Depois de passar estas semanas iniciais gerindo atividades apenas para seu círculo familiar, a Viscondessa-Viúva se sentia em polvorosa por poder finalmente estender suas generosidades a convidados em Aubrey Hall. Tudo havia sido minimamente aprontado e revisado no dia anterior e na manhã do dia em que teriam marcado a vinda dos Bennet-Bingley a residência, e mesmo assim, ainda era possível ver Violet argumentando com alguns criados se não haveria algo a mais que poderiam fazer para melhorar a experiência de todos.
— Acredito que terão de se contentar com seus esforços de anfitriã, mãe. — Anthony brincou, assustando a mulher ao ter chegado tão sorrateiramente por trás dela.
Por um instante, até se esquecera do que discutia com a empregada, até ver os dois vasos de flores que ela carregava e responder precisamente:
— Jacintos! — e com isto, Violet pôde a ver partindo com a última das questões que precisava tratar para aquele dia. — Eu sei, eu sei. Não é como se tivéssemos marcado este dia em cima da hora, mas ainda assim me sinto tão ansiosa para que tudo ocorra bem... — admitiu, concordando indiretamente com o filho de que talvez estivesse se esforçando até demais.
— E irá ocorrer tudo bem. Olhe a sua volta, a senhora já fez um trabalho esplêndido! — o homem assegurara, passando um dos braços por cima dos ombros da mãe, a acolhendo para perto de si, enquanto caminhavam até o hall de entrada, onde toda uma recepção havia sido aprontada.
Sem dizer uma única palavra, Violet se limitara a olhá-lo de soslaio e sorrir, achando curiosa a leveza no semblante de seu primogênito. Não que ele fosse casmurro, mas geralmente seu temperamento irritadiço era tão fácil de ser atiçado, que as vezes era difícil não o ver com uma carranca.
Chegava até a ficar tentada em lhe perguntar o que teria mudado, mas a verdade é que mesmo se o fizesse, nem mesmo Anthony poderia lhe dar uma resposta certa. Simplesmente vinha se sentindo mais suave.
— Gregory, volte com a minha fita! — a dupla conseguira ouvir a voz de Hyacinth ecoar pelas escadas, enquanto os passos apressados das crianças ressoavam pelos degraus.
Sentindo-se propenso a intervir, o visconde dera um passo para o lado, detendo o irmão caçula a tempo de sua outra irmãzinha os alcançar, pegando de volta para si a fita que lhe teria sido surrupiada.
— Acho que me lembro desta fita. — Anthony admitira, impressionado consigo mesmo por se recordar de algo tão supérfluo quanto aquilo. — É a mesma que a Senhorita Bennet lhe sugerira? — concluiu, com um sorriso modesto crescendo em seus lábios.
— É sim. Ainda não havia encontrado nenhuma ocasião especial na qual usá-la, então decidi o fazer hoje. — Hyacinth sorrira, apontando para os cachos que já estavam produzidos, e só aguardavam o acabamento da fita.
Anthony se viu sorrindo ainda mais, tanto pelos modos adoráveis da irmã, quanto por se lembrar da ocasião em que ela teria adquirido tal acessório. Havia sido um primeiro encontro consideravelmente desagradável entre ele e a Bennet...Era bom ver que haviam deixado tais desavenças de lado.
— Já está belíssima, minha irmã. E aposto que esta fita só lhe deixará ainda mais linda! — assegurara, segurando com carinho o queixo da menina, antes de liberar seus dois caçulas para terminarem de se aprontarem nos quartos.
Simultaneamente a toda a movimentação em Aubrey Hall, a família Bennet já se encontrava na metade do caminho, muito bem acomodados nas carruagens que o Senhor Bingley teria concedido aos parentes de sua esposa. Elizabeth bem agradecia por tal gentileza, já que seria um pouco mais desconfortável se tivesse alugado um transporte menos elegante, já que sua mãe fizera questão de trajá-los com as melhores roupas da casa.
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Desprezo & Devoção
RomanceDes.pre.zo: Falta de estima, repulsa. De.vo.ção: Afeto, dedicação. Como palavras tão distintas em significados poderiam ser despertadas simultaneamente em presença de um certo alguém? Nem Elizabeth Bennet, tampouco o Visconde Anthony Bridgerto...