Capítulo 01 - Encontros e desencontros

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Olá a todos! Essa é minha primeira história e espero que vocês gostem. Lembrando que sugestões, críticas, elogios são sempre bem vindos. Sem mais delongas, vamos lá!

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Capítulo 1 - Encontros e desencontros

A vida é uma caixinha de surpresas. Era isso que Valentina pensava enquanto arrumava suas malas para retornar ao Brasil.

Há cinco anos, Valentina decidiu que era hora de explorar novos lugares, até que se mudou para Portugal, onde montou seu estúdio de fotografia e se tornou uma referência internacional.
No começo não foi fácil. Sua mãe nunca aceitou muito bem o fato de que sua filha gostaria de ser fotógrafa e não advogada como o restante da família, o que tornou – por muito tempo – a convivência difícil entre duas.

Entretanto, Valentina sempre pôde contar com seu pai e principalmente com seu melhor amigo e irmão, Igor.

E justamente por serem muito ligados, que Valentina prometeu que estaria em sua festa de 30 anos. E como promessa é dívida, lá estava ela arrumando suas malas para embarcar naquela noite, com destino ao Brasil.

A Albuquerque Studio é um sucesso e também uma das maiores realizações de Valentina. O que começou com uma câmera em um quarto, no Brasil, hoje é uma das maiores empresas de fotografia e uma das empresas que mais faturam no país.

Pov Valentina

Atrasada. Essa era a palavra que me definia enquanto eu corria esbaforida pelo aeroporto.

Recebi uma ligação do Studio enquanto arrumava minhas malas e acabei me entretendo com o trabalho e me atrasando. Quando me dei conta, corri para o aeroporto.

Amanhã é a festa de aniversário do Igor, meu irmão. E eu prometi que estaria lá para celebrar com ele.

Igor não é só meu irmão, mas também é meu melhor amigo. Nossa diferença de idade é de apenas dois anos. Completei 28 recentemente e amanhã ele completa 30. Isso significa que o Igor esteve presente em todos os momentos da minha vida.

Foi ele quem esteve do meu lado, quando eu contei para meus pais aos 15 anos que eu era lésbica. E embora eu tenha sido sua caloura na faculdade de Direito, ele foi o primeiro a me apoiar a seguir no ramo da fotografia. Ele que me consolou quando eu tive meu coração quebrado pela primeira vez. Resumindo: ele sempre esteve lá por mim.

E agora eu me sinto uma irmã relapsa, porque não conheço nem sua namorada.

Desde que me mudei para Portugal, nos vimos poucas vezes. No começo eu sempre vinha para passar as datas comemorativas com minha família, mas com o crescimento do estúdio, comecei a ter menos tempo para estar com quem eu amo.

Demorei para me firmar no mercado. Mas hoje, a empresa consegue caminhar e eu tenho estabilidade financeira o suficiente para me dar esse luxo de me ausentar por 7 dias. Tenho uma equipe muito profissional que com certeza dará conta de tudo na minha ausência.

Saio dos meus devaneios quando ouço a comissário de bordo pedindo para todos afivelarem os cintos que o avião vai decolar. É isso. Estou voltando, Brasil!

Pov Luiza

Graças a Deus, hoje é sexta-feira! Acabei de chegar em casa e estou simplesmente morta.

Minha rotina é bem pesada durante semana. Somos apenas eu e o Léo e preciso me desdobrar para dar conta de tudo.

Engravidei aos 24 anos. Na época, namorava o Marcos. Ele foi meu primeiro namorado, nos conhecemos na escola, e ficamos juntos por 8 anos. Ele sempre foi um amor, me tratava super bem. Mas, quando descobri que estava grávida, ele simplesmente mudou da noite pro dia. Disse que não estava pronto, que não podia perder a faculdade por conta de filho e me abandonou.

Não foi fácil. Sofri muito com o término e com a possibilidade de criar meu filho sozinha. Embora tenha o apoio dos meus pais, minhas irmãs e da minha melhor amiga que é também madrinha do Léo, foi muito difícil enfrentar tudo isso.

Hoje, apesar de ter uma vida confortável, é bem corrido. Sou professora de dança. Tenho um estúdio em sociedade com minha melhor amiga, Duda. Nos damos muito bem, já que ela gosta de cuidar da parte burocrática e eu simplesmente amo dar aulas.

Entretanto preciso me desdobrar para trabalhar, levar e buscar o Léo na escola e com o restante dos afazeres domésticos. Sempre tive muito suporte, mas sou o tipo de pessoa que não gosta de dar trabalho pra ninguém, e isso inclui minha família. Sei que posso contar com eles, mas só peço em último caso.

Meu momento reflexivo é interrompido quando ouço meu celular tocando.

- Oi, amiga. Tudo bem? – Perguntei

- Até que enfim atendeu esse telefone né, Luiza? Tava fazendo o que hein danadinha?

A Duda leva absolutamente tudo pro lado da safadeza.

- Duda, pelo amor de Deus. O que você quer? – Pergunto enquanto ouço a risada do outro lado da linha.

- Só quero confirmar que você e o Léo vão comigo no aniversário do Igor amanhã. – Ela disse e pude sentir uma expectativa vindo da parte dela.

- Eu vou, amiga. Você já me perguntou isso um milhão de vezes. Porque essa ansiedade? – Pergunto, mas no fundo eu já sabia a resposta.

- Já te falei né Luiza. Amanhã a Valentina vai estar no Brasil. O Igor só fala dessa irmã o tempo inteiro. Eu preciso de reforços, preciso que a cunhadinha goste de mim. Além do mais, eu sei que a Valentina é lésbica e você é maravilhosa, vai me ajudar muito. – Ela começa a rir.

- Duda, não me faz desistir não, tá? – Digo, revirando os olhos. – Eu vou pra te fazer companhia, mas apenas isso. Tá me jogando pra cima da menina que você nem sabe se é solteira, e tem mais, você que eu sou hétero.

- Luiza, é porque tu não viu a foto dessa mulher. - Ela me interrompe. - Mas amanhã, quando você ver pessoalmente, você me diz se sobrou alguma coisa hétero em você. – E volta a rir.

Logo desliguei o telefone. O Léo sempre chega da escola com fome, e sei que tenho exatos 10 minutos para preparar algo pro jantar, antes dele começar a reclamar.

Nada é por acaso - VALUOnde histórias criam vida. Descubra agora