Chapter 005

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Ela está encolhida como uma bolinha, coitadinha, deve estar com muito frio...

Leite,chocolate, açúcar, canela e creme de leite na panela, agora é só esperar ficar pronto, enquanto isso eu pego alguns biscoitos na dispensa e os coloco num prato, enquanto o chocolate quente não ferve eu fico olhando para a loira que está deitada no sofá, o que ela tem que me atrai tanto? Os cabelos? Os olhos castanhos/esverdeados? A pele perfeita?

O que você têm, Mackenzie?

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Eu abro os olhos e finjo um bocejo.

Será que foi no mínimo convencente?

—Boa tarde! —Ele diz apoiado no balcão da cozinha.

—Boa t- —Antes que eu complete minha frase o liquído da panela levanta vervura e se derrama sobre o fogão.

—Droga! —Ele desliga o fogo rápidamente arrancando uma risada de mim por conta do susto. —Tenho uma notícia boa e uma ruim, qual você quer primeiro? —Ele indaga.

—A boa... —Respondo.

—Fiz chocolate quente! —Ele diz num tom intusiasmado que arranca mais uma breve risada de mim.

—E a ruim...?

—Derramou no fogão todo. —O tom da voz dele desanima.

—Quer ajuda para limpar? —Indago.

—Não precisa. Fica quietinha ai.

—Tem certeza?

—Tenho, eu já levo o seu café da tarde.

—Não me sinto bem sabendo que você faz tudo pra mim e eu fico aqui sem fazer nada. —Eu me levanto, me enrolo na coberta, e me sento em um dos bancos do balcão.

—Fiquei sabendo que seu aniversário está chegando, que tal chamarmos sua mãe? —Ele muda de assunto.

—Não precisa, tô bem sem ela. —Digo observando ele encher uma xícara.

—Então...seu pai?

—Não. —Eu fico meio desconfortável e ele empurra a xícara lentamente em minha direção

—Então vai passar seu aniversário com quem? —Ele pergunta enquanto vai em direção ao armário e pega uma xícara.

—Se não quiser passar comigo, eu passo sozinha, não tem problema. —Ele volta com uma xícara em mãos.

—Eu não sou louco de te deixar sozinha porque primeiramente: Ninguém deveria passar o aniversário sozinho, e segundo: Eu não posso deixar uma menor de idade de minha responsabilidade sozinha em casa.

—Ok "senhor responsabilidade". —Ele ri.

—"Senhor responsabilidade"?

—É, você provavelmente é o tipo de cara que segue todas as regras, cumpre com todas as responsabilidades e essas coisas.

—Não sou 100% assim.

—Não. —Digo em tom de deboche e continuo. —Só 95.5% das vezes?

—90. —Ele me corrige. —Mas em minha defesa, tenho uma alma...jovem para a minha idade.

—Sério? —Ele afirma com a cabeça. —Você deve ter uns 200 anos. Com todo respeito, não tenho nada contra caras mais velhos. —Eu beberico meu chocolate quente olhando para ele

Talvez tenha até algo a favor...

—Falou a que nasceu ontem. —Ele arqueia as sobrancelhas e eu sorrio.

—Se formos comparar a minha idade com a sua eu seria...um feto.

—E qual é a minha idade? —Indaga o moreno.

Agora ele me pegou de surpresa.

—Agora falando sério...eu chuto uns...29 ou 30.

—38. —Eu arregalo os olhos surpresa.

Pelo visto não é só a alma de jovem...

—Até que tá conservado pra quem está quase na casa dos 40. —A boca dele se abre em um "o" tipo: "Como ela ousa a dizer isso da minha pessoa?!", mas eu sei que é em tom de brincadeira. —O que foi, "quarentão"? Só estou surpresa em saber que você é um jovem senhor conservado...

—Um jovem senhor? —Ele sorri e eu assinto.

—Sim, de agora em diante vou te chamar de Seu Arthur.

Tenho que confessar que gosto das brincadeiras, Arthur é legal, engraçado e tem um senso de humor legal.

Mas não se enganem, com o tempo os problemas vêm, mas não pense que é algum problema com o Arthur, até porquê ele faz de tudo para não arranjar problemas e discussões. Meus problemas começaram no colégio, pelo simples fato de que eu tenho o cabelo diferente. Qual é o problema do povo daqui?! Eu entendo que nunca vou entender o que uma pessoa que tem cabelo crespo passa, mas não posso negar que pra mim foi desconfortável ver pessoas falando da textura e volume do meu cabelo simplesmente por ele não ser liso.

—Sua mãe ligou. —Diz Arthur sem tirar os olhos do celular enquanto eu entro em casa.

—Bom pra ela. —Eu piso fundo até meu quarto e me jogo na minha cama.

Minha vontade é de chorar mas não posso, não posso deixar que o Arthur me veja vulnerável, e falando nele posso ouvir os passos pelo corredor, se aproximando da porta, batendo na mesma, e... Abrindo.

—O que aconteceu? —Ele indaga se escorando no batente da porta.

—Nada.

—Você sempre chega falante, contando casos pra tudo e pra todos e agora vocês tá emburrada. —Ele se senta na beira da cama. —Falaram do seu cabelo, não foi? —Eu assinto com a cabeça sem olhar nos olhos dele.

—Achei que não ia perceber...

—Você molhou o cabelo pra diminuir o volume dele, não foi? -Eu assinto novamente. —Amanhã eu vou até a escola e vou conversar com algum responsável. —Dou um sorriso de canto forçado.

-Eu posso alisar o meu cabelo?

-É claro que pode, o cabelo é seu, mas vai danificar muito esse cabelo tão bonito...Podemos pensar em alguma finalização que diminuir o volume dele, o que acha?

—Pode ser...

—Prefere ir pra sala ou ficar aqui?

—Vamos pra sala. —Eu escolho e então vamos até a saída e nos sentamos no sofá.

A tarde toda foi dedicada ao meu cabelo, eu lavei ele, eu e o Arthur procuramos alguma finalização diferente e tentamos reproduzir. Ele tentou finalizar meu cabelo e por incrível que pareça, ficou melhor do que eu esperava! Parece que ele tem talento pra isso...

—Tá linda. —Ele diz olhando pra mim com um sorriso.

Ass: Arthur CorradiOnde histórias criam vida. Descubra agora