Chapter 008

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Ao chegar no carro, ele abre a porta para que eu entre e em seguida entra no banco do motorista, o único barulho que eu podia ouvir era o do motor, ou pelo menos até ele se pronunciar.

-Não precisa contar se não quiser...

-Prefiro assim. -Um silêncio desconfortável toma conta do ambiente.

-Desculpa. -Eu o olho. -Eu fui um merda com você, não fui?

-Foi.

-O que eu fiz depois de chegar em casa?

-Você queria que eu dormisse com você...eu não dormi com você, e seu cheiro estava péssimo.

-Desculpa. Eu não queria que você visse aquilo.

-Não sabia que você era usuário de drogas.

-Eu não sou, foi só por diversão.

-Geralmente é pra isso que as pessoas usam mesmo. E a partir do momento em que você usa constantemente, você se torna um usuário como a própria palavra diz...pelo menos na minha concepção... você usava antes?

-Sim. Só quando precisava relaxar.

-Então comece a achar outros métodos pra relaxar, agora você tem uma menor de idade na sua casa.

-Eu sei, me desculpa... -Ele pede mas eu prefiro ficar quieta, por mais que eu me sinta mal por não perdoar ele, sei que a ação dele me trouxe gatilhos estremamente fortes e que vão me atormentar muito.

-Eu vou parar, eu prometo.

O caminho foi silêncio depois disso, algumas gotas de chuva começaram a cair sobre a janela do carro, eu as via escorrer enquanto não conseguia pensar em nada, dentro de mim eu só queria ficar sozinha, eu preciso por meus sentimentos e pensamentos em ordem, preciso organizar tudo o que eu estou sentindo, como eu vou fazer isso? Boa pergunta, nem eu sei.

Ao chegarmos, saí do carro sem nem dar tempo do Arthur abrir a porta pra mim como ele sempre faz, eu fui para o meu quarto e lá fiquei o resto do dia, não saí por nada, todas as vezes que o Arthur batia na porta eu só ignorava, e não é por mal, eu só não tô nem um pouco a fim de conversar.

O tempo passou muito devegar, algumas horas parece que são anos! Agora são 01:47 da manhã, e eu não comi nada desde que cheguei da escola. Não vou esperar até amanhecer se não vou morrer de fome.

Eu vou até a cozinha pisando cuidadosamente pelo chão para a madeira não fazer tanto barulho, o que será que tem pra comer, hein?

A luz da geladeira se acende depois que eu abro uma das portas, mas me assusto ao ouvir algo pressionar a outra porta, me prendendo ali. Eu fecho meus olhos com força enquanto meu corpo treme de medo.

-Pai, tira daqui tudo que não provém de ti, amém. -Sussurro e abro meus olhos lentamente e ao olhar vejo uma mão enorme, a mesma tem veias que marcam dando a impressão de força, não sei se isso me tranquiliza ou me deixa mais nervosa. Eu fecho a porta e me viro devagar, pela minha altura a primeira coisa que vejo são os peitos dele, mas ao invés de olhar para seu rosto meus olhos só descem até chegar em seu abdômen.

Agora eu fiquei mais nervosa...

Com os dedos ele levanta meu queixo fazendo com que eu olhe diretamente para o rosto dele. Seus olhos cor-de-mel estão esverdeados, consigo ver pela luz que entra pela janela.

Ok, Kenzie, se faça de difícil...

-O que você tem? -Ele pergunta, mas em troca só recebe o silêncio e meu desvio de olhar.

Ele novamente levanta meu queixo para que eu olhe pra ele, mas dessa vez mantém a mão ali para que eu não volte a desviar o olhar.

-Dá pra parar de me ignorar, Mackenzie? -Eu não respondo. -Responde. -Ele diz num tom calmo mas eu não digo nada. -Ok, vamos trocar uma idéia nem que seja só de mim pra você. -Eu falei com a sua mãe hoje. Ela disse que você tinha crises de raiva quando seu pai chegava drogado e bêbado em casa. Sua mãe também me contou que aos três anos você bateu num garoto porquê seu pai chegou num estado deplorável em casa, e eu deduzo que por causa da minha atitude de moleque você ficou mal, não foi?

Uau... Como eu fico agora sabendo que ele pode estar sabendo mais da minha vida do que eu mesma, ele sabe da história do meu pai, e agora? Vai saber mais o que?! Espero que ele não saiba de mais nada. Só de saber que ele sabe tudo fico mais constrangida...

-Mackenzie? -Ele chama minha atenção e eu apenas assinto com a cabeça. -Me perdoa? -Eu penso bem por alguns segundos sentindo meus olhos arderem mas logo assinto novamente, mas dessa vez com os olhos cheios de lágrimas. -Vem cá minha menina. -Ele me abraça com força e eu não contenho as lágrimas, elas escorrem pelo peito dele e meu peito dói, eu não sei como lidar com isso.

Ele me guia até a bancada da cozinha e me levanta pela cintura fazendo com que eu me sente na bancada, Arthur fica entre minhas pernas e me abraça novamente, minha cabeça é posta contra sua clavícula e durante uns minutos eu chorei, chorei muito.

-Tá tudo bem, ok? -Eu assinto com a cabeça enquanto me afasto um pouco de seu corpo. -Tá com fome, pequena? -Eu nego.

Perdi até a fome...

-Mas é melhor você comer alguma coisa, não te vi comer desde ontem. -Ele ajeita uma mechinha de cabelo que cai sobre minha testa. -O que acha de um brigadeiro? -Eu assinto.

E desde quando um espanhol sabe fazer brigadeiro? Ele se preparou mesmo pra me receber.

-Eu quero ouvir a sua voz, diz alguma coisa, seu silêncio tá me agoniando.

-Pode ser. -Minha voz soa baixa e abatida.

-Eu senti falta da sua voz. -Ele diz e deixa um beijo em minha testa.

Arthur se afasta de mim e vai até o armário.

-Sabe uma conclusão que eu tirei? -Ele indaga.

-Hum...

-Pra uma adolescente você é bem decidida. Ficou sem falar comigo por muito tempo... Olha, Kenzie, eu não quero que pense que eu estou pegando muito no teu pé, mas... Você não come a quanto tempo?

-Desde manhã.

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Beijos!

Ass: Madd Cavell🌺

Ass: Arthur CorradiOnde histórias criam vida. Descubra agora