E da mesma forma que correu o vento nos dias de inverno, correram os anos em Goldenwood. A princesa crescia, o Rei envelhecia e ele ainda não havia encontrado uma forma de convencer sua filha a tomar o trono quando ele o abdicasse. Morgan, que já era uma jovem de 16 anos, era conhecida por todos os camponeses como a reencarnação da Rainha falecida. As pessoas temiam a garota pelo seu jeito de ser e de responder as pessoas, ela era fria, direta, seu rosto não possuía nenhuma expressão, nunca dava um sorriso, sua feição era constantemente tomada por uma nuvem negra. Todos a viam como a filha mal criada do Rei Jhonatan, a princesa que havia sido criada no comodismo, mas a única pessoa que sabia da escuridão que se passava dentro do coração de Morgan, era sua mãe de consideração, a Maya que envelhecia a cada ano que se passava. Na mente de Morgan se passava a preocupação de perde-la também, Morgan não conheceria o amor se não fosse por Maya, ela não tinha ninguém para chamar de sua.
A princesa estava sempre triste ou com um rosto inexpressivo, mas naquele dia em específico seu coração batia quase que fora do peito, e seus olhos estavam constantemente cheios de lágrimas, era o aniversário da Rainha...
Após a morte de sua mãe, seu pai decidiu impor uma tradição anual para todos do Reino, o qual era designado a comemoração do aniversário da falecida Rainha de Goldenwood, todos do Reino, nobres e camponeses se faziam presente no palácio para dançar e comer, comemorar a vida que foi a Rainha Katherine, para mostrarem o amor e o carinho que ainda residia em seus corações por ela, para mante-la viva em suas mentes e almas. Morgan nunca conheceu sua mãe, nunca teve a chance de ama-la, mas desde sempre o peso da culpa recaia sobre seus ombros, e o aniversário de sua mãe era uma das datas mais insuportáveis que ela poderia conhecer. Todos do Reino fingiam estar felizes por comemorarem o aniversário da Rainha, mas no fundo sabia que todos os camponeses daquele Reino buscavam riquezas e comodismo dentro do palácio. Ela os odiava, ela odiava seu pai, ela se odiava...- "Você precisa descer para cumprimentar seu pai, querida... É um dia difícil para ele também" - Maya disse enquanto arrumava os aposentos de Morgan.
- " Meu pai não tem coração, duvido que ele se sinta triste pela morte dela, o objetivo dele é fazer a minha vida miserável" - respondeu Morgan, as palavras constantemente pulavam de sua boca ao mesmo tempo que passavam pela sua cabeça
- "Você precisa parar de falar dessa forma de seu pai, ele sofreu quando sua mãe faleceu, assim como todos desse reino sofreram, eu sofri pela morte dela... Sua mãe era minha melhor amiga, essa tradição é importante para que não me esqueça de como ela era. Se não fizer isso por si mesma, ou pior ainda, por seu pai, faça por mim, permita-se reconectar-se com sua mãe... " - Maya também sofria durante todo o baile, a falta que a Rainha fazia sobressaia a festa que todos faziam para tentar lembra-la.
- "Não há como eu me reconectar com alguém a qual eu nunca pude me conectar. Você entende que eu não conheci a minha mãe, Maya? Eu não tive a chance se sentir o amor materno, de ser acolhida por minha mãe, de ser envolvida pelos braços calorosos dela quando eu me assustei com os monstros debaixo da minha cama. E todos os dias o peso de ter matado a minha mãe recai sobre mim, não sou digna de estar lá e não pretendo estar lá. As pessoas vêm aqui no aniversário de minha mãe, para me olharem com desdém e pior ainda, para sentirem pena de mim, eu não preciso disso hoje... " - Morgan respondeu se levantando da penteadeira onde ela arrumava o cabelo impacientemente. Maya sabia que era inútil tentar contrariar a princesa, afinal de contas, ela aceitando isso ou não, ela era idêntica a sua mãe.
- " Você não matou a sua mãe, Morgan. Ela lutou para que você nascesse até o fim, e tenho certeza que ama você independente de onde ela esteja agora " - Maya agora estava com a cabeça baixa evitando os olhos da jovem, ela sabia que suas palavras não traziam conforto a ela. Morgan havia aprendido a aceitar o peso da culpa e vivia com ela todos os dias, e a cada dia, cada semana, a cada mês que se passava ela se tornava mais fria e inexpressiva, o amor e alegria não residiam no coração da Alteza de Goldenwood.
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Tudo Pela Coroa
Historical Fiction"Eis a Princesa amargurada, fruto de uma relação de amor verdadeiro, manchada e quebrada por seu próprio nascimento! Eis a Alteza de Goldenwood, cuja vida se resume ao sofrimento constante, a tortura, ao peso da culpa! Eis a Princesa Morgan Hernande...