Capítulo 11

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Kate - 14 anos

Eu nunca poderia oferecer algumas "primeiras vezes" a Marco.

Ele era um adolescente do ensino médio com uma beleza que podia fazer anjos caírem a seus pés. E com a fama que ele tinha, graças aos burburinhos que eu ouvia nos banheiros femininos, eu não era ingênua a ponto de achar que ele seria casto e puro até o dia do juízo final. Mesmo que jamais o tenha visto ao lado de alguma garota que não fosse eu.

Mas havia caminhos que ele ainda não tinha percorrido, e, esperançosamente, eu queria ser aquela que estaria ao seu lado no momento dos descobrimentos.

Ele nunca tinha ido a um parque de diversões antes.

Nunca tinha andado em uma roda-gigante.

Nunca tinha se apaixonado.

E, por algum motivo desconhecido, Marco nunca tinha confiado tanto em alguém quanto confiava em mim.

Eu não sabia de toda a história por trás da sua mudança para Paradise, mas o que quer que tenha acontecido em Nova Iorque, ainda o atormentava na forma de demônios em seu olhar. Marco não falava de seu passado com meus irmãos, nem mesmo Eleonor tinha dado detalhes para a minha mãe. Era como um voto de silêncio absoluto que os dois estavam mantendo trancado a sete chaves.

Eu respeitava isso. Podia lidar com a minha curiosidade, contanto que Marco continuasse se apoiando em mim quando tudo se tornasse sufocante demais. Só não sabia como me apoiar em alguém que estava fazendo o solo sob meus pés se transformar em uma areia movediça.

A roda-gigante continuava girando, parecendo zombar da minha miséria a cada volta. Tentei não pensar no que Marco e Cindy estavam fazendo para aproveitar o passeio de vinte minutos. Com certeza não estavam compartilhando seus conhecimentos em astrologia.

O tempo passou em um piscar de olhos enquanto me mantive reclusa no píer com vista para as docas, observando a maré subir na minha frente, sentindo a brisa salgada enquanto as risadas animadas das crianças continuavam explodindo às minhas costas.

Eu me sentia na droga de uma encruzilhada emocional e não sabia para qual direção ir. Estava considerando saltar para a areia e caminhar pela orla da praia, quando uma mão gigante pousou no meu ombro, quase o deslocando.

— Caramba, Kate, você não me ouviu te chamando? — Wade reclamou, a voz soando como o estrondo de motor de caminhão.

— Droga, Wade, você precisa suavizar o seu toque — chiei, afastando sua mão de urso e verificando se meu ombro estava intacto. — Por isso que você não consegue namorar nenhuma garota.

— Eu não pego garotas, mana. — Wade torceu a boca em um sorriso que deveria ser charmoso, mas para mim foi como olhar para a versão de um Coringa viciado em anabolizantes. — Eu só lido com mulheres.

— Tem certeza de que elas estão vivas? Nenhuma com um pescoço quebrado ou uma fratura exposta?

Ele deu de ombros.

— Elas sobreviveram. Você comeu alguma coisa?

— Ainda não, mas estou sem...

— Vamos comer, então, mamãe vai me matar se descobrir que você não jantou enquanto eu e Sam quase acabamos com todo o estoque de carne deste lugar. — Ele me lançou um olhar de canto. — Como foi o passeio na roda-gigante?

Com certeza eu estava perdendo o meu lugar no céu por estar aprendendo a mentir com a naturalidade de um golpista.

— Foi ótimo!

— Marco estava com você? Ele quase me fez querer arrancar as próprias orelhas de tanto que o ouvi dizer que queria te levar para um passeio.

Ouvir aquilo fez os restos que sobrara do meu coração flutuar um pouco, como uma borboleta tentando voar somente com uma asa.

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