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Estávamos em Paris

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Estávamos em Paris.

Parecia loucura; porque era exatamente isso.

3 meses se passaram desde o dia em que nellie me xingou por ser tão repentina e despreocupada com a vida, o que era irônico em pensar, ja que ela estava ao meu lado naquele minuto, fazendo a mesma coisa que quase me apedrejou por citar.

Minha primeira impressão foi fazer uma careta pelo odor da cidade inteira. Por mais que eu soubesse que fedia, não imagina que seria em um nível absurdo desse jeito, porque até mesmo nellie - que quase não prestava atenção nessas coisas - reclamou constantemente nossa ida inteira para seu apartamento.

Estávamos empacotadas até a cabeça com nossas coisas, que naquele minuto, por aquele peso, pareciam totalmente desnecessárias.

Mas nenhum desses contras foram suficientes para me deixar triste, nenhum deles foram o suficiente para me fazer não encarar o imenso sena na nossa frente, que automaticamente  me tirou um sorriso satisfeito, até mesmo quando um enorme homem esbarrou em mim e em todas as minhas coisas enquanto eu continuava parada no tempo, derrubando tudo no chão.

— écarte-toi de mon chemin, il y a des gens qui veulent passer — pronunciou grotescamente enquanto dava passos rápidos e apressados.

O garoto falou; a única coisa que me tirou do meu mundo, para lembrar que estava em um lugar que não era minha casa e que quase ninguém falava minha língua.

Eu tinha quase certeza que já ouvira dizerem que os parisienses não eram os mais afáveis, muito menos educados, mas acreditei que isso não me afetaria tanto, já que era acostumada a levar reclamações ao longo do dia com facilidade. O homem alto e esguio sequer voltou para me ajudar, mas pouco me importei com isso, estava ocupada demais encantada com o lugar ao meu redor, mesmo que o odor que entrasse pelas minhas narinas me obrigassem a respirar fundo para tentar ignorar o cheiro de cigarro presente em boa parte da área.

Olhei mais uma vez, apenas para encontrar nellie com uma cara incrédula e irritada, com as mãos pesadas de coisas, assustada com o jeito parisiense, como se aquilo tivesse sido o suficiente para que ela surtasse internamente.

— Não me diga que vai deixar passar. — a garota me olhou com os olhos saltados, pronta para ameaçar o loiro que passou de um jeito arrogante. —

— Não é como se eu pudesse fazer muita coisa, nellie. — falei, explicando — sequer sei falar alguma coisa em francês.

— Estou começando a achar isso uma péssima ideia. — falou ajeitando uma de suas bolsas em seus braços cobertos pelo grande casaco. —

— Você está comigo, em Paris. Tente ignorar o restante, nellie. — abri um sorriso ao tentar reconforta-la —

Respirei fundo mais uma vez, puxando as bolsas, para que ficassem firmes em meus braços, e nós pudéssemos voltar a andar com tranquilidade - o que foi um pouco difícil pela quantidade absurda de malas ao nosso redor -.

The City Of Love - ケイOnde histórias criam vida. Descubra agora