21 - Rebelião (Parte II)

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Silenciosamente, um homem todo vestido de preto abriu a porta da frente da casa de Wednesday e Enid usando uma chave micha. No Condomínio LakeBolton não havia casas com muros, pois, antes do apocalipse zumbi, aquele era o condomínio mais seguro de Jericho; portanto, foi fácil se aproximar. Ele entrou na residência acompanhado de quatro indivíduos, enquanto outros quatro permaneceram do lado de fora, vigiando a rua.

Com muito cuidado, os cinco intrusos atravessaram a sala, parando diante da escada.

Mais uma vez, ele consultou uma folha de papel que trouxera dobrada no bolso; lá estavam demarcados os cômodos da casa. O quarto de Enid ficava no terceiro e último andar, de frente para a rua.

Ele, cuidadosamente, tirou o fuzil do ombro e avançou em silêncio, subindo as escadas. Os demais o acompanharam, também sacando suas armas. Todos portavam fuzis com silenciadores.

Chegando ao segundo andar, ele reparou que tudo estava em silêncio. Cinco aposentos, todos com as luzes apagadas e nenhum sinal de movimento.

O segundo quarto à esquerda e à direita era o de Mike e Eleven (a grande preocupação deles) e Yoko e Divina.

Mike era famoso como ex-assaltante de bancos, portanto, era uma parte importante da missão ter certeza de que ele não seria uma ameaça.

O homem subiu o segundo lance de escadas acompanhado de mais dois invasores, chegando ao terceiro andar. Os outros dois permaneceram no andar inferior, de frente para o quarto onde dormiam Eleven e Mike, Yoko e Divina.

No terceiro andar, como no segundo, havia uma excelente iluminação natural e a lua estava cheia naquela noite, o que facilitava para eles enxergar no escuro.

Ali, havia três quartos, as duas maiores suítes da casa e um quarto simples. Numa dormia Max; na outra, Enid e por fim, as crianças com Bianca e Valerie.

Aquela era a parte crítica e a mais complicada também. No grupo, poucos haviam demonstrado ter sangue-frio suficiente para fazer o que seria preciso.

Aquele homem se voluntariara; afinal de contas, havia muitas coisas em jogo, e, naquele mundo infernal, não restava espaço para fraqueza e muito menos escrúpulos.

Ele avançou sem causar ruído algum, não sem antes fazer o sinal da cruz. Não que ainda acreditasse em Deus, mas um pouco de perdão divino poderia ser útil diante do que estava prestes a fazer.

Os outros dois homens se posicionaram diante do quarto de Max. Ela não era considerada crítica, mas todos poderiam se tornar um risco naquelas circunstâncias.

O intruso abriu a porta do quarto de Enid com muito cuidado, apontando o fuzil para a frente, pronto para apertar o gatilho. Apesar de a noite estar um pouco fria, sentia o suor escorrendo pela testa e pelas costas.

Com cuidado, ele escancarou a porta e a luz do luar penetrou no aposento. Exatamente como no esquema que ele trazia, a cama se achava em frente à porta em posição perpendicular. Enid dormia de lado e de costas para ele, coberta apenas por um lençol. Tratava-se de uma cama forte, de ferro, de estilo clássico.

A cabeleira loira se esparramava pelo travesseiro. Enid ressonava, tranquila, indiferente à ameaça que rondava sua cama.

O homem engoliu em seco. Chegara o momento de cumprir a missão. Com muito cuidado, ele ergueu o fuzil e apontou para a nuca de Enid. Era um tiro fácil, apesar da penumbra, mas ele decidiu dar mais um passo à frente.

Quando fez isso, sem que percebesse, seu pé esbarrou num frasco de perfume. Um vidro delicado, posicionado em frente à porta junto com alguns outros similares.

Survive 3° Temporada - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora