Capítulo 23

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Serena 🌹

Serena: O Paraguai falou alguma coisa contigo? - perguntei assim que entrei na sala.

Gabi, que estava deitada no sofá, levantou a cabeça para me olhar e assentiu.

Gabi: Disse que não poderia mais vir aqui por algum tempo. Está perigoso para eles. - me sentei no sofá.

Serena: O que será que deve ter acontecido? - olhei para o nada pensativa.

Sabia que a profissão deles dois era bastante perigosa e que haviam muitas pessoas querendo prender eles. Mas quando começaram a vir, achei que tomassem bastante cuidado para não serem pegos.

Pelo que o Marco me disse, eles estavam sendo perseguidos, mas que nenhum estava machucado.. pelo menos não tão sério assim. Eu gostava dos dois mais do que queria e me preocupava, se algo acontecer com eles e principalmente com o Marco, não sei o que faria.

Suspirei e senti o olhar da Gabi em mim.

Eu ainda não tinha falado nem contado nada a ela, o que estava me deixando maluca. Gabi é minha melhor amiga, a irmã que não tive. Desde que viramos amigas compartilhamos tudo e não entendia porque estava com tanto receio de me abrir com ela e falar que havia sido demitida.

Talvez por ter acobertado o pai dela em várias coisas, coisas que muitas vezes eu não sabia o motivo de estar fazendo. Porque aquilo mancharia não só a imagem dele, mas a minha.

Gabi: Sê. - me chamou. A olhei, que me olhava com tanto carinho. Eu sorri levemente para ela, mas senti meus olhos encherem de lágrimas. - Amiga, o que foi? - se sentou ao meu lado. - O que está acontecendo com você? Me conta, vai. Não vou te julgar nem nada, você sabe muito bem disso.

Suspirei fundo e deitei minha cabeça em seu ombro.

Serena: Seu pai... me demitiu. - ela não falou nada, apenas me abraçou forte de lado. - E o pior... foi por causa dos meninos.

Gabi: Ham? Como assim? - levantei minha cabeça e me encostei no sofá. - O Rian e o Marco? Como foi isso, Serena?

Serena: Eu não sei, Gabriela. Não sei seu pai colocou alguém atrás de nós, mas tinha fotos nossas entrando no morro. - ela franziu o cenho. - Ele mostrou isso na sala de reuniões, na frente de todos os sócios.

Gabi: Meu Deus! Mas... que filho da puta! - falou indignada. - Isso é tão baixo, mas vindo do Hernando eu não me surpreendo com absolutamente nada.

Serena: É. Acusei ele de calúnia, usei argumentos plausíveis, mas nada adiantou. Todos estavam contra mim naquela sala e não deu para continuar, ele me demitiu e, em seguida, falei que não precisava, eu mesma iria me demitir. - falei com um nó na garganta.

Gabi: Amiga.. - ela fez carinho no meu cabelo. - Se tivesse me dito isso antes, eu iria resolver cara a cara com ele. Falar poucas e boas para aquele... homem sem noção.

Serena: Mas não sai tão por baixo assim. - me olhou interessada. Arrumei minha postura e encarei minhas mãos. - A algum tempo eu vinha acobertando algumas ações do Hernando. Ele... traía sua mãe com.. você sabe, garotas de programa. Ele gastou tanto dinheiro com isso, Gabi, que a empresa estava por um fio. Sorte que consegui mais sócios e consegui recuperar boa parte do que havia sido perdido.

Levantei meu olhar e vi que a Gabriela me olhava sem expressão nenhuma. Estava me sentindo muito desconfortável com aquilo e desviei meu olhar novamente.

Gabi: Porque não me contou? - perguntou lentamente.

Serena: Non sei. - olhei para ela. - Eu estava... empolgada com o emprego, morando aqui contigo e.. não queria que nada disso acabasse. Sei que errei e que deveria ter te falado tudo logo, mas tive medo. Seu pai é um homem sem caráter nenhum, ele poderia fazer qualquer coisa comigo. - ela acenou com a cabeça. - Perdono, perdono.

