𝓥𝖊𝖓𝖊𝖓𝖔, 𝓕𝖔𝖌𝖔 𝖊 𝓢𝖆𝖓𝖌𝖚𝖊, 𝓐𝓮𝓶𝓸𝓷𝓭 𝓣.

𝟎𝟎𝟐

𝓣𝓱𝓮 𝓛𝓸𝓻𝓭 𝓸𝓯 𝓽𝓱𝓮 𝓣𝓲𝓭𝓮𝓼

𝓐pós acompanhar seu tio em um voo, Visenya recolhe-se em seus aposentos. Ao perceber que o entardecer já se aproxima, decide contemplar o pôr do sol na sacada de seu quarto. Daquela posição elevada, tem uma vista privilegiada do horizonte tingido de tons dourados, com as entradas da fortaleza logo abaixo.

Descansando os ombros no parapeito de pedra, a princesa reflete sobre o retorno a King's Landing após tantos anos, uma mistura de nostalgia e desconforto. O que mais a surpreende é a mudança em seu tio, Aemond, desde a última vez que o viu. Visenya recorda-se de ser mais alta que ele na infância, porém agora, percebe que alcança apenas o queixo de Aemond.

E então, para seu desgosto, seus pensamentos voltaram-se para Aegon. Desde sua chegada, não o havia visto, e agradecia aos Sete por isso. No entanto, sabia que inevitavelmente o encontraria no dia seguinte, tendo que forçar empatia e respeito pelo tio. Entre os filhos de Alicent, Helaena era a única que ela realmente apreciava até o momento. Quanto a Daeron, o filho mais novo, Visenya nunca teve a chance de conhecê-lo, pois Alicent o enviara para ser criado em Vilavelha, seguindo os costumes da Casa Hightower. E, por fim, Aemond.

Sobre sua relação com o tio, tudo que restava eram lembranças de uma amizade infantil que se dissipara em circunstâncias conturbadas. Apesar disso, Visenya ainda mantinha respeito por ele, e acredita que o mesmo se aplicava.

Os pensamentos da jovem são interrompidos quando percebe uma movimentação suspeita logo abaixo de sua sacada. Seus olhos se fixam em uma figura encapuzada, esgueirando-se pelas paredes de pedra da fortaleza. Pela silhueta, apenas perceptível sob a capa, é possível deduzir que se trata de um homem.

Um homem se esgueira pelos becos do castelo, onde Visenya podia tê-lo avistado mais facilmente. Vestia uma armadura da Patrulha da Cidade, embora a garota não conseguisse lembrar-se de tê-lo visto antes, o que não era surpreendente, considerando que estivera fora por seis anos. Visenya observa-o atentamente, conseguindo distinguir uma boa parte de seu rosto; sua expressão era estranha, seus olhos inquietos, como se temesse ser descoberto.

Visenya sentiu-se intrigada com a presença do homem e observou-o até perdê-lo de vista. Decidiu deixar o assunto de lado por enquanto. Em seguida, pediu às damas de companhia que preparassem um banho para ela e, logo após, recostou-se em sua grande cama adornada com cobertores de veludo e entregou-se ao sono.