Capítulo 17

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Kate - 16 anos

Nosso relacionamento floresceu a cada dia, os sentimentos se tornando mais forte com o passar dos meses.

Eu o amava tão perdidamente que, depois da primeira noite, nunca mais dormimos sozinhos. Algumas noites, Marco deslizava entre os galhos da árvore que funcionava como uma ponte entre nossas janelas e entrava no meu quarto.

Deslizava para a minha cama.

Tirava minhas roupas.

E me mostrava mais uma forma de alcançar o paraíso.

Verdade fosse dita, ele conhecia muitas formas.

Eventualmente, as coisas ficaram tão obvias entre nós que Samuel apenas lançou a cabeça para trás em um suspiro cansado e apontou para nós quando Marco veio em minha direção um segundo depois que entrei na academia em que estavam treinando.

— Vocês acham que estão enganando a quem? Se não estão se fodendo com os olhos, provavelmente estão fodendo de verdade. Parem de tentar esconder que estão namorando, porque todo mundo já sabe.

Marco encarou Wade, que passou uma toalha no rosto para limpar o suor.

— Pode parar de ser o Tarzan e começar a usar a porta da frente quando quiser ver a minha irmã.

Eu senti o choque deslizar por minha garganta.

— Papai? — perguntei, quase com medo da resposta.

— Ele também já sabe — Sam disse, o cabelo loiro pingando sobre os ombros nus, porque, aparentemente, meu irmão era incapaz de usar uma camiseta quando estava malhando. — Veja, quando me referi a todo mundo, estou querendo dizer que a sua mãe... — Apontou para Marco. — ... descobriu as suas escapadas noturnas e contou para o meu pai. — Sua atenção voltou para mim. — ... que contou para todo mundo da cidade, porque ele tem se divertido pra caramba rindo de vocês dois pelas costas.

Minha mente trabalhou em uma cena. Papai rindo, balançando a cabeça e murmurando "crianças", quando eu achava que ele não estava prestando atenção e dizia que ia passar a noite na casa de uma das minhas amigas, quando, na verdade, eu só atravessava o jardim até a casa de Marco.

Tudo bem.

Não estávamos sendo exatamente secretos ou discretos, mas tínhamos pensado em esperar um momento mais adequado antes de tornar tudo oficialmente público.

E havia o importante fato de que Marco estava me ensinando defesa pessoal, o que me levava todos os dias para sua academia particular. Descobri que ele podia ser um maldito ditador quando se tratava da minha segurança, não sendo nem um pouco cuidadoso quando me jogava tantas vezes contra o tatame que considerei seriamente em comprar um amortecedor de impacto para a minha bunda.

Claro que, com o passar do tempo, meu corpo começou a entender os movimentos, meus músculos agindo naturalmente antes que meu cérebro processasse a ordem completa. Eu senti a diferença na minha massa muscular e como minha autoconfiança foi sendo restabelecida.

Aprender a me defender se tornou algo crucial para mim. Entendi que, sendo capaz de proteger a mim mesma, também ganhava as habilidades necessárias para proteger outras garotas que não tiveram a chance de aprender como escapar de um ataque ou imobilizar um agressor.

Eu consumia cada instrução de Marco como um mantra.

— Você precisa estar sempre atenta — ele repetia. — Nunca sabemos quando algo vai acontecer, por isso precisamos prestar atenção ao que acontece ao nosso redor. E se, antes de ser atacada, você já não estiver com sua defesa erguida, já será tarde demais.

No começo, eu saía das aulas o odiando tão profundamente que era difícil me lembrar do quanto o amava. No entanto, quando no final de cada treino extremamente difícil e exaustivo, ele me carregava para um longo banho quente, focado em massagear cada um dos meus músculos enrijecidos, fazendo a dor se tornar uma lembrança desconfortável entre todos os beijos, gemidos e orgasmos alucinantes que arrancava de mim contra os azulejos da parede, eu recebia a gratificação de saber que todos os meus esforços estavam valendo a pena.

E isso me fazia voltar no dia seguinte.

E no outro.

E no próximo.

Até que chegou o dia da formatura de Marco e Wade, e, então, eles estavam partindo para a Academia Naval.

Meu coração pareceu saltar para a minha garganta quando o vi entregar a mochila de viagem para Wade e caminhar até mim.

— Vai conversar com Arthur sobre frequentar as aulas de luta na academia? — ele perguntou baixinho, tomando o cuidado para que apenas eu escutasse. — Você precisa continuar treinando, principalmente porque não estarei por perto para protegê-la.

— Posso proteger a mim mesma agora, muito obrigada — rebati, apoiando as mãos em seu peito. — Papai está mais tolerante sobre essa ideia e, o conhecendo como conheço, ele sabe que não pode me impedir, então vai acabar cedendo, eventualmente.

— Rebelde, hein? — A visão de seu sorriso só fez meu coração doer ainda mais, porque eu não veria suas covinhas por um longo tempo.

— Eu tive alguma influência — disse, piscando mais forte para afastar a vontade de começar a chorar.

Marco diminuiu a distância entre nós, inclinando a cabeça até o nariz roçar o meu.

— Até hoje você só foi na roda-gigante comigo, não quebre a nossa tradição — sussurrou.

— Então não demore para voltar. Você sabe como eu gosto de ir lá. — Minha voz falhou.

Ignorando todos os olhares sobre nós, ele me beijou como se buscasse por ar. Meus braços o enlaçaram com força, e senti como se estivesse perdendo a minha gravidade e precisasse me agarrar desesperadamente a algo sólido e seguro.

— Sempre vou pensar em você, farfalla.

E, sem dizer mais nada, ele beijou a minha testa e pulou na parte de trás da picape, se acomodando contra as grades da janela, uma perna estendida e a outra dobrada.

Wade estendeu o braço para fora da janela, se despedindo pela última vez. Marco apenas continuou me encarando enquanto minhas emoções explodiam em uma torrente de lágrimas quando entendi o que ele estava fazendo.

Marco não queria dizer adeus dando-me a visão de suas costas. Ele estava me dizendo adeus com os olhos fixos nos meus, em uma mensagem silenciosa de que sempre estaríamos unidos de alguma maneira.

Porque eu o ensinei a voar.

E eu era a sua farfalla.

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