Um Novo Cavaleiro da Esperança

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    Os dias se transformaram em semanas. Satine estava feliz em Jamiel, junto de seu mestre. Podia treinar com ele todos os dias e aperfeiçoar ainda mais as suas técnicas, mesmo as do gelo, que aprendera com o irmão ainda menina. Mas, apesar da paz de espírito que sentia nas montanhas do Tibet, sabia que estava mais do que na hora de voltar ao Santuário. Além disso, sentia saudade do irmão e ainda mais de Aioria, mas não sabia como lidaria com o último quando retornasse.

    Doeu dizer adeus mais uma vez ao seu mestre. Por mais que Mu sempre estivesse com ela de alguma forma e fossem capazes de se comunicar apenas pelo pensamento, ela não queria abrir mão da paz que encontrara ao passar esse tempo com ele. Mu era o equilíbrio que ela não conseguia encontrar no Santuário desde que voltara.

    Satine poderia ter se teletransportado de volta à Grécia, mas preferiu voltar a pé, carregando a urna da armadura e suas esperanças. Pretendia ir para seu refúgio no Santuário, o antigo templo dela e Aioria, mas o Coliseu ficava no caminho e, ao passar por ele, uma luta despertou sua atenção. Ela viu um garotinho seguindo os movimentos de uma Amazona, que a julgar pelos cabelos ruivos e a postura altiva, era alguém que conhecia.

    - Satine, achei que você tinha se perdido e nunca mais voltaria a vê-la - disse Aioria se materializando ao lado dela e quase a matando de susto.

    - Aioria! Você não tem amor por sua vida, não?

    - Nah, que é isso! Você se preocupa demais... - o rapaz cutucou ela com o cotovelo - Ainda sou mais rápido do que você.

    - Talvez um dia eu me torne uma Amazona de Ouro e aí você não poderá se exibir assim - provocou ela - E por falar nisso, não sabia que era pré-requisito ser Cavaleiro de Ouro para alcançar a velocidade da luz. Sempre achei que fosse uma questão de Cosmo e não de armadura.

    - Ah, mas salvo talvez uma ou outra exceção, os únicos Cavaleiros que alcançaram a velocidade da luz ao longo da história fomos nós.

    - Você não presta, Aioria!

    - Aioria, você não tem vergonha!? - alguém surgiu repreendendo o cavaleiro.

    - Vergonha do que, Marin? - rebateu ele.

    - Sabe, Aioria, eu gosto da Marin - provocou Satine - E aí, Marin?

    - Que bom que você voltou, Satine. Você não faz ideia do quanto Aioria anda insuportável desde que você partiu.

    - Aí é que você se engana, ele sempre foi insuportável. Desde garotinho. E por falar nisso, quem é este rapazinho? - Satine colocou a urna da armadura no chão, percebendo que a caixa atraíra a atenção do garoto, o mesmo que vira treinando com Marin há pouco, e apoiou um dos joelhos no chão para ficar na mesma altura dele.

    - Eu sou o Seiya - disse ele, estendendo a mão para ela - Vim do Japão para treinar com a Marin e me tornar um Cavaleiro de Atena. Você também é uma Amazona, como a Marin?

    - Sim, eu também sou. Bem-vindo, Seiya! - Satine segurou a mão dele e sentiu acontecer antes que pudesse ver. O frio tomou conta de seu corpo, que parecia se desintegrar. Os sons em volta desapareceram, restando apenas as imagens nubladas em sua mente. A visão não durou mais do que alguns segundos, mas o suficiente para ela ver muito além.

    - Ei, tá tudo bem com você? - perguntou Seiya, coçando a cabeça, enquanto ela ainda segurava a outra mão, que vibrava com o tremor que transpassou pelo corpo dela, quando seus olhos ficaram vidrados para o vazio.

    - Treine bastante e obedeça à Marin, Pégaso! - disse ela, de repente, como quem desperta de um transe, e bagunçou ainda mais os cabelos dele - A vida de Atena e de outros dependerá de você.

    - Quem é Pégaso?- perguntou Seiya, sem entender.

