Capítulo 15

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Marco - 18 anos

A violência vibrava em mim como uma segunda pele, exigindo atenção e sangue. Eu lutava contra cada impulso, respirando profundamente para não ceder à vontade de voltar a caçar Big Jorge, enfiar sua cabeça dentro de um vaso sanitário e fazer todos pensarem que o bastardo morrera sufocado no próprio vômito.

Não seria difícil e certamente seria algo bom pra caralho.

Eu já tinha feito isso no passado.

Mas o olhar de medo no rosto de Kate me destruiu. Eu não queria adicionar mais um motivo para ela perceber o quanto eu era fodido da cabeça e o quanto seria melhor se manter longe de mim.

— Marco. — O estremecimento em sua voz era como garras rasgando meu peito.

— Não — interrompi, não confiando em mim mesmo para encará-la. — Agora não.

Mantive sua mão na minha, segurando-a com cuidado à medida que a levava até o meu carro e a fazia sentar-se no banco do passageiro. Sam e Wade ocuparam a parte de trás.

Toda a viagem foi feita em silêncio, o zumbindo do motor soando entre a tensão estabelecida no ar. Pouco tempo depois, girei o volante e estacionei na garagem da minha casa.

Saí do carro e dei a volta para abrir a porta de Kate. Dessa vez ela não me encarou, manteve os olhos grudados no chão enquanto deslizava as pernas para fora.

Estendi a mão, surpreendendo-a. Ela ficou estática por segundos que pareceram uma eternidade para mim, provavelmente se perguntando se era seguro me tocar. Por fim, ela aceitou minha ajuda, a mão pousando sobre a minha.

— Kate vai ficar comigo — anunciei, meus olhos encontrando os de Wade.

— E o que digo quando meu pai acordar e descobrir que ela não está em casa?

— Vamos pensar em algo — Sam garantiu. — Vou colocar meu charme para trabalhar quando o vir no café da manhã.

— Marco — Wade chamou, a voz perigosamente baixa. — Cuide dela.

— Sempre — garanti, uma conversa silenciosa acontecendo entre nossa troca de olhares. Segurando Kate contra mim, a levei para dentro de casa.

Ela arrastou os pés ao meu lado, a pele do braço estranhamente gelada. Ela hesitou de modo quase imperceptível quando abri a porta do meu quarto, os olhos arregalados encarando as sombras como se para se certificar de que não havia nenhum monstro escondido.

Não havia nada no meu quarto que a colocasse em perigo, a não ser eu mesmo. Kate deslizou até a minha cama, sentando-se na beirada com as mãos no colo. Seus ombros caídos e o rosto pálido me deram todas as dicas do quanto ela provavelmente estava repreendendo a si mesma mentalmente.

Fechei a porta, o som da fechadura soando entre nós e nos dando a percepção de que estávamos finalmente sozinhos.

No mesmo cômodo.

Na escuridão.

Depois de meses dela me empurrando para longe.

Ignorando minhas mensagens.

Alterando seus horários para não correr o risco de esbarrar em mim.

Deixando a janela do próprio quarto fechada, como se eu não fosse mais bem-vindo em sua vida.

Aquela merda estava prestes a acabar.

— Me desculpe — Kate disse de repente, fazendo com que minha raiva recuasse e desse lugar à preocupação.

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