Kate - 16 anos
— Acho que isso foi uma péssima ideia — Cassie comentou ao meu lado, os olhos tão arregalados quanto os meus.
Veja, quando você é pega em um momento extremamente vulnerável e acaba tropeçando nos braços de seu melhor amigo e o beijando como se ele fosse o detentor do último suspiro de ar da face da Terra, a dinâmica da relação nunca mais volta a ser a mesma.
E já que o álcool estava me fazendo ser mais sincera do que o normal, eu não queria que minha amizade com Marco voltasse a ser como antes.
Eu queria mais. Um profundo mergulho em seus braços e me perder em cada curva daqueles músculos impressionantes. Eu queria enterrar meus dedos em seu cabelo negro e me ver presa sob seu olhar. Eu queria a boca dele na minha mais uma vez, possessiva e descontrolada, e que seus lábios seguissem trilhando para o sul do meu corpo.
Perdi as contas do quanto minha mão vinha trabalhando entre as minhas pernas nos últimos meses enquanto minha imaginação me levava para sonhos escaldantes de Marco saltando para dentro da janela e me possuindo na minha própria cama.
Porém isso jamais aconteceria. Meu coração batia sozinho em um amor unilateral, e eu precisava lidar com essa merda, já que em breve ele estaria partindo para a Academia Naval.
Marco dizia que eu era sua borboleta, mas eu só conseguia voar porque ele era as minhas asas. E eu estava a um passo de perdê-las.
— E desde quando nós tivemos boas ideias? — perguntei, encarando a orgia que se desenrolava à minha frente com quase todos os adolescentes da cidade se espremendo em um cômodo, ocupando praticamente todas as superfícies. Braços, pernas e línguas explodiam em diversas direções, alguns gemidos conseguindo superar a música que vazava pelas caixas de som.
— Então é por isso que as festas da Marshall são tão famosas — Mary comentou, estendendo copos com alguma bebida forte para todas nós. Eu a agradeci por isso. — Acho que encontrei o meu paraíso na Terra.
— Nunca vi tantas bundas na minha vida — Cassie murmurou contra meu ombro, os olhos arregalados presos em uma garota sendo praticamente devorada por dois caras, enquanto um beijava seus seios nus, o outro a acariciava entre as pernas por trás.
— Se você só está enxergando bundas, precisa prestar mais atenção ao seu redor, minha querida — Mary brincou, o corpo praticamente vibrando em uma frequência própria de excitação. — Merda, acho que estou tendo um orgasmo.
— Eu juro que se você se atrever a ficar com a calcinha encharcada bem do meu lado, eu...
— Que calcinha? — Mary perguntou, batendo os cílios docemente.
— Puta merda — Jane exclamou, saltando para longe. O repentino movimento a fez esbarrar em um vaso que nenhuma de nós tinha reparado que estava ali. Ela tropeçou, vertendo todo o conteúdo de seu copo em sua blusa, antes de as botas deslizarem sobre o assoalho e ela cair.
Antes que eu, Mary ou Cassie pudéssemos fazer algum movimento para ajudá-la, uma mão masculina passou por nós e se estendeu para Jane.
— Caramba, você está bem, linda? — uma voz grave perguntou, chamando nossa atenção. Automaticamente nossos olhos bateram na visão de um pau muito nu, muito grosso e com muitas veias nos saudando como um mastro.
Cassie se engasgou ao meu lado.
Mary abriu um sorriso de tubarão.
Jane se manteve petrificada no chão.
E eu estava com medo de olhar para cima e me deparar com algum rosto conhecido.
— Será que tem algum lugar nesta casa em que as pessoas estejam usando a porra das roupas? — Jane vociferou, afastando a mão do cara como se ele estivesse carregando a peste e se levantando por conta própria.
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Borboleta
Romance* Paraíso | LIVRO 0.5 * Existem escolhas que trazem consequências irreversíveis. Um sonho arruinado. Um amor destruído. Uma vida interrompida. Kate O'Connell não queria morrer. Marco Castellari queria ter matado o próprio pai quando teve a chance. D...