    - Um dos Cavaleiros mais fiéis a Atena - respondeu Marin, atrapalhada, sem disfarçar a surpresa - O que você acha de treinarmos um pouco mais, Seiya?

    O garoto concordou e saiu feliz com Marin - Prazer em conhecê-la, Satine - voltou-se para trás apenas para se despedir da Amazona.

    - Obrigado - disse Aioria para Marin, sem som, e pousou as mãos nos ombros de Satine, amparando-a - Está tudo bem. Eu estou aqui com você - o Cavaleiro  esperou Marin e Seiya se afastarem e então passou os braços em torno dela. Ela ainda estava tremendo e ele sabia o que acontecia quando ela tinha visões.

    - Logo vou ficar bem. Só me ajude a levantar, por favor! - pediu ela, segurando-se nele.

    - Pégaso!? Seiya será o Cavaleiro de Pégaso? Foi isso que você viu? - Aioria colocou a urna dela nas costas, enganchou um braço no dela e com o outro a enlaçou-a pela cintura - Vamos, vou levá-la pra casa.

    Satine fechou os olhos por um instante e pode ver novamente quando Seiya conquistou sua armadura, naquele mesmo anfiteatro no qual se encontravam. Também viu e sentiu quando se encontraram em algum lugar distante e um Cosmo acolhedor surgiu para aplacar algo ruim e, então diversas imagens se misturaram. Batalhas dentro e fora do Santuário, contra Cavaleiros e em lugares que ela jamais havia visto e até mesmo contra Cavaleiros que ela conhecia. Ela sentiu o peito apertar, mas sabia que nada poderia fazer para impedir que aquilo acontecesse. Cada um nascia sob o destino de uma estrela, fosse ele bom ou ruim. 

    - Dizem que Pégaso é o Cavaleiro mais próximo de Atena. Aquele que iria até o Inferno para protegê-la - ponderou Satine - Talvez seja um destino cruel para um garotinho.

    - Assim como o de todos nós Cavaleiros - considerou Aioria - Mas nem por isso desistimos.

    - O destino de muitos estará nas mãos dele e nossos caminhos se cruzarão mais de uma vez - ela olhou uma vez para trás, para onde Marin e Seiya treinavam.

    - Estou feliz que esteja de volta - disse ele, arrancando-a de seus pensamento - O Santuário não é o mesmo sem você.

    Ela parou num degrau e inspirou fundo.

    - E quanto a Marin?

    - O que tem ela? - Aioria girou o corpo dela, para que ficassem de frente um para o outro - Peraí, Satine, você não está perguntando o que eu acho, né?

    - Eu não sei ao certo o que estou perguntando - ela baixou o rosto - Só achei que vocês parecem bastante próximos.

    Aioria levantou o rosto dela com gentileza, obrigando-a a encará-lo - Satine de Taça, o que está acontecendo? Nunca a vi tão insegura assim.

    - Como você esperava que eu me sentisse depois de tudo que aconteceu? Fui mandada para longe. Passei semanas afastada de você e quando retorno...

    - Ei, ei... Olhe pra mim, Satine! Nem parece que você é capaz de prever o futuro - ele segurou o queixo dela com uma mão, enquanto a abraçava com a outro braço, temendo que desaparecesse se a largasse.

    - E o que eu veria se olhasse dentro da Taça? Diga que não estou ficando louca.

    - Satine, pare com isso! - Aioria apoiou a testa na dela - Se você espiasse na Taça, nesse exato momento, veria aquilo que seu coração sempre soube. Eu sou louco por você! Meu coração é completamente seu! - então ele desceu os lábios macios até os dela e a beijou como se ela fosse uma âncora, a única coisa capaz de impedir que afundasse.

    Satine se desmanchou nos braços de Aioria. Ele era seu mundo e ela estava prestes a se perder nele. Queria permanecer ali e esquecer de tudo que a atormentava, principalmente o sentimento que a acompanhava, de que um dia perderia tudo que mais amava.

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As Chamas do Cosmo Nunca se ApagamOnde histórias criam vida. Descubra agora