As Chamas do Cosmo Nunca se Apagam

O Despertar do Cosmo

A cerimônia de entrega das Armaduras de Ouro ocorrera num final de tarde, ao pôr-do-sol. Uma coisa linda de se ver, onze armaduras douradas reunidas depois de tanto tempo. Os novos Cavaleiros de Ouro, apesar da pouca idade, vestiram de cabeça erguida seus mantos sagrados pela primeira vez. Havia tanto poder concentrado num único lugar.

O Mestre Shion era um homem sábio. Seus olhos eram gentis e suas palavras firmes, porém acolhedoras.

Os jovens sagrados Cavaleiros de Ouro não passavam de crianças, que ainda tinham muito o que aprender antes de se tornarem Cavaleiros de fato. Predestinados pelas suas constelações e seus Cosmos às Armaduras de Ouro, haviam começado seu treinamento ainda muito pequenos e deveriam continua até alcançar todo o seu potencial. Alguns haviam nascido na Grécia, como Aioros, Aioria e Miro, outros em lugares mais distantes, mas nascidos sob as estrelas do destino, agora se reuniam para algo mais importante.

A cada dois ou três séculos, Atena, a deusa da Sabedoria e da Guerra reencarna na Terra para protegê-la e, segundo o Grande Mestre, isso deveria acontecer nessa geração de Cavaleiros.

Satine havia permanecido no Santuário com a permissão do Grande Mestre. Passara a treinar com o irmão desde que este recebera a Armadura de Ouro de Aquário. Eles treinavam todos os dias do raiar do sol até o entardecer. Durante os treinos, Camus era frio e calculista, mas quando baixava suas defesas, voltava a ser o irmão de coração caloroso e que faria de tudo para protegê-la.

Os dias foram passando e logo se tornaram meses. Por mais que a pequena Satine treinasse, seu Cosmo mal passava de uma faísca. Ela treinava duro. Aprendera as principais técnicas com o Cavaleiro de Aquário, mas nada funcionava. Ela havia ganhado força física, aprendera a lutar e se saia bem contra outros aprendizes no corpo a corpo, mas não poderia se tornar uma defensora de Atena apenas com isso.

Além de passar boa parte do tempo treinando com o irmão, as vezes ela se escondia para brincar com Aioria. Na verdade, não era bem assim. Aioria era dois anos mais velho do que ela, assim como seu irmão e os outros Cavaleiros de Ouro mais jovens. Mas ela gostava da companhia dele. Assim, como o irmão, ele também fazia questão de ensiná-la a se defender. As vezes brincavam de esconde-esconde, as vezes corriam feito loucos pelos jardins do Santuário. Havia um lugar que os dois adoravam ir para ver as estrelas, num antigo templo abandonado, onde as colunas, que ainda estavam em pé, se estendiam para o alto para segurar um teto que há muito não existia. Eles se apoiavam nas colunas tombadas e passavam horas identificando as estrelas e suas constelações. Aquele era o esconderijo secreto dos dois e para onde Satine fugia quando não queria ser encontrada pelo irmão ou quando estava cansada de treinar.

Aioros também se mostrara um bom amigo. As vezes levava Aioria e ela passear pelos céus quando usava sua armadura alada. Fora ele que acalmara o coração da garota quanto ao Cosmo.

- Não se preocupe, Satine, você conseguirá acessar seu Cosmo quando for a hora. Por isso, aprenda o que puder com o seu irmão e com os outros Cavaleiros.

E de repente, numa noite cravejada de estrelas, uma estrela cadente cortou os céus acima Santuário e tudo mudou. Até mesmo a paz fora embora com aquele acontecimento. Foi naquela noite que a pequena Atena voltou a Terra, na forma de um bebê, de cabelos lilás e bochechas rosadas.

Os Cavaleiros de Ouro foram reunidos e saudaram a chegada da deusa. Mesmo os mais novos, juraram protegê-la de todo mal.

Satine estava tão feliz pela chegada de Atena, que passara a treinar com mais afinco. Queria tanto se tornar digna de protegê-la, que chegara ao ponto de abandonar o local secreto e a Aioria para treinar.

- Ei, Satine, por que você não foi mais ao nosso templo? - Aioria perguntou ao esbarrar com a garota nas escadarias do Santuário - Você cansou de ver as estrelas comigo?