Nada é por acaso - VALU

Capítulo 02 - Olá, Brasil!

POV Valentina

Desperto ao ouvir a comissária pedindo para que todos os passageiros retornem suas poltronas para a posição original, pois vamos pousar.

Pego meu celular para checar o horário. 8 da manhã. Ótimo! Dá tempo de colocar o papo em dia antes do aniversário do Igor que será na hora do almoço.

Igor não mora com nossos pais, mas seu aniversário será na casa deles, já que é maior, tem churrasqueira e piscina e a ideia do Igor é aproveitar o dia ensolarado.

Ao pousar, tiro meu celular do modo avião e vejo que tem uma mensagem dele avisando que está lá fora me esperando. Eu sabia que mesmo dizendo que não precisava, ele estaria lá.

O calor do Rio de Janeiro me faz estranhar um pouco, já que estou com roupas quentes, considerando o frio que fazia em Portugal. Tiro meu sobretudo, cachecol e me permito respirar o ar daquele lugar que há muito tempo já não era mais minha casa.

Após quase 10 minutos de espera, consigo pegar minha mala e vou em direção a saída, procurando algum rosto conhecido e lá estava ele.

Apresso o passo e abraço meu irmão com mais força que o normal.

- Tico que saudade!! Meu Deus quanto tempo, que saudade. – Digo enquanto nos abraçamos.

- Que saudade, minha irmã! Devia ser crime você ficar tantos anos longe daqui e da gente. – Ele diz me fazendo rir.

- Você sabe que foi preciso, né? Mas o importante é que agora estou aqui. – Pego minha mala, mas Igor puxa da minha mão, fazendo menção de levar. Começamos a caminhar.

- E como estão as coisas? - Pergunto interessada

- Ah, muita coisa aconteceu. Deixa eu tentar resumir. Nossos pais estão bem. A mamãe as vezes encrenca, mas, já conhecemos como ela é. Ahhh, você lembra do Roger? – Afirmo positivamente com a cabeça e ele continua. – Ele virou modelo, sabia? E ficou super empolgado de saber que você viria, provavelmente vai querer algumas dicas.

- Sério? Com toda certeza vou falar com ele. E sua a namorada? Finalmente vou conhecer?

- Com certeza. A Duda é incrível, você vai adorar ela. Ela é muito bem humorada, me faz rir demais. – Percebo a admiração do meu irmão ao falar da namorada e ele continua – Mas tem mais pessoas pra você conhecer, viu? A Carol, que é amiga da Duda e namorada do Roger, e a irmã dela, Luiza, que é melhor amiga da Duda. E o Leo. Ele é filho da Luiza, pensa numa figura. Um menininho muito inteligente. Acabamos virando um grupo.

Ouço atentamente meu irmão contando sobre tudo e todos e me animo em conhecer finalmente as pessoas que são importantes pra ele.

Quando sai do Brasil, o único amigo que o Igor tinha que conheci era o Roger. Eles são amigos desde sempre. Roger era da sala do Igor na faculdade.

Fomos até a casa dos nossos pais colocando o papo em dia. Igor me contou tudo que aconteceu nos últimos anos de forma resumida e eu fiz o mesmo sobre o que me aconteceu nos últimos anos em Portugal. Por mais que nos falemos todos os dias, é muito diferente conversar pessoalmente do que por mensagem. E devido ao fuso, nossas conversas muitas vezes ficavam pela metade, até um dos dois aparecer com outro assunto.

Ao chegar em casa, sou pega por diversos sentimentos, desde alegrias a tristezas. Me lembro de muitas coisas que vivi aqui, e apesar de estar feliz por estar aqui com meus pais e o Igor, tenho a sensação de que aqui não é mais o meu lugar. Mas ok, durante os próximos 7 dias será.

POV Luiza

Acordo ao sentir duas mãozinhas me balançando e ao abrir os olhos me deparo com o Leo em cima de mim.

- Bom dia, meu amor! Você tá bem? – Pergunto abraçando meu filho

- Bom dia mamãe. Vamos na casa do tio Igor? – Ele pergunta animado

- Vamos, mas não agora. Daqui a pouco. – Começo a rir da animação do pequeno.

O Léo adora piscina. E desde quando a Duda o levou na casa dos pais do Igor para passar o dia com eles, ele simplesmente ficou apaixonado. E desde que o Igor nos convidou para o aniversário dele, o Léo só fala disso.

- Vamos tomar café da manhã? – Pergunto pra ele que me olha empolgado afirmando que sim.

Pego meu celular para checar as horas. 10h. Dormi bem, fazia tempo que não dormia assim.
Decido levantar para preparar café para o Léo e aproveito para comer algumas torradas também.
A Duda ficou de me buscar as 11h30 e eu sei que me arrumar e arrumar o pequeno seria o tempo certo.
Mando uma mensagem pra Duda confirmando o horário e deixo o celular no balcão, dando atenção para o Léo que tava todo sujo de iogurte.

- Meu amor, vamos tomar banho?

- Pra que mamãe? Se eu vou na piscina. – Ele me questiona e eu começo a rir.

O Léo é um menino muito esperto. E tá naquela fase de questionar tudo que a gente fala pra ele. O que as vezes é até difícil.

- Mas tem que ficar cheiroso, arrumado, pra poder ir ver a dinda Duda, o tio Igor, a tia Carol e o tio Roger. – Falo enquanto caminhamos para o quarto.

- Mamãe, eu posso levar o Peixoto?

- Claro que pode, meu amor! – Respondo enquanto ligo o chuveiro.

Depois de muita luta, consegui tirar o Léo do banho. Ele nunca quer entrar, e quando entra, não quer sair. Precisei insistir muito que a dinda estava esperando pra ele decidir.

Vesti a roupa do Léo e arrumei sua mochilinha, e o deixei assistindo desenho no meu quarto, enquanto me arrumo rapidamente. Como era um almoço, optei por um vestidinho. O dia tava ensolarado e aquele calor que só o RJ tem. Fiz uma maquiagem leve, apenas para esconder as olheiras e arrumei minha bolsa.

Ouço o interfone tocar, e é Duda avisando que está nos esperando lá embaixo. Pontual até demais.

Duda tá ansiosa pra conhecer a cunhada. O que acho uma bobeira. Se a irmã do Igor for tão simpática quanto ele, não será um problema. E não conheço ninguém que não goste da Duda, ela é uma mulher incrível.

Chamo Léo, e enquanto tranco a porta ele chama o elevador.

Em menos de 3 minutos estamos no térreo e logo vejo Duda no carro.

Abro a porta de trás e coloco o Léo na cadeirinha. Madrinha boa é assim, anda com a cadeirinha infantil do afilhado.

Entro no lado do passageiro e cumprimento minha amiga.

- E aí amiga, tudo bem? – Pergunto

- E aí gostosa. Quer matar quem hoje? Tá maravilhosa! - Ela diz me analisando e vira pra trás. – Oi meu amor, como você tá lindo. - Ela diz e manda um beijo pro Léo que manda de volta.

- Para de ser besta, Duda. Vamos? Sua cunhada deve tá ansiosa pra te conhecer. – Resolvo implicar.

- Fala não. Meu Deus. Vamos! – Começo a rir e Duda dá a partida no carro, indo em direção a casa dos pais do Igor.