Marcola 🌪️
Raiana: Onde você estava, Marco Antônio? - revirei os olhos ao ouvir sua voz irritante.
Fechei a porta e coloquei as mãos na cintura encarando ela com cara de deboche.
Marcola: Desde quando eu te devo satisfação da minha vida?
Raiana: Desde quando eu virei sua fiel. - cruzou os braços.
Marcola: E que dia foi isso? Nunca nem vi. - revirou os olhos.
Raiana: Você ainda vai pagar caro por todo esse desprezo, seu.. filho da mãe! Estava com mulher? Até essa hora, né, devia estar mesmo.
Marcola: Eu não sei se você está sabendo, surtadinha, que teve uma invasão no morro. Tu tá ligada que só volto para casa quando tudo tiver em ordem. - bufou. - E quem te deixou entrar aqui? Tu não tem a chave.
Raiana: Tenho sim. - levantei uma sobrancelha. - Eu peguei a sua e mandei fazer uma cópia.
Marcola: Ai, meu Deus. Isso só pode ser castigo. - falei olhando para o teto.
Raiana: Você nunca me deu uma, então resolvi fazer a minha.
Marcola: Eu nunca te dei porque você não é nada pra mim. - falei alto e ela se assustou. - Vai embora.
Raiana: Marco.. - não deixei ela terminar.
Marcola: Eu disse para ir embora! - bati a mão na mesa e vi ela engolir o seco.
Não deu dois segundos e ela passou com o rabo entre as pernas ao meu lado e saiu da minha casa.
Só tem nega emocionada e surtada nessa favela, puta que me pariu.
Caminhei direto para o meu quarto e tirei minha roupa, que estava toda suja. Entrei no box do banheiro e tomei um banho rápido. Tava cansando pra caralho, então só comi um pão antes de cair na cama.
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Paraguai: Aê, tá ligado no Guiné? - se aproximou com uns papéis na mão.
Marcola: Dono do Lins? - ele assentiu. - O que o puto aprontou?
Paraguai: Corrida de carro lá na ZO. - mostrou algumas fotos. - Igualzinho aos velhos tempos. - eu ri.
Rian é a única família que tenho. Nunca tive pai, nem mãe, somente uma tia que me criou com muito sacrifício. Depois que ela morreu e os pais do Paraguai também, não sabíamos o que fazer.
Já teve dia que passávamos fome e não tínhamos pra onde ir. Foi aí que entramos para essa vida. Claro que não é a mais certa e nem a mais honesta, mas temos comida na mesa todo santo dia.
Marcola: Oh, tempo bom. - ele riu.
Paraguai: Pena que agora só servem para tráfico de mulheres. - o encarei.
Marcola: Papo reto? - assentiu. - Puta merda.
Paraguai: Tito já tá sabendo e pelo que vi hoje, ele vai acabar com isso o mais rápido possível.
Marcola: É o certo. - ele concordou.
Não sou nenhum príncipe e estou muito longe de ser, mas isso era demais. Mulher nenhuma merece passar por tal covardia e quem faz isso, deveria tomar madeira no cu até sair pela boca.
K4: E aí. - falou e se aproximou. - Qual foi o bagulho daquelas minas de ontem?
Paraguai: Pra que tu quer saber? - cruzou os braços e ele deu de ombros.
K4: Não sou cego, né? As minas são mó gatas e vocês ficaram interessados. Pegaram o contato?
Marcola: Vai trabalhar, vagabundo, é o melhor que tu faz. - ele fez careta.
K4: Já terminei o que tinha pra fazer.
Paraguai: Então arruma outra coisa pra fazer. Trabalho aqui é o que não falta. - ele empurrou de leve o K4 e saiu da boca.
K4: O que deu nele?
Marcola: Cuida da tua vida. - me virei de costas para ele.
K4: Eu hein, grosso.
Marcola: E grande. - revirou os olhos e ri.
•••••••••••••••
O juiz apitou final no jogo e me sentei no banco ao lado do Paraguai. Estava morto, mas ganhamos o jogo, isso é bom. Os moleques do Jacarezinho não são bons o suficiente para nos ganhar.
Quase me afoguei de tanta água que bebi e o Paraguai riu.
Paraguai: Vai com calma, porra.
Marcola: Sede.
Paraguai: Isso eu percebi. - riu mais.
Tirei a camisa e enxuguei o suor com ela. Levantei meu olhar e custei acreditar no que eu estava vendo.
As duas patricinhas estavam vindo na nossa direção.
As duas vinham cheias de moral, vestidas com roupas de grife e salto alto. Estavam bem maquiadas e de cabelo feito. Isso só pode ser uma miragem.
Paraguai: Isso só pode ser um sonho.
Marcola: Ou pesadelo. - bebi mais um gole de água.
Gabi: Boa tarde. - sorriu falso.
Paraguai: O que querem? - cruzou os braços.
A loira respirou fundo e nos encarou.
Gabi: Preciso urgentemente entrar novamente naquela casa ou naquele quartinho ou revirar esse morro todo. - levantei uma sobrancelha. - Minha amiga, Serena, perdeu a pulseira dela que é muito importante para ela.
Serena: Foi mia nonna que me deu. - falou embolado e a olhei sem entender. - Preciso dela, não tem valor nenhum em dinheiro, mas sim sentimental.
Paraguai: Fiquem a vontade, mas já adianto que não vão encontrar.
Serena: Como assim?
Marcola: Conhece o ditado "achado não é roubado", italiana? - ela negou com a cabeça. - Pois agora você vai conhecer.
Gabi: Viu, Sê, eu te falei. - olhou para a ruiva.
Serena: Mas eu tenho que tentar, Gabi, é a única lembrança que tenho da minha nonna. - a loira suspirou.
Gabi: Podem nos levar lá? - neguei com a cabeça e o Rian suspirou.
Paraguai: Eu levo. - se levantou.
Serena: Grazie.
Os três saíram da quadra e quando já estavam bem longe, abri minha carteira e tirei uma pulseira com o nome da ruiva.
Havia encontrado no chão perto do quartinho onde elas estavam. Qual o motivo de não ter devolvido agora? Não sei, mas acredito que logo iria descobrir a resposta.
E eu estava certo.
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Sintonia
RomanceSerá que os opostos se atraem, ou apenas os dispostos se ligam? Gabriela é uma mulher que mora na Zona Sul do RJ, junto com sua amiga, Serena, vão para um baile apenas para se divertirem. Porém, mal elas sabiam que suas vidas iriam mudar a partir de...