Chapter 010

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-Um pouco...Não que eu ache que você não tem capacidade de preparar um café da manhã, é que eu não tenho experiência com homens tão cuidadosos assim como você... Obrigada. -Ela arranca um sorriso de mim.

-Por nada. -Eu me sento vendo ela pôr um pouco de café na xícara transparente e bebericar.

-Tô chocada! Achei que Americanos não soubessem fazer café.

-Sou especialista em café, loirinha.

-Ai, desculpa "senhor especialista" -Ela diz em tom de deboche. -Como uma boa mineira tenho que apreciar bem os cafés e pães de queijo que eu ingiro. -Ela dá um sorriso debochado ao falar com essas palavras bonitas e pegar um pão de queijo.

-Como tá o meu pão de queijo?

-Foi você quem fez? -Ela pegunta.

-Não. Eu comprei numa loja brasileira aqui perto. -Ela morde um pedaço do pão de queijo.

-O pior é que tá bom. -Ela sorri sem mostrar os dentes.

-Que bom que a vossa senhoria gostou. Mais alguma coisa, madame? -Pergunto e ela ri da minha formalidade.

-Não, obrigada.

-Por nada. -Sorrio passando Nutella num pedaço de pão. -Animada pra ver a mamãe? -Pergunto.

-Não. E não fala sobre a minha mãe e muito menos fale como se eu fosse uma criança.

-Ui, desculpa neném.

-Eu não sou neném.

-17 anos é neném sim.

-Não sou!

-Não precisa negar

-Vai à mer...

-Olha bem o que vai dizer, mocinha. -Eu arqueio uma sobrancelha e ela fica com uma cara emburrada. -Bom, como faltam só três dias para você viajar, eu acho que é bom você ir fazer algumas compras, o que acha?

-Tanto faz. -Ela diz e morde mais um pedaço do pão de queijo.

-Vai ficar emburrada agora, Kenzie?

-Mackenzie. -Ela me corrige.

-Fala sério, nós nos zoamos, brincamos um com o outro, comemos brigadeiro às duas da manhã, eu te levo pra escola todos os dias, covivo com você e não posso te chamar de Kenzie só porque eu falei da sua mãe?

-Podia antes de me irritar!

-Para de birra, Mackenzie. -Eu mantenho a calma.

-Eu tô fazendo birra?! Você fala da minha mãe sabendo que eu não gosto, você vê que eu não tô gostando, mesmo assim continua e a errada sou eu?! Eu acho que a criança aqui não sou eu. -Ela se levanta e caminha até o corredor me deixando sozinho.

~~~

Sinceramente, que motivo besta para uma discussão. Mas eu não vou baixar a guarda, não vou dar o braço à torcer por causa de um adulto que não sabe limitar as própria brincadeiras!

Eu vou até meu quarto, pego meu celular, lápis, algumas folhas e coloco tudo numa mochila. Eu atravesso o corredor com a mochila pendurada em um só ombro e depois passo pela sala recebendo um olhar confuso do moreno que ainda está na cozinha.

-Vai aonde?

-Pro lado de fora da casa. -Digo como se não fosse óbvio e sigo até o lado de fora.

Andei muito, muito, muito até chegar numa praça, a mesma tem um parquinho espaçoso, mães, pais, filhos, e animais brincam ali, passarinhos, cachorros e alguns gatos que aparentam ser de rua, mas o que me chamou a atenção foi uma familia em específico. Uma mulher de pele negra com cabelos crespos e volumosos, a mesma que está jogada sobre um de seus ombros. Um cara alto,de pele clara, cabelos escuros e cacheados que aparentam não serem cortados a algum tempo, posso dizer o mesmo da barba mal aparada, ele brinca feliz com uma garotinha, provavelmente é sua filha, presumo pelo fato da garota ser a mistura dos dois adultos e ao memo tempo conseguir ser a cópia perfeita do homem. Presumo que a garotinha tenha por volta de seis anos, sua pele é branca como a do suposto pai, seus cabelos são undulados com as pontas cacheadas, seus dentinhos da frente são separados, o que na minha opinião a deixa mais fofa, ela usa uma blusinha verde e uma calça jeans que não parece deixá-la desconfortável, a mesma que já está sujos de tanto brincar, o pai corre atrás da garota enquanto a mãe está morrendo se rir juntamente com a menina, os olhos dela brilham como eu queria que os meus tivessem brilhado um dia.

Eu me sento num banco e tiro de minha mochila minha caneta e uma folha, eu devia ter trago algo para apoiá-la, mas na hora do estresse eu nem pensei nisso. Apoio a folha no banco mesmo e começo a escrever, tenho uma grande inspiração mais perto do que nunca! A energia da garotinha parece não acabar, ela corre de um lado para o outro sem nem sequer ficar ofegante, sua energia só dá sinais de que está acabando quando a menina cai, ela rala o cotovelo e desaba a chorar, a mãe da garotinha a pega no colo com muito cuidado, tira o excesso de areia do machucado da garotinha e tenta acalmá-la, já o pai parece estar paralizado desde que a garota caiu, a pequena abraça o pescoço da mãe como se aquele fosse o último abraço enquanto seu choro exalava dor, a garota tremia no colo da mãe pelo susto que acabara de levar enquanto o pai finalmente se aproxima e por trás da mulher tenta acalmar a garotinha de cebelos e olhos escuros.

Antes de ir embora no colo da mãe, a garotinha olha o abiente, as pessoas, seu olhar por um segundo se cruza com o meu, eu sorrio de canto e a garota manda um "tchauzinho" com a mão e apoia a cabeça no ombro da mãe que se afasta cada vez mais da praça. Eu continuo escrevendo, estou tão concentrada e entretida que mal vejo as pessoas passarem, não ouço cachorros latirem ou crianças brincarem, nesse momento eu só sinto, sinto meu lápis entre meus dedos, o mesmo que escreve quase involuntariamente tudo o que eu penso e sinto agora, sinto a vontade de me expressar cada vez mais e mais, sinto o quão satisfatório é respirar um ar puro e fresco que não é o da casa de Arthur, sinto falta, falta de alguém que me faça companhia, sinto falta de algo que nunca tive, alguém que corresse atrás de mim e que ao conseguisse me alcansar me fizesse rir, sinto falta do meu suposto pai. E por último sinto...Meu celular vibrar?

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Beijos!

Ass: Madd Cavell🌺

Ass: Arthur CorradiOnde histórias criam vida. Descubra agora