Capítulo 16

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Marcola 🌪️

Revirei os olhos e virei de costas para eles. Arrumei a bancada de armas e olhei para frente, onde tinha alguns alvos.

Rafael: Você tá parecendo um moleque.

Marcola: Não fode, pivete. - encarei ele. - Moleque é tu, caralho.

Rafael: Pelo menos não trato minha dama como se ela fosse qualquer uma. - levantei uma sobrancelha.

Marcola: Nem idade pra isso tu tem.

Paraguai: E mesmo assim, tem mais maturidade do que você. - falou pausadamente e encarei ele serinho. - Qual foi, pô? Vocês já não brigaram por conta desse bagulho de tratar ela mal? Tu viu que a ruiva não aceita qualquer coisa e mesmo assim continua no erro.

Marcola: Mas ela também tá errada. - cruzou os braços e me olhou. - Como que ela aparece assim do nada?

Paraguai: Você faz a mesma coisa. Você pode e ela não? Se liga, porra, tu pode tá perdendo a mulher da tua vida. Aquela lá é fechamento, vai tá contigo na merda e na hora boa. - disse e o pivete concordou com a cabeça.

Me virei de costas para ele e mirei no alvo. Atirei e recarreguei a arma.

Marcola: Não sei bem se é isso.

Rafael: Vai, Marcola, desabafa com a gente. - ficou ao meu lado. - Somos seus amigos. - encarei o Paraguai, que deu de ombros e se aproximou. - Conta, pô.

Marcola: Vi ela com outro. - falei sem olhar para eles. - Cheia de abraço, beijos e tal.

Rafael: Mulher desapegada é osso. - coçou o rosto.

Paraguai: Vai ver é paranóia tua. A mulher tem a vida dela, tem trabalho, vai ver é só amigo.

Marcola: Tu fica de beijinhos e abraços com tuas amigas? - o olhei, que negou com a cabeça. - Então, pô. Aquela lá tem cara de santa, mas é só a cara mesmo. É bandida pra caralho.

Rafael: E tu gosta. - bateu no meu ombro e riu. Eu também.

Esse moleque é cheio de onda. Paraguai tá ajudando ele com uns problemas e acabou que ele se aproximou de nós. O pivete é novo, mas tem uma visão ampla da vida. Isso é bom. Paraguai ainda quer que ele estude e tá certo, me arrependo de não ter terminado.

Uma cabeça mais nova no grupo, significava pouca maturidade e muita fala errada. Mas o Rafael não era assim, era gente boa e eu que não gosto de mudanças na vida, gostei dele.

Paraguai: Sabe o que penso? - perguntou e olhamos para ele. - Que tu tem uma visão errada das coisas, as vezes. Tu só podia chegar e conversar com ela, sendo pacífico e falar o que tu quer. Mas não, prefere ignorar a mina e deixar por isso mesmo. - negou com a cabeça. - Vai ver a nega gosta de tu, te quer e tu dando mole. Por isso aparece outro.

Rafael: Pode pá. Nunca ouviu aquele ditado não, Marcola? "Quem não faz acontecer, vê acontecendo". - bateu nas minhas costas e suspirei fundo.

Eu tinha alguns problemas com mudanças de hábitos e quando vi a Serena aqui, ao invés de eu ir vê-la, fiquei maluco. Agi sem pensar e fui moleque, assumo.

Mas ela também se doeu por pouca coisa. Não fiz nada demais e se fiz, não foi minha intenção. Aquela mulher é outro patamar, de outro mundo, mas queria ela, precisava dela e teria ela. Não sei como, mas ela seria minha.

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Joguei a chave na mesinha e me deitei no sofá. Peguei meu celular e rolei meus contatos atrás do nome da Serena. Achei e liguei.

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