Vi ela relaxar os ombros e suspirar fundo.

Gabi: Tudo bem, Serena. Você não tem culpa de nada, meu pai sempre fez isso com a minha mãe... o que eu odiava. Eu odeio tanto aquele homem e... - parou de falar, pois a campainha tocou. - Meu Deus, está esperando alguém?

Serena: Não. - neguei. - Não deve ser ninguém importante.

Ela bufou e se levantou indo abrir a porta. Olhei por cima do ombro da Gabi, para ver se via quem era, mas nada.

Gabi: O-o que... veio fazer aqui? - escutei ela perguntar.

Henri: Como assim? Não posso mais visitar minha afilhada?

Franzi a testa. Era o padrinho da Gabi? O irmão do Hernando? O que ele estava fazendo aqui a essa hora?

Gabi: Po-pode. - gaguejou. - Só não estava esperando. Entra. - deu espaço e pude ver o homem mais de perto.

Gabriela já tinha me mostrado uma foto dele quando me apresentou toda sua família e falou de casa um. Ele era um homem alto, mais até do que o Hernando, tinha cabelos grisalhos, era muito forte e vestia a farda da polícia.

Pelo que sei, ele é comandante, eu acho. E seus pais não ficaram tão felizes com a profissão que ele escolheu, mas apoiou o filho mesmo assim. Ele e o Hernando não se dão tão bem assim, o motivo? Não sei, e acho que a Gabi também não.

Abri o meu melhor sorriso para o homem e me levantei.

Henri: Olá. - falou.

Serena: Oi! Quer algo para beber? Uma água, café, suco? - perguntei gentil.

Henri: Não, eu estou bem, muito obrigado. - acenei levemente com a cabeça.

Gabi: Então, padrinho, qual o motivo da sua vinda aqui? - perguntou desconfiada de algo. - Sei que não veio aqui só para me ver. - o homem a olhou.

Henri: Claro que sabe. - franzi mais a testa. - Vim aqui também alertar vocês de um perigo.

Serena: Perigo? Que perigo? - os dois me olharam.

Henri: Bom, após algumas investigações, descobrirmos que está muito frequente a visita de alguns bandidos aqui nesta área. Ontem fizemos uma perseguição com dois deles, mas não tivemos muito sucesso. - eu engoli o seco. Gabi arregalou os olhos.

Era ele que estava atrás dos meninos?

Henri: Pois é, eu sei que é assustador. - disse nos olhando. - Por isso, vim alertar vocês e dizer para tomarem bastante cuidado. Não quero que nada aconteça com minha afilhada preferida e a amiga dela. - Gabi assentiu.

Gabi: Claro.. nós.. iremos tomar todo cuidado possível, padrinho.

Henri: Fico feliz. Bom, era apenas isso. Outra hora venho e fico mais, mas agora preciso ir, tenho alguns assuntos para resolver.

Gabi: Tudo bem. - ele andou em direção a ela e beijou sua testa. - Até mais, tio!

Henri: Até mais, Gabriela. - ele me olhou e acenou com a cabeça, apenas sorri. - Tchau. - disse e saiu do apartamento fechando a porta.

Nós ficamos alguns minutos em silêncio, até que a Gabriela fez uma expressão irritada.

Serena: O que foi?

Gabi: Isso só pode ser coisa do meu pai. - olhei sem entender.

Serena: Como assim?

Gabi: Meu tio não viria aqui só para falar isso. Tenho certeza que o Rian e o Marco não são os únicos a circularem por aqui... não sei, mas algo me diz que o Hernando está metido nisso. - me olhou. - De qualquer forma, temos que ter cuidado. Agora, mais do que nunca, vai ter policiais aqui por perto, então temos que ter cuidado com eles.

Serena: Ok. E o que vamos fazer se quisermos ver os meninos? - me olhou por alguns segundos. - Gabi?

Gabi: Eu não sei, Serena, eu não sei.

Suspirei e me afundei no sofá.

Porque isso agora?

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