Two

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Toronto, Cidade do Canadá.

07/02/2020.

12:32 PM.

- Idade da paciente. - Simone pegou o estetoscópio e verificou os batimentos da outra.

- Bom, aqui tem a identificação... ela tem vinte e sete anos e tem um pequeno corte na testa, e pelo que fiquei sabendo, ela que causou o acidente.

- Não acredito, esse dia não podia ficar pior! - Simone disse ao ver o vômito da paciente sujar seu uniforme.

- Meu Deus, perdão... - A loira riu e voltou para maca.

- Limpe a paciente, eu vou me trocar e já venho suturar a testa dela.

- Posso suturar para você...

- Não, você é interna, e eu quero ocupar minha mente com algo... e dar um esporro nessa mulher vai melhorar o meu humor.

- Tudo bem...

- Emma, ao terminar de fazer os exames e injetar o soro, procure notícias da minha filha.

A interna fez uma nota mental e assentiu, após furar a paciente ao menos seis vezes, Simone tomou as frentes para injetar o soro.

- Viu como é fácil? - Simone aplicou a agulha na veia da loira. - Prontinho.

- Novata? - A paciente perguntou e Simone assentiu.

- Primeiro plantão dela, sem piadas. - A morena ajustou o soro e se levantou. - Vá atrás de notícias sobre minha filha, eu cuido disso.

- Só não vai estragar meu rosto, sou linda demais para ficar com uma cicatriz na testa.

- Não sou cirurgiã plástica, mas tentei seguir o ramo por dois anos, fui treinada e sei fazer as melhores suturas desse hospital...

- Egocêntrica.

- Quer que eu deixe você igual o Frankenstein? - Simone lançou um olhar de reprovação para a paciente.

- Houve alguma morte?

- Sim, o primeiro paciente que eu atendi veio a óbito. - Simone limpou o ferimento. - A polícia vai querer falar com você, precisa do seu depoimento, então vou dar apenas uma anestesia local... vai doer um pouco.

- Tudo bem, será que vou presa?

- Provavelmente, você causou um acidente grave e estava em uma corrida clandestina.

- Mas não era minha intenção estar lá.

- Sei bem. - Simone já estava se estressando, aplicou a agulha no ferimento e se preparou para fazer as suturas.

- Isso doeu. - Simone revirou os olhos. - Eu só estava procurando um mercado, sou nova na cidade.

- Você não estava participando da corrida?

- Não, eu jamais correria ilegalmente.

- O que aconteceu? - Simone deu o primeiro ponto. - Isso aqui vai te render cinco pontos.

- Eu aguento, bom... quando eu fui fazer a curva, meu irmão me ligou, eu acabei parando o carro por alguns minutos e quando fui ver, meu carro estava do outro lado da rua.

- Mas disseram que o carro que causou o acidente, perdeu o controle.

- Foi o carro que bateu no meu que perdeu o controle, mas entendo que eu não deveria ter parado.

- Isso aí você explica para polícia.

- Sim, eu sei. - Sorriu fraco.

- Mas como você não teve culpa, acho que só terá que pagar alguma multa.

- Eu espero.

- Terminei aqui. - Simone fez um curativo no rosto da loira e sorriu. - Agora é só tomar anti-inflamatório para não infeccionar, e um remédio para enjoo.

- Obrigada, espero não te encontrar outra vez... - Olhou o nome da médica no jaleco dela. – Simone Tebet.

- Espero não te ver aqui outra vez, Soraya. - Sorriu para outra e retirou suas luvas, descartando as mesmas, saindo da sala logo em seguida.

(...)

- Seu humor está melhor? - Emma perguntou.

- Não, mas eu estou bem... me traga um café de dose dupla, vou precisar ficar aqui a noite toda. - Simone entregou o prontuário à enfermeira.

- Okay. - Emma revirou os olhos, ela fez faculdade de medicina para praticar, não fazer as vontades de uma médica chata.

- Assinei a alta da paciente Soraya, assim que os policiais falarem com ela, pode liberar a mesma. - Simone assinou seu nome no prontuário e deixou ao lado dos outros.

- Dra. Simone. - Ouviu Bruno a chamar. - Sua filha está bem, só houve um pequeno hematoma no joelho.

- Posso vê-la?

- Claro que sim, ela está no andar da pediatria... sala quinze.

- Obrigada por ter cuidado dela, e me desculpe pela confusão.

- Tudo bem, passar por um divórcio não deve ser fácil. - Bruno tocou seu ombro, saindo do seu campo de visão.

- Se minha interna vim aqui, fale para ela checar o paciente da cirurgia reparadora.

Simone conversou mais um pouco com a enfermeira sobre alguns pacientes, e assinou mais quatro altas.

Precisava de um banho, então foi para o vestiário, depois de um longo banho, colocou um uniforme limpo e seguiu em direção a pediatria.

- Oi, minha princesa. - Sua filha dormia.

- Ela acabou dormindo, estava cansada. - Clarisse explicou.

- Entendi. Eu conversei com meu advogado, e ele marcou uma audiência no próximo mês.

- Você quer seguir mesmo com essa ideia de divórcio? - Clarisse segurou a mão de Maria Fernanda. - E a nossa filha?

- Ela vai ficar bem, não se preocupe. - Simone caminhou para perto da maca e sentou na poltrona.

- Eu não.

- Mas eu sim. - Foi indiferente da dor da outra e não estendeu assunto.

- Vou deixar vocês a sós, a médica falou que ela irá receber alta daqui uma hora.

- Não vou deixar você levar ela para casa.

- Eu também sou mãe dela.

- Você nunca quis tê-la. - Simone segurou a raiva que cresceu dentro de si.

- Vai entrar nesse assunto outra vez?

- Vou, já que ele é o motivo principal do nosso divórcio.

- Não seja tola, eu a amo...só estava com medo de tudo se repetir.

- Você só aceitou Maria Fernanda porque eu me propus a tê-la, mas como você viu que ela não vai salvar nosso casamento... - Mafe se mexeu e soltou um choro baixo.

- Acha mesmo que eu me esforço para amá-la só para ter você outra vez?

- Você disse que nos deixaria a sós. - Mafe abriu os olhos castanhos brilhantes, um pouco tristes.

*

Oi gente, qualquer erro sinalize pra mim. Lembrando que é uma adaptação <3

Moments - AdaptaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora