PS: Esse Gainden também foi transformado no Prólogo da próxima história, a continuação de As Chamas do Cosmo Nunca se Apagam, a Saga do Olimpo. Então se você quiser deixar para ler na próxima história... Caso contrário, você terá uma prévia do que vem por aí. Até a próxima história, pessoal! ˆˆ
Tons rosáceos e dourados tingiam o céu de final de tarde e folhas que iam do cobre ao marrom se estendiam sobre o gramado, como um tapete de outono. Cavalinhas e todo o tipo de ervas daninhas rompiam a camada acobreada rebelando-se contra os anos de abandono. As botas de couro azul, como os seus cabelos, afundaram na camada macia, naquele lugar que um dia fora seu lar. Ela havia enterrado em algum lugar profundo de sua memória, as lembranças de sua breve vida antes do Santuário.
O jardim que havia ali e se estendia até o lago, onde um coreto há muito perecera, ainda era parte de sua apagada história. Ela dera seus primeiros passos naquele gramado, correra em meio as flores para escapar do irmão e aprendera a nadar naquelas águas, mas havia algo mais enterrado em seu passado, muito abaixo da superfície do seu subconsciente.
Satine observou os raios do sol transpassarem as brechas entre as nuvens do horizonte e se derramarem pela superfície cristalina do lago, que se iluminou como o seu próprio Cosmo dourado. Ela deixou escapar um suspiro e se voltou para o que um dia fora a sua casa.
As ruínas da construção ainda se mantinham em pé apesar do tempo. As paredes registravam o passado trágico que levara ao fim os seus dias de glória. Rachaduras se escondiam atrás das trepadeiras que haviam se apropriado da fachada externa e se estendiam até o alto, onde o telhado havia, há muito, desaparecido. As paredes ainda carregavam o negrume das chamas que a consumiram.
A Amazona de Ouro parou na abertura cega, onde pesadas portas de carvalho um dia protegeram a entrada. Ela apoiou a mão no marco e passou os olhos pelo interior deteriorado. Uma sala de estar se abria após o hall de entrada. O que sobrara de piano de cauda, chamuscado e tombado meio que de lado, uma vez que as pernas laterais haviam sucumbido, recoberto por limo e hera ainda estava lá. Satine fechou os olhos e respirou fundo antes de prosseguir. Tirou a Caixa de Pandora dourada das costas e colocou ao lado da entrada, produzindo uma nuvem de poeira.
Em silêncio, deixou que seus pés a conduzissem pela casa abandonada, deslizando os dedos pelo que restara das superfícies que um dia conhecera bem e que já não passavam de relíquias de um passado que ainda voltaria para lhe assombrar.
Sem perceber, Satine se viu subindo as escadarias que levavam ao segundo andar. Ela chegou a tatear o corrimão que deveria estar ali, mas essa era mais uma das coisas que o fogo levara.
- Está tudo bem - murmurou baixinho, sentindo o coração apertar. A cada passo, uma lembrança era descortinada na memória de Satine, que havia bloqueado de sua mente os acontecimentos daquele último e fatídico dia.
O fogo havia destruído quase tudo, mas havia um cômodo que escapara da destruição completa. A intuição de Satine o levou até ele. O quarto era amplo e a cama com dossel era apenas um resquício do que fora um dia, mas ainda havia uma cômoda chamuscada sob a janela de espaldar alto, emoldurada pela marca das chamas que consumiram as cortinas. Ela puxou uma pequena gaveta e tirou de seu interior uma caixinha de música prateada, cuja tampa enegrecida encontrava-se celada pelos anos de abandono. Precisou forçar as dobradiças e, ao abri-la, a mais doce melodia tomou conta do ambiente e aqueceu seu peito. Mas não havia mais uma bailarina para dançar sobre a plataforma ao som de Clair de Lune. Em seu lugar havia um pedaço de papel dobrado e mesmo antes de revelar o conteúdo, uma dor aguda cortou seu coração. Lágrimas a imundaram ao reconhecer a caligrafia do irmão e a barreira, que há muito ocultava suas lembranças começou a se descortinar sua mente.
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As Chamas do Cosmo Nunca se Apagam
FanfictionSatine de Taça, a primeira a usar a lendária Armadura de Prata de Taça desde a última Guerra Santa contra Hades, há duzentos e quarenta e três anos, era uma garotinha comum, até perder tudo e ser levada por seu irmão mais velho, Camus, Cavaleiro esc...