Eleven

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— Vamos, estamos atrasadas. — Soraya olhou Simone que descia os degraus da escada e se aproximou da mesma. — Seu cabelo está um pouco bagunçado.

— Sério? — Simone franziu o cenho.

— Sim... — Soraya levou sua mão até o cabelo da outra e colocou uma mecha do mesmo para o lado, ajeitando seus fios bagunçados. — Assim está bem melhor.

— Obrigada. — Sorriu pra Soraya um pouco envergonhada. — Você fica linda de social, e fica mais perfeita usando esses óculos.

— Não gosto de usar óculos.

— Pois pode começar a gostar, porque eu adorei ver você usando. — Simone desceu os últimos degraus da escada e deixou um beijo no nariz da outra, que sorriu.

— Você também está perfeita com esse vestido... até parece uma mulher séria.

— Mas eu sou. — Soraya impediu que Simone desse mais algum passo e a prendeu no corrimão com a cintura. — Está tudo bem?

— Está sim, só queria dizer que você é... — Soraya arrastou seus lábios sobre o pescoço da outra, Simone suspirou ao sentir seu ventre embrulhar.

— Sou...? — A pergunta de Simone parou ao ouvir a campainha, logo Soraya coçou a garganta e se recompôs. — Quem será? — Simone ajeitou o vestido justo que usava e seguiu para perto da porta.

— Oi, Simone. — A morena se assustou ao ver Clarisse.

— Clarisse? — Olhou a mulher e sentiu um aperto no peito, como se o seu mundo fosse sumir, a sensação de abandono voltou a tomar conta de si, Simone queria parar tudo e voltar a chorar.

— Vim buscar meus pertences, amor. — Forçou um sorriso e entrou dentro da casa, passando por Simone. — Não tive tempo ontem e tive que vir hoje.

— Entendi... — Simone ia fechar a porta, mas avistou algumas pessoas andando na direção da entrada de sua casa. — Vai demorar muito?

— Soraya! — Clarisse disse ao ver que a outra tentava subir as escadas, mas foi obrigada a parar. — Agora Maria Fernanda tem aulas particulares?

— Bom... — Soraya tentou falar.

— Isso não é do seu interesse. — Falou a Clarisse. — Professora Thronicke, me espere no carro. — Jogou o molho de chaves que estava em sua mão em direção a Soraya, que pegou as chaves no ar.

— Lógico que é, tudo que envolve a nossa filha me interessa.

— Acho que você deixou de ser mãe dela dois dias atrás, quando abandonou Maria Fernanda. — Simone já sentia uma certa raiva dentro de si.

— Tanto faz. — Deu de ombros. — E você, me explique o que está fazendo aqui. — Olhou Soraya de cima a baixo.

— Isso já não é do seu interesse, é minha vida particular. — Passou pela sua ex e subiu alguns degraus da escada. — Agora vamos, Soraya ... precisamos resolver alguns assuntos pendentes para nossa viagem. — Entrelaçou seus dedos com os de Soraya.

— Você superou rápido. — Clarisse disse com certa ironia. — Já até trouxe qualquer uma para dentro de casa.

— Clarisse...

— Te aguardarei no carro, Dra. Simone. — Soraya soltou a mão da outra e desceu os degraus, passou por Clarisse ignorando a presença fútil da mesma.

— Agora vou pegar minhas coisas... — Clarisse subiu a escada. — Estou com saudades. — Disse próxima ao pescoço de Simone.

— Isso já não é problema meu.

Foi a última coisa que Simone disse antes de seguir Soraya, que estava encostada no carro com os braços cruzados, parecia estar pensando.

— Está bem? — Simone perguntou ao chegar perto da outra. — Eu não sabia que ela viria, me perdoa. — Forçou um sorriso.

— Eu sei. — Soraya se aproximou da morena. — Não precisa se desculpar, agora podemos ir?

— Claro, você dirige?

— Ganharia algo em troca se fizer isso? — Soraya perguntou com a voz um pouco mais baixa.

— Dirija e irá descobrir. — Piscou para a loira, que negou com a cabeça.

— Saiba que eu... — Soraya olhou sobre seus óculos e viu que Clarisse as observava. — Você está tão atraente com esse vestido. — Levou suas mãos a cintura da outra e grudou seus corpos.

— Soraya...— Simone engoliu a seco quando seu lóbulo foi puxado levemente.

— Eu vou dirigir, mas não é querendo algo em troca, Dra. Simone — Sussurrou perto do ouvido da outra.

Simone assentiu e afastou seu corpo, Soraya deu a volta no carro e entrou no banco do motorista, ao ver que Simone havia afivelado o cinto, girou a chave e manobrou o carro para sair da garagem.

— Tenho que passar em casa para pegar meu carro.

— Pode usar o meu, não tem problema.

— Sei bem, mas tenho que levar Duque para Gustavo. — Soraya olhou o retrovisor.

— Adoraria levar ele.

— Eu também. — Soraya sorriu. — Você busca Maria Fernanda e eu posso resolver o assunto do meu passaporte.

— Não íamos juntas?

— Sim, mas não irá ficar cansativo pra Fefe?

— Podemos conversar com Tânia, aí buscamos ela antes do almoço.

— Você diz na volta?

— Sim. — Soraya apenas assentiu. — Ei, você está bem?

— Sim, por que não estaria?

— Você está estranha... — Simone já conhecia Soraya o suficiente para saber que algo estava errado.

— Posso ser sincera com você?

— Pode.

— Não gostei de ver Clarisse, isso mudou completamente meu humor.

— Te entendo...

— Sabe, Maria Fernanda não merecia tanto desprezo da própria mãe, ela é uma criança tão doce... merece todo amor do mundo.

— Clarisse não foi nenhum pouco humana com essa decisão mesmo.

— Não mesmo, mas Maria Fernanda está rodeada de pessoas que a amam de verdade, isso é o que realmente importa.

— Soraya.

— Pode falar.

— Ficou ofendida com alguma palavra de Clarisse?

— Não, preciso de muito mais para me rebaixar ao nível de Clarisse e me ofender com alguma palavra proferida da boca dela. — Soraya pisou no acelerador, mexendo no volante e com Simone também. — Para falar a verdade, ela abandonar Fefe me ofende muito mais.

— Você fica extremamente atraente dirigindo.

— Eu sei. — Olhou sobre os ombros e piscou para outra, que desviou olhar.

Moments - AdaptaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora