ele poderia ser capaz de fazer contra qualquer um dos nossos inimigos declarados espanta uma partezinha do meu pessimismo. Estou grata por ele se importar tanto, e Willy não ousa ir contra seu veredito.

Há muitas pessoas contra nós desde o início, essa é a verdade, mas todos aqueles que não estão e zelam pelo nosso bem estão fazendo todo o possível para manter um certo ponto de esperança.



"Vamos para casa", eu acabei por dizer ao Willy assim que forcei a mim mesma a aceitar que havia chegado a hora daquele espaço mágico e doce ficar para trás.

De fato, a noite finalmente chegou depois de um dia cansativo e incrivelmente longo. Se alguém me dissesse que seria assim antes de ter acontecido, acho que eu não acreditaria tanto. Estava tudo muito bem dias antes. Parecia outra realidade. Acreditava que meus próximos passos seriam dividir o tempo que me restava entre um trabalho e outro, e fazer uma visita em uma loja que estava à venda na cidade, mas nada disso saiu como esperávamos.

Chocolate com Cereja - Willy WonkaOnde histórias criam vida. Descubra agora