— Vamos, estamos atrasadas. — Soraya olhou Simone que descia os degraus da escada e se aproximou da mesma. — Seu cabelo está um pouco bagunçado.
— Sério? — Simone franziu o cenho.
— Sim... — Soraya levou sua mão até o cabelo da outra e colocou uma mecha do mesmo para o lado, ajeitando seus fios bagunçados. — Assim está bem melhor.
— Obrigada. — Sorriu pra Soraya um pouco envergonhada. — Você fica linda de social, e fica mais perfeita usando esses óculos.
— Não gosto de usar óculos.
— Pois pode começar a gostar, porque eu adorei ver você usando. — Simone desceu os últimos degraus da escada e deixou um beijo no nariz da outra, que sorriu.
— Você também está perfeita com esse vestido... até parece uma mulher séria.
— Mas eu sou. — Soraya impediu que Simone desse mais algum passo e a prendeu no corrimão com a cintura. — Está tudo bem?
— Está sim, só queria dizer que você é... — Soraya arrastou seus lábios sobre o pescoço da outra, Simone suspirou ao sentir seu ventre embrulhar.
— Sou...? — A pergunta de Simone parou ao ouvir a campainha, logo Soraya coçou a garganta e se recompôs. — Quem será? — Simone ajeitou o vestido justo que usava e seguiu para perto da porta.
— Oi, Simone. — A morena se assustou ao ver Clarisse.
— Clarisse? — Olhou a mulher e sentiu um aperto no peito, como se o seu mundo fosse sumir, a sensação de abandono voltou a tomar conta de si, Simone queria parar tudo e voltar a chorar.
— Vim buscar meus pertences, amor. — Forçou um sorriso e entrou dentro da casa, passando por Simone. — Não tive tempo ontem e tive que vir hoje.
— Entendi... — Simone ia fechar a porta, mas avistou algumas pessoas andando na direção da entrada de sua casa. — Vai demorar muito?
— Soraya! — Clarisse disse ao ver que a outra tentava subir as escadas, mas foi obrigada a parar. — Agora Maria Fernanda tem aulas particulares?
— Bom... — Soraya tentou falar.
— Isso não é do seu interesse. — Falou a Clarisse. — Professora Thronicke, me espere no carro. — Jogou o molho de chaves que estava em sua mão em direção a Soraya, que pegou as chaves no ar.
— Lógico que é, tudo que envolve a nossa filha me interessa.
— Acho que você deixou de ser mãe dela dois dias atrás, quando abandonou Maria Fernanda. — Simone já sentia uma certa raiva dentro de si.
— Tanto faz. — Deu de ombros. — E você, me explique o que está fazendo aqui. — Olhou Soraya de cima a baixo.
— Isso já não é do seu interesse, é minha vida particular. — Passou pela sua ex e subiu alguns degraus da escada. — Agora vamos, Soraya ... precisamos resolver alguns assuntos pendentes para nossa viagem. — Entrelaçou seus dedos com os de Soraya.
— Você superou rápido. — Clarisse disse com certa ironia. — Já até trouxe qualquer uma para dentro de casa.
— Clarisse...
— Te aguardarei no carro, Dra. Simone. — Soraya soltou a mão da outra e desceu os degraus, passou por Clarisse ignorando a presença fútil da mesma.
— Agora vou pegar minhas coisas... — Clarisse subiu a escada. — Estou com saudades. — Disse próxima ao pescoço de Simone.
— Isso já não é problema meu.
Foi a última coisa que Simone disse antes de seguir Soraya, que estava encostada no carro com os braços cruzados, parecia estar pensando.
— Está bem? — Simone perguntou ao chegar perto da outra. — Eu não sabia que ela viria, me perdoa. — Forçou um sorriso.
— Eu sei. — Soraya se aproximou da morena. — Não precisa se desculpar, agora podemos ir?
— Claro, você dirige?
— Ganharia algo em troca se fizer isso? — Soraya perguntou com a voz um pouco mais baixa.
— Dirija e irá descobrir. — Piscou para a loira, que negou com a cabeça.
— Saiba que eu... — Soraya olhou sobre seus óculos e viu que Clarisse as observava. — Você está tão atraente com esse vestido. — Levou suas mãos a cintura da outra e grudou seus corpos.
— Soraya...— Simone engoliu a seco quando seu lóbulo foi puxado levemente.
— Eu vou dirigir, mas não é querendo algo em troca, Dra. Simone — Sussurrou perto do ouvido da outra.
Simone assentiu e afastou seu corpo, Soraya deu a volta no carro e entrou no banco do motorista, ao ver que Simone havia afivelado o cinto, girou a chave e manobrou o carro para sair da garagem.
— Tenho que passar em casa para pegar meu carro.
— Pode usar o meu, não tem problema.
— Sei bem, mas tenho que levar Duque para Gustavo. — Soraya olhou o retrovisor.
— Adoraria levar ele.
— Eu também. — Soraya sorriu. — Você busca Maria Fernanda e eu posso resolver o assunto do meu passaporte.
— Não íamos juntas?
— Sim, mas não irá ficar cansativo pra Fefe?
— Podemos conversar com Tânia, aí buscamos ela antes do almoço.
— Você diz na volta?
— Sim. — Soraya apenas assentiu. — Ei, você está bem?
— Sim, por que não estaria?
— Você está estranha... — Simone já conhecia Soraya o suficiente para saber que algo estava errado.
— Posso ser sincera com você?
— Pode.
— Não gostei de ver Clarisse, isso mudou completamente meu humor.
— Te entendo...
— Sabe, Maria Fernanda não merecia tanto desprezo da própria mãe, ela é uma criança tão doce... merece todo amor do mundo.
— Clarisse não foi nenhum pouco humana com essa decisão mesmo.
— Não mesmo, mas Maria Fernanda está rodeada de pessoas que a amam de verdade, isso é o que realmente importa.
— Soraya.
— Pode falar.
— Ficou ofendida com alguma palavra de Clarisse?
— Não, preciso de muito mais para me rebaixar ao nível de Clarisse e me ofender com alguma palavra proferida da boca dela. — Soraya pisou no acelerador, mexendo no volante e com Simone também. — Para falar a verdade, ela abandonar Fefe me ofende muito mais.
— Você fica extremamente atraente dirigindo.
— Eu sei. — Olhou sobre os ombros e piscou para outra, que desviou olhar.
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Moments - Adaptação
Fanfiction{CONCLUÍDA} Simone Tebet, uma cirurgiã renomada na especialidade do trauma, está passando por um momento difícil em sua vida, tendo que se divorciar de sua esposa Clarisse e brigar pela guarda de sua filha Maria Fernanda, mas Clarisse não irá ceder...