4 - A Transformação de Max Hopper

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Max permanecia imóvel, com receio até mesmo de respirar. Uma gota de suor escorria pela sua têmpora, fazendo o cabelo grudar no rosto.

Ela era uma moça linda, de olhos azuis, cabelos ruivos e pele branca com pequenas sardas no rosto. E, para sobreviver, aos vinte e três anos, Max Hopper aprendeu a matar.

Estava agachada num espaço mínimo entre uma porta e um armário, tão pequeno que mal dava para se mexer.

Max puxou o fuzil que trazia nas mãos para mais perto do corpo e o apoiou no chão, entre as pernas. Em seguida, encostou a testa no cano gelado e fechou os olhos.

Sabia que precisava permanecer calma, essa era a chave da sobrevivência. Qualquer barulho ou movimento e tudo estaria acabado. O que havia do outro lado da porta era impossível de ser vencido. Sobretudo sozinha e apenas com uma arma.

Os gemidos das criaturas que passavam ao seu lado gelavam seu sangue. Era um som cheio de lamento, dor e desgraça. Também era carregado de morte e danação.

Nada no mundo era tão apavorante e angustiante do que o som de centenas de zumbis reunidos, ainda mais em um lugar fechado como aquele, onde o eco se tornava cúmplice, fazendo parecer uma procissão no inferno.

Max não podia acreditar em como aquilo havia acontecido. Ela fora muito imprudente. Depois de tantas expedições similares, não esperava cometer um erro tão amador. Se bem que a imprudência, de uma certa forma, transformara-se em sua marca registrada.

Max fazia parte do grupo de sobreviventes que habitava a sede da Segunda Divisão de Exército, localizada no bairro Brookland.

Esse grupo era liderado pelo seu pai, Coronel Hopper, famoso por ser um dos militares mais arrogantes do exército americano.

Se os zumbis não a matassem, Max sabia que teria que enfrentar a fúria do pai quando ele descobrisse sobre a situação em que se meteu. Era irônico.

Ela encurralada por centenas de criaturas assassinas e não conseguia decidir o que a preocupava mais: se os mortos-vivos ou a reação do coronel.

"Ambos", pensou.

Aquela era para ser uma expedição de rotina em busca de comida para o grupo de sobreviventes, algo que Max já fizera várias vezes com o grupo de meia dúzia de homens.

Missões como aquela eram rotina: invadir algum supermercado, matar um punhado de zumbis e pegar o que fosse possível. Quando acabava o estoque de um, eles escolhiam um novo alvo; assim também mapeavam os lugares e caminhos que poderiam servir de rota para a busca de suprimentos.

Os locais onde a infestação era muito severa eram descartados, mas aquele local parecera bastante calmo quando Max e seus companheiros avaliaram pelo lado de fora.

Eles invadiram o supermercado, silenciosos como sempre. Se conseguissem entrar e sair sem disparar nenhum tiro, melhor. Caso contrário, abririam caminho usando a força bruta.

O lugar estava completamente deserto. Um verdadeiro achado, repleto de mantimentos e outros itens de primeira necessidade, como produtos de limpeza e higiene pessoal.

Max e os demais caminharam entre os corredores apinhados de alimentos, atentos a qualquer tipo de movimentação. Ela trazia um fuzil Heckler & Koch G36 nas mãos.

O local estava escuro, mas com as luzes dos fuzis era possível enxergar na penumbra. Havia muita sujeira no chão, muito pó, e em alguns pontos as prateleiras haviam cedido e desmontado, espalhando produtos diversos pelo piso. Ratos e baratas corriam por todos os lados.

O líder do grupo, sargento Grigori, fora designado pelo Coronel Hopper não apenas para guiar a equipe como também para ficar de olho em sua filha.

O sargento Grigori Ivchenko sabia da inexperiência de Max e de uma espécie de predisposição natural dela para se meter em encrencas. Por isso, a repreendia o tempo todo, tentando mantê-la longe de confusão.

Survive 3° Temporada - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora