O Raio Dourado da Esperança

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A amazona respirou fundo antes do último passo, apesar de saber o que a aguardava logo adiante. Ela ergueu os olhos para as Doze Casas e um brilho dourado rasgou o céu cinzento sobre sua cabeça.

- Aioros - pensou ela.

Ela contornou uma curva e se deparou com as escadarias da Casa de Áries e, não tardou, a defrontar-se com a resplandecência luminosa de outras cinco armaduras douradas e seus respectivos Cavaleiros de Ouro, parados sob a chuva torrencial em frente a casa de seu mestre.

- Satine! - Aioria foi o primeiro a tomar conhecimento da presença dela.

- Aioria! Mu! Aldebaran! Shaka! Miro! - a Amazona de Taça fez questão de enfatizar cada um dos nomes - Em nome de Atena, o que vocês estão fazendo aqui parados, enquanto o mundo desaba sobre as suas cabeças e os Cavaleiros de Bronze lutam para salvar tudo que nos é mais sagrado?

- Satine... - advertiu Mu.

Aioria esbravejou, mas se absteve de falar.

- Por favor, não diga nada da qual possa se arrepender, Amazona de Taça - pediu Shaka, por telepatia.

- Mestre, você sabe o quanto sempre o respeitei, assim como ao Mestre Ancião, mas não posso ficar aqui parada enquanto os outros estão lutando - Satine quase cuspiu as palavras - Acabei de ver a Armadura de Sagitário abandonar o Santuário para ajudá-los.

- Satine, você não entende - argumentou Mu.

- Eu entendo, Mestre! - Satine estava furiosa. Até então, jamais havia confrontado a seu mestre - Sim, eu sei! São as ordens do Grande Mestre. Posso não entender as razões de Sua Excelência, mas sou capaz de sentir a escuridão que se aproxima. Ainda assim, que tipo de Amazona seria eu se deixasse que outros lutem em meu lugar?

- Acalme-se, Satine! - pediu Mu, mais uma vez - Você sabe em seu coração, assim como pelos dons conferidos por sua constelação, que há uma razão para permanecermos no Santuário. Confie nos Cavaleiros de Bronze e em Atena.

Satine encarou incrédula, um a um dos Cavaleiros de Ouro. Ela era capaz de entender o que se passava na mente de Aioria, que não fazia qualquer questão de disfarçar seu incômodo, assim como Miro. Os demais pareciam conformados com a proibição, até que...

- Satine, que você quer dizer? - perguntou Aioria, descendo alguns degraus para ficar frente a frente com ela.

- O que sua visão revelou? - perguntou Shaka, mirando-a de olhos fechados, como se pudesse ver o íntimo de sua alma - O que você não está nos contando?

- Uma chuva de lágrimas... - respondeu Satine, desviando o olhar para o Santuário lá embaixo - Devastação... e morte! - voltou sua atenção para eles, encontrando os olhos de Aioria - O fim de tudo! O fim... o fim de tudo que amamos... se aproxima!

As palavras morreram, e calaram de vez os Cavaleiros de Ouro. Até mesmo Shaka, com toda a sua sabedoria, ficou pensativo.

- Mestre, perdoe-me... - Satine afastou a franja encharcada que cobria seus olhos, a chuva grossa reverberando em sua armadura - Por mais que eu entenda, não posso ficar aqui esperando, enquanto os garotos arriscam suas vidas e a de Atena, no fundo do oceano. Permita que pelo menos eu vá ao encontro dos Cavaleiros de Bronze. Assim o Santuário continuará protegido pelos Cavaleiros de Ouro.

- Discutir com seu Mestre não a deixará mais perto da luta - Shaka voltou a falar telepaticamente com a Amazona.

- E implorar? - Satine ergueu uma sobrancelha na direção do Cavaleiro de Virgem.

As Chamas do Cosmo Nunca se ApagamOnde histórias criam vida. Descubra agora