As Chamas do Cosmo Nunca se Apagam

O Regresso ao Lar dos Cavaleiros de Atena

 A jovem Amazona parou em frente aos pilares que demarcavam a entrada do Santuário. Haviam se passado mais de cinto anos desde a última vez que estivera no sagrado refúgio da deusa Atena e não se passara um único dia em que não almejasse o retorno com todo o seu coração. O peso da Caixa de Pandora prateada em suas costas era um lembrete do porquê decidira voltar. Muitas memórias tinham ficado para trás, mas principalmente uma, que ainda doía em seu peito. A da última vez que regressara.

Não havia ninguém a sua espera, embora ela desejasse que fosse diferente. Por isso foi seguindo pelos caminhos que contornavam os centros de treinamento, ruínas de templo e deixou que seus pés a guiassem pelo terreno conhecido. Precisaria se apresentar ao Grande Mestre o quanto antes, mas não era algo agradável de pensar. Se o Mestre Shion ainda estivesse vivo, tudo seria diferente, mas ela sabia que ele se fora há muito tempo.

A garota chegou a um lugar abandonado, no topo das escadarias que suas pernas escalaram inúmeras vezes. As ruínas continuavam idênticas ao que era capaz de lembrar, mas o ar estava diferente de sua infância, pesava. O sol acabara de atingir o seu ápice, mesmo assim, foi invadida por uma onda de frio. Ela mirou a Vila de Rodorio lá embaixo, com suas casas idênticas ao passado e, então, voltou-se para a colina a sua frente, onde as Doze Casas ascendiam até o Salão do Mestre e o Sagrado Templo de Atena.

- Uma garota como você não deveria andar sozinha pelo Santuário. Pode ser perigoso - disse uma voz masculina atrás dela, seguida por risadas - E onde foi que você conseguiu essa Caixa de Pandora? Roubou de algum Cavaleiro enquanto ele dormia, foi? Sabia que apenas os Cavaleiros têm o direito de portar uma armadura sagrada?

- Hmmm. E que tipo de ameaças uma garota poderia enfrentar aqui no Santuário? - disse ela antes de se virar - Os soldados do Santuário não são defensores da justiça?

- Bem, nunca se sabe mocinha - disse outro dos rapazes - O que você está fazendo aqui? Veio atrás de algum Cavaleiro?

- Então quer dizer que a única opção para uma garota adentrar o Santuário de Atena seria atrás de um Cavaleiro? - a garota apenas fitou os rapazes.

- Bem, algumas garotas se tornam Amazonas, mas elas são obrigadas a usar uma máscara e você não está usando uma, está?

- Ah, entendi, então se uma garota não usa uma máscara ela também não pode ser Amazona e portanto a Caixa de Pandora jamais poderia ser sua. Vocês esclareceram bem a situação - ela retirou a caixa prateada das costas e a depositou no chão a sua frente - Então o que vocês sugerem, agora?

- Docinho, você não deveria ter vindo sozinha a esse lugar - outro dos rapazes se aproximou e passou um dedo sobre os lábios dela - Agora nós vamos nos divertir um pouquinho com você.

A garota, ainda no começo da adolescência, deu um tapa, afastando a mão dele, e saltou para trás, para cima de uma coluna tombada.

- Covardes! - alguém gritou de uma elevação na parte de trás do antigo templo, o sol iluminando seus cabelos claros - Vocês são a escória do Santuário!

A garota estremeceu. Ela conhecia aquela voz e quase teve um choque ao sentir a presença do Cavaleiro, surgindo ao seu lado.

- Se vocês tem amor a suas vidas fujam daqui agora ou não me responsabilizo - disse o rapaz que, apesar de não usar armadura, soava ameaçador.

- A festa acabou de ficar ainda mais interessante. É claro que um Cavaleiro tentaria salvar a donzela em perigo - disse o mesmo rapaz de antes - Isso vai ser muito divertido.

- Obrigada - sussurrou ela, sem olhar para o rapaz ao seu lado - Mas eu posso me cuidar sozinha. Sei que o Santuário mudou muito desde a última vez que estive aqui, mas não esperava ter que lutar logo na chegada - então se voltou para os soldados que a ameaçaram, elevando o tom de voz - No entanto, se é isso que vocês querem... Vou ensiná-los como tratar uma garota, não importa se for uma Amazona ou não!