Twenty

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Toronto, Cidade do Canadá.

10:28 AM.

— Tânia, seu celular está tocando. — Tânia levantou da cama com o lençol enrolado no corpo, pegou o celular e atendeu a ligação.

— Soraya?

— Oi. — Ouviu a voz da outra. — Te acordei?

— Sim. — Tânia voltou a deitar na cama.

— É que eu e Simone estamos indo aí.

— Algum motivo específico?

— Acho melhor Simone te explicar quando chegarmos.

— Tudo bem, vou esperar vocês.

— Okay. — Soraya desligou a chamada.

— Quem era?

— Soraya e Simone estão vindo aqui, vai se arrumar.

— Vou ficar aqui mesmo...

— Carina, você está na minha casa, esqueceu?

— É que você dormiu tantos dias no meu apartamento. — Carina soltou uma risada nasal.

— Vamos tomar um banho.

Carina levantou junto com Tânia e foram até o banheiro, tomaram um banho com algumas trocas de carinho e ao finalizar preparam algo de café da manhã.

— Elas chegaram. — Tânia parou de comer o bolo e foi atender a porta.

— Bom dia. — Deu passagem para elas adentrar.

— Bom dia. — Soraya estava com Maria Fernanda no colo.

— Está tudo bem, aconteceu alguma coisa? — Tânia fechou a porta.

— Sim. — Simone suspirou. — Clarisse decidiu lutar pela guarda de Maria Fernanda.

— Ela não fez isso.

— Eu também não entendi, ela nem gosta de Fefe o suficiente.

— Faz dois dias que ela foi visitar Fefe, não achei que ela teria essa coragem.

— Ela disse alguma coisa?

— Não, apenas deu uma de boa mãe e brincou com Fefe por uma hora.

— Sabia que ela não iria aceitar a separação tão fácil. — Simone negou com a cabeça e respirou profundamente.

— Vou levar Maria Fernanda pra brincar. — Soraya coçou a garganta sem graça e forçou um sorriso.

— Carina preparou café da manhã, fiquem à vontade.

— Obrigada. — Soraya saiu da sala e foi até a cozinha.

— Já conversou com sua advogada?

— Marcamos uma reunião hoje.

— Vai ficar tudo bem, ela não vai ganhar essa.

— Tenho medo, e se ela quiser a guarda compartilhada?

— Ela só está fazendo isso pra te afetar, e prejudicar... essa é a única razão.

— Achei que ela tinha aceitado.

— Estamos falando de Clarisse. — Tânia sentou ao lado de Simone e abraçou a irmã. — Ela não tem chances de conseguir alguma coisa, ela é uma péssima mãe.

— Eu sei, mas ainda tenho medo.

— Não deixa isso transparecer, mostrar vulnerabilidade é pior.

— Vou tentar. — Tânia beijou o rosto da mais nova e sorriu. — E você e Carina?

— Ela é ótima... vamos dizer que ela não é tão inexperiente assim.

— Soraya me surpreendeu também.

— Percebeu que a vida não é só cirurgia, Simone?

— E tem outra coisa também....

— Fala. — Tânia olhou a outra um pouco curiosa.

— Ela disse que me ama... e é totalmente recíproco.

— Você disse isso a ela?

— Sim, acho que estou me sentindo completa depois de anos, algo está mudando e voltando ao normal.

— Que orgulho de você, nem parece aquela Simone de uns dois meses atrás. — Brincou e sorriu pra outra.

— Você disse que não precisava de ninguém e seus peixes eram suficientes. — Devolveu a brincadeira.

— Não é bem assim, é diferente.

— Não é não. — Simone provocou a irmã e empurrou o ombro da mesma. — Mas ela está cuidando bem de você, está te fazendo bem?

— Pior que está, ela me surpreende cada vez mais e cada dia vejo motivos para me apaixonar por ela.

— Você está me assustando, falando de sentimentos.

— Imagina minha surpresa quando soube que você deu oportunidade para conhecer alguém?

— Tânia, Carina está te chamando. — Soraya apareceu na sala.

— É, okay. — Levantou-se do sofá e sorriu para loira. — Depois vocês vão lá comer. — As duas assentiram e Tânia saiu do campo de visão de ambas.

— Bebê, como você está?

— Acho que tô precisando realizar uma cirurgia de emergência. — Soraya sentou no colo da mais velha e envolveu seu braço ao redor do pescoço da mesma.

— Você volta amanhã, certo? — Simone assentiu e abraçou a cintura de Soraya. — Já estou aceitando a ideia de ficar quarenta e oito horas sem te ver.

— Você pode me visitar, sabia?

— Posso?

— Sim, se quiser tem uma sala de descanso lá. — Soraya estreitou os olhos para outra e sorriu. — Não nesse sentido, se você quiser descansar comigo... as camas são confortáveis até.

— Então sua ideia de encontro é me levar no hospital e fazer eu velar seu sono?

— Você pode assistir algumas cirurgias, tem casos bem interessantes.

— Prefiro te esperar em casa.

— Queria conversar com você sobre outra coisa.

— Pode falar, bebê.

— Quer ficar com Maria Fernanda durante meu plantão? — Soraya franziu o cenho. — É que eu não encontrei nenhuma babá e querendo ou não, quando Clarisse estava ela ficava com Fefe durante meus plantões.

— Quer que eu seja babá dela?

— Não, não. — Sorriu e segurou o rosto de Soraya. — Quero que cuide dela como alguém que eu estou me relacionando.

Simone pensou por um tempo e procurou palavras certas, não queria que Soraya pensasse que viraria mãe de uma hora pra outra ao se envolver com ela, queria explicar de forma natural e nem tão assustadora que ela poderia conhecer a menina melhor e construir uma relação com a garotinha além de aluna e professora.

*

9/10

Moments - AdaptaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora