Capítulo 1

251 10 1
                                    

Embora o Rei Jhonatan sentisse um ódio penetrante e uma tristeza interminável pela morte da Rainha, seus planos de tirar a vida de sua filha não puderam ser concretizados, apesar de todos os sentimentos negativos provenientes da situação, no fundo de sua alma ele sabia que a criança não havia tido culpa alguma de sua esposa não ter resistido ao parto, com esses pensamentos o Rei Jhonatan preferiu que Morgan fosse criada pelos servos do palácio, de preferência bem longe dele, a educação, saúde e diversão da criança agora não eram mais responsabilidade dele, por mais que ele fosse o pai da princesa.
Enquanto as servas cuidavam para que Morgan fosse criada da melhor forma possível, a princesa se apegava a uma das conselheiras de sua mãe que apesar da morte de sua Rainha permaneceu fiel a coroa, Maya, uma jovem de 20 anos que trabalhava desde muito nova dentro da corte, aconselhando e acompanhando a Rainha desde seu casamento. Maya foi uma das pessoas que foram mais afetadas quando a Rainha faleceu, por ter se feito fiel ao lado de sua ama por tanto tempo, porém se diferenciando do Rei, que se recusava a amar sua filha no lugar de sua esposa, Maya acolheu Morgan como sua, e a criou como se ela a tivesse dado a luz. Em momentos que Morgan estava nos braços de Maya, a criança a chamava de "mãe" e com o coração apertado, os olhos de Maya se enchiam de lágrimas ao pensar no amor incondicional que ela sentia por aquela pequena e indefesa princesa.
Os anos passaram tão rápido quanto a brisa do inverno, e logo Morgan havia completado seus 12 anos, e foi aos seus 12 anos que ela finalmente conheceu o verdadeiro pai que ela possuía. O Rei Jhonatan finalmente decidiu conversar com sua filha pela primeira vez, e olha-la nos olhos.

- " Morgan? Querida... Precisamos conversar " - disse Maya

- " Hmmm..." - a princesa murmura enquanto seu rosto ainda está enterrado no travesseiro. Era uma manhã muito fria, e as cobertas de lã pareciam muito confortáveis para se levantar.

- " Seu pai desejar falar com você... " - Maya está tensa quando se senta na cama ao lado de Morgan, ela passa uma de suas mãos pela cabeça da garota que quase adormece, até ouvir a palavra "pai". Morgan levanta a cabeça num vulto e olha para Maya com horror nos olhos sonolentos

- "Pai? Do que você está falando? Meu pai me odeia" - para Maya ouvir uma frase com tanto peso vindo de uma criança de 12 anos, era como uma facada em seu coração

- "Não diga besteiras, Morgan! Seu pai é o Rei, é um homem ocupado" - respondeu Maya - "Levante-se e vista-se"
Morgan apesar de nova, tinha conhecimento do seu posto na sociedade do Reino de Goldenwood, e sabia ainda mais que seu pai não morria de amores por ela. Ao se dirigir a sala do trono, pode finalmente ver o porte de homem que era o seu pai, o seu genitor. O Rei Jhonatan estava envelhecendo, e durante os anos que se seguiram após a morte da Rainha, ele envelheceu muito mais rápido do que o previsto, portava uma barba branca por fazer, os cabelos grisalhos penteados para trás com uma grande coroa completamente banhada em ouro. Quando o Rei ouviu os passos leves e fofos dos sapatos de Morgan, levantou o olhar para encarar a garota que mantinha as duas mãos atrás das costas, como sinal de respeito que havia aprendido observando Maya, ela se curvou em reverência e baixou o olhar.

- "Morgan..." - a fala que saiu como um suspiro da boca do Rei, sua voz firme ecoou pelas paredes do castelo vazio.

- "Vossa Majestade..." - Morgan respondeu ainda sem encarar seu pai nos olhos. Jonathan se assustou com a voz madura que emanava daquela figura pequena de 12 anos. O Rei percebeu que sua filha era completamente sua esposa no seu corpo de criança, Morgan possuía os mesmos olhos, os mesmos cabelos ondulados que iam até a cintura, a mesma postura que apesar de tímida impunha medo.

- "Aproxime-se..." - o Rei pediu hesitante

- "Receio que não deveria, Majestade." - Morgan respondeu finalmente levantando o olhar para encarar o seu pai

Tudo Pela Coroa Onde histórias criam vida. Descubra agora