As Chamas do Cosmo Nunca se Apagam

Lágrimas de Sangue

A passagem do Mundo dos Mortos para o Santuário foi muito mais suave do que o caminho inverso, através das Ondas do Inferno. Os pés de Satine tocaram o solo sagrado com leveza. Seu coração também estava mais leve ao entender os planos de seu mestre. Pégaso não estava morto. A Extinção Estelar do Cavaleiro de Áries o enviara para algum outro lugar, mesmo que não soubesse para onde. Esperava que o jovem Cavaleiro de Bronze estivesse em segurança.

O céu noturno acima deles, com suas infinitas estrelas, era claro em comparação ao lugar do qual acabara de retornar. As cores voltaram a se fazer presentes, mesmo que fosse noite.

Satine abriu os olhos bem a tempo de ver Máscara da Morte e Afrodite desaparecerem no espaço com a Extinção Estelar de Mu. E, então, entendeu porque Shaka dissera para ela voltar naquela hora. Talvez sua capacidade telecinética sozinha não fosse capaz de tirá-la do Mundo dos Mortos, mas essa era uma resposta que ela ainda não tinha.

Ela respirou fundo, buscando recuperar o fôlego. Nunca gostara de Máscara da Morte, mas Afrodite, apesar da sua postura com os outros, sempre se mostrara gentil com ela desde que chegara ao Santuário. Talvez fosse porque compartilhavam a cor dos cabelos ou a delicadeza dos traços. Ela não sabia dizer, mas o Cavaleiro de Peixes sempre a havia respeitado.

- Satine, como foi que... - Mu congelou quando a viu. De repente, a temperatura despencou e uma fina camada de gelo se estendeu pelo chão, cobrindo-o como um tapete cristalino na direção dela e de seu mestre - Ah, não! Vocês não! Até vocês foram seduzidos pela oferta de Hades e vieram com a intensão de matar a deusa Atena!?

A Amazona de Taça mal teve tempo de recuperar o fôlego, quando o destino a trapaceou novamente. Sua atenção foi desviada do lamento de Mu para onde os olhos dele miravam, o que fez seu sangue gelar. O rosto perdeu a cor e o calor abandonou suas mãos, bem como todos os músculos de seu corpo, que enrijeceram dentro da armadura.

Haviam três novas figuras no pátio da Casa de Áries, muito próximas da figura encapuzada, que estava lá desde o começo, junto dos Cavaleiros de Câncer e Peixes.

- Eu não acredito que até vocês - Mu não conseguia acreditar no alerta de seu Cosmo e, então, eles retiraram as capas, revelando-se - Shura de Capricórnio. Camus de Aquário. E você, Saga de Gêmeos! Até mesmo vocês se rebaixaram a soldados de Hades e vieram aqui para matar Atena?

- Camus!? É você mesmo? - Satine deu um passo a frente, parando no topo da escadaria.

- Satine!? Você não deveria estar aqui - retribuiu Camus, frio como gelo.

- Não é hora para sentimentalismo, Camus - Saga deu um passo para frente, postando-se ao lado do outro.

- Não temos tempo para isso - foi Shura de Capricórnio quem se manifestou - Nossa prioridade é a cabeça de Atena.

- Não se preocupe, Saga. Cumprirei minha missão, nem que para isso seja preciso matar minha própria irmã - dirigiu seu olhar glacial para Satine e depois para Mu - Ou qualquer outro Cavaleiro que tente me impedir.

A Amazona não podia acreditar no que seus olhos viam. Não apenas os Cavaleiros do Câncer e Peixes havia se aliado a Hades, mas ao que parecia e, ao julgar pelas Sapuris que trajavam, os de Gêmeos, Capricórnio e Aquário, o seu irmão mais velho, também.

- Meu irmão, o que você está fazendo? Como pôde trair Atena dessa forma? - Satine teve a impressão de que seu coração se estilhaçaria em mil pedaços, um coração que ainda não havia se recuperado da morte do irmão na Batalha das Doze Casas - O que poderia fazer você vender sua alma a Hades?

- Você jamais entenderia, cara irmã. Por isso, serei eu a dar um fim a sua vida, se você insistir em nos confrontar - o Cavaleiro de Aquário voltou sua atenção para o Cavaleiro de Áries - Isso vale para você também, Mu. Não pense que estamos brincando.