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Ela pôs minha mão sobre seus cabelos e como se fosse automático meus dedos passeam sobre seus fios, suas palpebras parecem cada vez mais pesadas, seu corpo relaxa cada vez mais e por fim o sono a toma de vez. Eu retiro minha mão cuidadosamente da cabeça dela, a mesma se mexe um pouco mas não acorda.
Vou para a sala e me jogo no sofá, enquanto penso no nada meu celular toca. Penso muito bem em atender ou não.
-Eu não posso mais continuar nessa vida, mano, minha mãe veio com um papo de eu ceder minha casa para uma intercambista e eu não posso passar uma má impressão para essa pessoa que vai passar a morar na minha casa, e nem posso decepcionar minha mãe continuando nessa vida!
-Fala sério! Você vai parar de fazer o que você gosta por causa de uma pessoa que você nem conhece?
-É o que eu gosto, não necessáriamente é o que é certo, e é pela minha mãe, desculpa. -Eu entrego os pinos que estavam em minha mão à ele e sigo em direção à entrada do beco.
Não posso atender, é pela Mackenzie...
Não posso atender...
Não vou atender...Mas eu preciso, eu sinto falta...
-Alô...
-E aí, cara?! A galera tá aqui, você vem?
-Eu não posso, você já sabe o motivo. -Eu tento resistir.
-Vai ser rapidinho, relaxa. Ela nem vai sentir sua falta.
-Então se for rápido... eu vou. -Eu me despesso e desligo a ligação.
Eu vou até meu quarto, visto uma roupa "melhorzinha" e saio de casa apenas com a chave, eu sigo a pé até o beco, o qual eu não visito desde pouco antes da Mackenzie chegar, e falando nela, espero que ela não sinta muito a minha falta, vai ser ser rápido, é só um pouco de maconha e contação de caso.
Quando eu chego, vou até o fim do beco, numa casa ao lado de uma enorme escada que dá pra a saída, sei que ali tem drogas, bebidas, mulheres e tudo que é ilícito.
Eu entro e cumprimento as pessoas, um pouco incomodado pelo cheiro da maconha que paira pelo ar, quando me dou por conta, na minha mão já tem um baseado e uma cerveja.
Diversão.
Drogas.
Bebidas.
Mulheres.
Brigas.
Sexo e... Mackenzie me dando lição de moral?
São as únicas coisas que eu lembro, não com muita clareza mas me lembro bem da gritaria de ontem. São 8:50 da manhã e... Merda! Eu tenho que levar a Mackenzie pra escola!
Eu me levanto num pulo, troco de roupa correndo mas quando chego na sala, a mochila não está no sofá, a porta do quarto está fechada, seus chinelos ficaram no tapete. Ela foi sem mim. Eu sou um idiota! -Penso antes de me assustar com a vibração do meu próprio celular.
-Quem será à essa hora? -Pergunto a mim mesmo e atendo. -Alô?
-Oi, com quem eu falo? -Uma voz feminina indaga.
-Quem é?
-Sou Celia, diretora da Richmond Academy, e queria discutir sobre a... Mackenzie Gherard...
-Pode falar.
-O senhor tem disponibilidade para vir até o colégio? Seria melhor.
-Chego em 10 minutos. -Eu desligo sem nem mesmo me despedir.
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-Eu odeio! Odeio! Odeio ele! Ah! -A pequena garotinha grita antes de derrubar um vaso pequeno de gesso no chão.
-Vem cá Kenzie, vamos conversar. -A mulher de cabelos castanhos e presos se abaixa na altura da pequena garotinha. -Foi seu pai de novo? -A loirinha sente assente com os olhos cheios de lágrimas e um biquinho de choro.
Não se contentando, a garotinha abraça a mais velha, que retribui o abraço sentindo a dor explícita da pequena, seu peito se contraia a cada soluço de choro, seu abraço aperta a mulher cada vez mais, indicando que ali a pequena loirinha havia encontrado um alicerce.
-Por que todo mundo tem um pai bom menos eu, tia?
-Porque nenhum homem merece essa garota de ouro que é você, Kenzie, mas não se culpe, você não escolheu isso pra sua vida, minha princesinha.
-O Vini falou do meu pai e eu bati nele... -A pequena diz num tom de culpa.
-Está tudo bem, ele vai ficar bem, você só descontou sua raiva no lugar errado, princesa, mas você ainda é muito pequena pra entender sobre isso...
-Ele bebeu e chegou em casa com cheiro ruim, a mamãe não gostou, nem eu, ele me assustou e quase me bateu. -Diz a menina ainda soluçando.
Isso foi o que eu senti de novo ao chegar na diretoria, ódio, medo, raiva, tristeza, angústia. Memorias ruins, momentos ruins.
Arthur me olha com culpa ao me ver sentar na cadeira.
-Bom, senhor...
-Arthur. -Ele completa a frase da mulher.
-Senhor Arthur, pelo visto sua filha...
-Não sou filha dele! -Retruco irritada e sinto a mão dele em meu antebraço como uma forma delicada e calma de repreensão.
-Continuando, ela quebrou o dente de um aluno com um soco, eu queria discutir sobre isso. -Arthur com os olhos arregalados de surpresa enclina a cabeça em minha direção mas volta o olhar para a mulher à nossa frente
-Quanto eu tenho que pagar pelo dente do garoto? -Indaga o homem.
-Não será necessário pagar, os pais do garoto vão arcar com as consequências, mas pelo visto a Mackenzie só se defendeu, mas foi do jeito mais errado...
-Se defendeu de quê? Ele tentou te bater, Mackenzie?
-Não interessa. -Digo.
-Interessa sim! Fala, o que ele te fez?
-Eu não vou dar uma de "garotinha do papai" que não sabe se defender. Não interessa eu já resolvi.
-Resolveu tão bem que você tá estressada e o garoto com um dente quebrado. -Ele revira os olhos.
-Ele não fez nada, tá bom?!
-Então você sai por ai quebrando dentes de pessoas. -Eu respiro fundo. -Em casa a gente conversa.
-Não. -Sussurro.
-O senhor já levou ou pensou em levar ela num psicólogo?
-Posso pensar nisso e garanto que vou conversar com ela quando chegarmos em casa.
-Por favor, converse, e se precisar, pode dar umas batidinhas com uma correia, chinelo...
Minha maior vontade é dar uma surra nessa velha, só pra ela aprender a não incentivar.
-Vamos, Mackenzie. -Arthur me puxa com cuidado até a saída .
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Beijos!
Ass: Madd Cavell🌺
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Ass: Arthur Corradi
Roman d'amourMackenzie Gherard é uma garota de 17 anos que cresceu com uma família não tão estavel. Com o pai sendo usuário de drogas, a garota desencadeou traumas os quais a mesma sentia que não poderia amenizar. Mackenzie não imaginava que um ponto a mais no...