Six

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— Carona? — Simone assentiu. — Não quero atrapalhar... e eu estava brincando, posso ir andando.

— Não vou deixar você sozinha aqui, você cuidou da minha filha e eu te devo algo em troca.

— Não cuidei dela por querer algo em troca.

— Eu sei... me perdoa. Vou colocar ela no bebê conforto e já volto.

— Posso te ajudar.

Simone foi até o seu carro, e abriu a porta do mesmo, ajeitou Mafe no bebê conforto, que se mexeu um pouco e quase acordou, mas ao ouvir sua mãe cantarolar uma música foi se acalmando e voltou a dormir.

— O mimi. — Soraya entregou o ursinho a Simone.

— Eu tenho que lavar ele... posso te levar em casa ou quer que eu chame um táxi, professora Thronicke?

— Vou andando, não se preocupe. — Soraya virou as costas e começou a andar, Simone sentiu uma culpa em deixar a mulher ir sozinha, já que estava anoitecendo.

— Espera, eu te levo. — Segurou o braço da outra. — Não vai me atrapalhar de jeito nenhum, estou evitando ir para casa mesmo.

— Já que insiste tanto, pode pedir um táxi para mim.

— Não seja teimosa, eu nem tenho esses aplicativos... será mais fácil eu te levar, entra no carro.

Soraya não teve outra opção, Simone abriu a porta do passageiro, a loira se aconchegou no banco de couro e esperou Simone entrar no carro, sentiu um perfume forte invadir suas narinas quando a outra sentou no banco do motorista.

— Me diga o seu endereço... — Simone retirou a chave do bolso.

Soraya falou o seu endereço, Simone notou o mesmo no GPS e seguiu, era um pouco longe da escola, Simone acabou deduzindo que Soraya gastaria pelo menos trinta minutos se voltasse caminhando.

— É um pouco longe. — Simone disse.

— Se quiser pode me deixar no parque...

— Fique tranquila, eu só estou preocupada... é perigoso andar sozinha esse horário. — Coçou a nuca ao parar no sinal vermelho.

— Mimi é uma garota muito esperta.

— Mimi? — Simone riu.

— Sim, gosto de dar apelidos para meus alunos, Dra. Simone. — Soraya sorriu para a morena, que voltou a ficar séria ao se concentrar no trânsito.

Seguiu o caminho para casa de Soraya, que estava um pouco desconfortável, era uma situação engraçada até, olhava Mafe na esperança da menina chorar e precisar de atenção para ela poder ir para o banco de trás.

— Aqui é sua casa? — Simone perguntou ao estacionar na frente da casa de Soraya.

— É sim.

— Você tem um ótimo gosto.

— Ah... obrigada. — Sorriu sem graça e destravou o cinto.

— Eu que agradeço por ter ficado com Maria esse tempo todo.

— Ela é um anjo, amanhã te vejo na escola?

— Não, irei levar Maria para casa e vou voltar pro hospital, Clarisse que irá levar ela.

— Entendi... até outro dia então. — Abaixou o pino e abriu a porta do carro, saindo do mesmo logo em seguida.

Simone esperou a outra entrar dentro de casa para dar partida, fez o percurso de volta para sua mansão, não queria ter que enfrentar Clarisse ou sua sogra.

— Será que podemos ir para algum lugar e ficar... — Olhou pra Maria Fernanda no bebê conforto e percebeu que ela segurava algo brilhante.

— Daqui para a mamãe. — Mafe começou a bater o colar no banco do carro, a mais velha esticou o corpo para trás e pegou o cordão.

— Soraya...?

— Mimi. — Mostrou o ursinho para sua mãe.

— Sim, mimi. — Sorriu para Maria.

Acendeu a luz do carro e verificou o colar, ele havia o nome gravado da professora e parecia ser muito delicado, provavelmente ela mandou fazer.

— Mamãe deve ligar para sua professora, em? — Mafe a olhou. — É uma péssima ideia, eu sei.

Simone pensou por alguns minutos se seria uma boa ideia ligar pra Soraya, mas ao ver seu pager apitar percebeu que estava atrasada demais e teria que entrar dentro de casa.

— Vamos lá então. — Guardou o colar em seu bolso e saiu do carro.

(...)

01:09 AM.

— Dra. Simone, seu paciente da sala quinze está precisando de uma exploratória.

— Marque a cirurgia para mim. — Sorriu para enfermeira e seguiu para sala de sobre aviso, precisava dormir um pouco.

Trancou a porta, tirou seus sapatos e se deitou na beliche, pensou em como sua vida estava mudando de uma hora pra outra tão rápido.

— Soraya... — Pegou o colar que estava em seu bolso e passou os dedos sobre o nome gravado.

Se sentia uma tola, pois havia julgado a mulher desde que a conheceu, quando descobriu que ela seria professora de Maria Fernanda, ficou com medo dela não saber como cuidar de sua filha, mas ela havia surpreendido a morena desde o primeiro dia, e ela esperava que continuasse assim.

— Ela deve estar dormindo, tira essa ideia de ligar pra Soraya da mente. — Falou para si mesma.

Não conseguiu dormir ao pensar em seus problemas e decidiu levantar, passou algumas visitas e verificou a emergência, tudo parecia estar tranquilo.

— Que saudades da minha residência. — Sentou-se ao lado de Bruno que assistia os internos fazendo suturas nas frutas.

— Lembra que uma vez apostamos um transplante de coração?

— Lembro sim, se eu fizesse a sutura primeiro iria auxiliar, e você faria toque retal por um mês.

— Você ganhou... sempre foi apressada e forte, por isso é a melhor cirurgiã de trauma desse hospital.

— Quero ser a melhor do Estado.

— Como foi o primeiro dia de aula?

— Bom, como você ficou sabendo, Clarisse não foi buscar Maria Fernanda... mas a professora dela foi compreensiva e ficou com ela até eu chegar.

— Ela é um anjo.

— Acabei levando-a para casa em forma de agradecimento.

— Ela é bonita?

— Hm... — Simone parou por um tempo, não havia reparado em Soraya diretamente, mas ao pouco que se lembrava, era uma mulher muito charmosa e simpática. — Acho que é.

— Acha?

Simone pegou o colar que estava no bolso do seu jaleco, achava o nome da loira forte e havia muita presença nele, a verdade é que Simone tinha se encantado com esse nome por algum motivo, o qual era desconhecido por ela, mas queria descobrir.

Moments - AdaptaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora