Capítulo 34

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4 dias depois....

Júlio 💸

Me encostei na parede do barzinho que ficava em frente ao hospital e cruzei os braços. Observei o Rafael vir na minha direção com um envelope na mão.

Fiquei bastante cismado depois das coincidências na minha vida e na vida do Rafael. Então, entrando em um acordo, decidimos fazer um exame de DNA. Para ser sincero, eu estava gostando da ideia de ter um irmão.

Minha vida tinha sido solitária só com a minha mãe e depois que ela se foi, fiquei mais sozinho ainda. Só não me perdi no mundo totalmente, por conta da Larissa, do Rian e do Marco. Esses três salvaram a minha vida e devo tudo a eles.

Nada para nós foi fácil. Corremos muito para conseguir colocar comida na mesa, mas mesmo assim, a única solução mais fácil que vimos foi entrar para o crime. Eu não queria, de forma alguma, mas aí a Lari engravidou e não teve como se segurar. Precisava dar uma vida boa a minha mulher e a minha filha que iria nascer.

Depois de alguns anos, aconteceu o que mais temia. Fui ferido e entrei em um estado grave. O lado bom é que não me lembro de nada e não fiquei com nenhuma sequela. O lado ruim é que perdi boa parte do desenvolvimento da minha filha.

Eduarda é tudo pra mim. Minha princesa, minha vida. Me curou e não tinha momento melhor para ela vir. Estava abatido pela perda da minha mãe e por não ter mais ninguém, mas ela me salvou da tristeza.

Me sinto grato por tudo que tenho e construir ao longo dos anos. A decisão de sair do crime, não me afetou nenhum pouco, comecei a vida do zero e tava dando certo. Mas não me sentia completo, faltava algo, e quando voltei para o morro, o vazio havia sido preenchido. Sentia falta dos meus irmãos, da correria daqui, era bom demais isso.

Ao chegar, tive a surpresa do Rafael. Saber que esse moleque poderia ser meu irmão por parte de pai me deixava feliz, mas um pouco triste também. Ele, assim como eu não, não teve um pai presente na vida e sei o quanto isso é ruim.

Ele parou ao meu lado e olhou para o papel, depois me encarou.

Júlio: Que foi? - suspirou. - Já viu o resultado?

Rafael: Não. - murmurou. - Tava só pensando.. - deixou no ar e leventei uma sobrancelha.

Júlio: Fala logo, moleque.

Rafael: É que... independente desse resultado, já te considero meu irmão, tá ligado? Essa semana... foi foda demais pra mim, porra. Antes era só eu e minha mãe e agora eu.. tenho irmãos, sobrinhos, cunhadas. - se encostou na parede também. - Quando eu era mais novo, ficava me perguntando o porque que meu pai tinha ido embora. Me perguntava se não era o suficiente pra ele. - engoli o seco.

Júlio: Não era só você. - olhei para a frente e senti seu olhar em mim. - Assim como você, fui criado só com mãe e ela não se casou mais. Não sei como é ter um pai e é por conta disso, que tendo ser o melhor para os meus filhos. Senti na pele a rejeição e não desejo isso para eles.

Rafael: Penso da mesma forma. Eu quero ser o melhor pra minha filha, dar a ela o mundo, ser o primeiro amor dela.

Júlio: Continue com esse pensamento e irá longe. - olhei para ele, que sorriu. - Abre logo isso aí, que tô curioso.

Ele suspirou fundo e vi suas mãos tremerem ao abrir o envelope. Engoli o seco e o Rafael tirou o resultado do exame de dentro, nós dois lemos juntos e no final, apenas li um "compatível".

Rafael: Puta merda. - me olhou e peguei o papel dele. - Somos irmãos mesmo. - li de novo o papel e realmente era isso. - Aquele filho da puta do Antônio engravidou duas mulheres, em anos completamente diferentes, e fugiu. Fudeu com a nossa vida e só deixou trauma de herança.

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