Sintonia

Capítulo 11

Serena🌹

Caminhei em passos lentos até a sala do Doutor Hernando. Quando fui chegando perto, faltou a coragem e desviei o caminho indo para a sala do café.

Não sabia como dizer um 'não' ao meu chefe. Estava com medo de ser despedida ou algo assim. Mas não queria que nada fosse adiante.

Hoje era o dia do tal casamento do irmão dele e eu não estava afim de ir. O que eu iria falar para a Gabriela ao me ver sair com o pai dela? Claro que não tem nada demais nisso, até porque é uma relação de chefe e uma possível diretora de uma empresa, apenas.

Mas não queria. Não era por falta de vontade, sei que as festas da família do seu Hernando são maravilhosas, Gabi já me levou em algumas. O problema, é que estava ruim depois do meu lance com o Marcola e me sentia magoada pela forma que ele está falando comigo. Tudo bem que achei que seria apenas uma noite, mas não imaginei que iria mudar o jeito dele também.

Hernando: Serena, minha bela. - levei um susto ao ouvir sua voz e o encarei.

Serena: Olá, senhor. - se aproximou.

Hernando: Não imaginei vê-la aqui hoje.. não trabalha no sábado.

Serena: Vim entregar alguns.. relatórios que adiantei. - ele balançou a cabeça e sorriu.

Hernando: Sempre tão eficiente. - molhou os lábios com a língua. - Prepara para hoje a noite?

Serena: Então.. senhor Hernando, era sobre isso que eu queria falar com o senhor. - meu celular começou a tocar e desliguei a chamada sem ver quem era. - Eu.. não estou me sentindo molto bene.. - meu celular começou novamente a tocar e respirei fundo.

Hernando: É melhor atender, parece importante. - disse olhando para o celular.

Encarei o visor e vi o nome "Amor da minha vida" salvo. Suspirei e pedi licença ao senhor Hernando e sai dali.

Serena: Ciò che vuoi? - perguntei.
(O que quer?)

Marcola: Como é, mina? - respirei fundo. - Traduz, pô.

Serena: Perguntei o que você quer.

Marcola: Ah. - disse. - Quero falar contigo, pô.

Serena: Estou ocupada no trabalho. Depois eu te ligo e nos falamos.

Marcola: Meu papo contigo é pessoalmente, cara a cara. Desce aí, mano, tô aqui em frente ao teu trabalho.

Engoli o seco. Olhei para a janela ao meu lado e vi que do lado de fora estava um carro preto bastante conhecido.

Serena: Desço em cinco minutos. - falei e desliguei a chamada sem esperar por uma resposta.

Voltei para onde o senhor Hernando estava e pedi desculpas pelo ocorrido.

Hernando: Não tem problema, minha querida. Continue o que estava dizendo.

Serena: Sei que pode parecer um pouco falta de ética desmarcar um compromisso quase em cima da hora, mas senhor Hernando, eu não poderei acompanhar o senhor hoje. - falei tudo de uma vez e ele me encarou sério.

Hernando: Sem problemas, Serena. - relaxei os ombros. - Mas... para compensar o bolo que você está me dando, quero que vá jantar comigo.

Serena: Ah, é.. pode ser. Aceito. - sorriu

Hernando: Ótimo. - olhou a hora no relógio. - Preciso voltar ao trabalho.

Serena: Claro.. obrigada e bom casamento. - ele apenas acenou com a cabeça e saiu.

Respirei aliviada e corri para fora da empresa o mais rápido possível. O carro do Marco ainda estava ali e fui caminhando lentamente até ele. A porta se abriu e entrei.

Marcola: Desligou na minha cara? - ligou o carro e deu partida.

Serena: O que quer comigo? - perguntei novamente, mas ele não me respondeu.

E foi assim o caminho inteiro, ninguém deu mais uma palavra. Não sabia para onde ele estava me levando, nem perguntei também. Esse homem é muito estranho.

Depois de algum tempo, ele entrou em uma estrada de terra e depois paramos em frente a uma chácara. O portão abriu e entramos. O lugar era simplesmente perfeito! A casa era linda, o ar era natural e tinha um pequeno lado com uma ponte.

Ele saiu do carro e logo sai encantada com a vista. Senti ele se aproximar e entrelaçar nossas mãos.

Marcola: Desculpa. - sussurrou no meu ouvido e fechei os olhos. - Perdono. - sorri fraco.

Odeio quando falam a minha língua só para me conquistar. E o pior é que caio nesse papinho.

Soltei nossas mãos e sai andando na frente dele e atravessei a ponte.

Serena: Que lugar é esse? - perguntei e ele me encarou.

Marcola: É meu. - assenti e ele começou a andar até onde eu estava. - Chamo de paraíso. - se aproximou mais. - Mas estou pensando em mudar o nome para 'Serena', por que você sim, é o verdadeiro significado de paraíso. - revirei os olhos rindo.

Serena: Pesquisou no Google ou escutou no 'Cantadas enfadonhas'? - ele riu.

Marcola: Estou falando sério. - o encarei.

Serena: Quer falar sério? - assentiu. - Então me responda, qual o motivo de estar me tratando como se eu não fosse nada? - ele coçou a sobrancelha. - Eu sabia que era um homem de uma noite só, mas não que iria me tratar tão mal.

Marcola: Eu errei, tá? Desculpa, me perdoe. Eu fiquei mal também com sua atitude de pensar que.. eu iria te pagar por aquela noite.

Serena: Não pensei isso! - cruzei os braços.

Marcola: Pensou o que então? Que iria te matar? - neguei.

Serena: No! Claro que não! - suspirei. - Fiquei apenas assustada.

Marcola: Tava com medo de mim?

Serena: Não te conheço direito, o que eu deveria pensar quando põe a mão no bolso?

Marcola: Nada que me ofendesse. Não é porque eu sou bandido, que vou agir como um cuzão com todo mundo, principalmente com você.

Serena: Me desculpa então, não foi minha intenção te ofender. - ele suspirou e relaxou os ombros.

Deu alguns passos na minha direção e colocou as mãos no meu rosto.

Marcola: Tu é foda demais, ruiva. - uma de suas mãos desceu para minha cintura puxou para mais perto dele, deixando nossos corpos colados. - E me deixa doido por você. - encostou a testa na minha.

Serena: Fiquei magoada.. - me encarou. - pela forma que falou comigo.. só queria te ajudar.

Marcola: Desculpa, de verdade. - assenti. Ele colocou a outra mão na minha nuca. - Namora comigo?

Serena: Não. - levantou uma sobrancelha. - Vai ter que falar mais a minha língua para me conquistar. - pisquei o olho e ele riu.

Marcola: Tu é fogo, hein.

Serena: Você que ascende a chama. - ele sorriu largo e me beijou.

Que homem!

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