Survive 3° Temporada - Wenclair

13 - Ursinho Branco

Todos estavam empenhados nos últimos preparativos para a partida. Nos semblantes, uma imensa combinação de sentimentos: ansiedade, insegurança e, na maioria, medo.

Em diferentes níveis de detalhes, todos já haviam ouvido falar da criatura que enfrentariam. Algumas pessoas tratavam aquele ser como uma encarnação do Satã e viam aquela partida como uma cruzada contra o mal.

Então, chegaram pelo rádio notícias do Coronel Hopper, que enviou uma aeronave para descobrir o que realmente havia acontecido em Fallon.

As notícias eram as piores. Não só o 63° Batalhão de Infantaria estava reduzido a escombros como uma parte significativa de Fallon fora devastada pela passagem de Kali e sua horda de zumbis.

— Senhora, ao longo da orla, todos os prédios estão destruídos — o piloto do helicóptero informara.

Avançaram com cuidado para não serem surpreendidos por Kali. E tiveram um choque ao chegar ao lugar onde ficava um dos maiores cartões-postais de Fallon, a ponte Tacoma Narrows. A maior ponte pênsil dos EUA, uma das maiores do mundo, agora, não passava de um monte de sucata. Toda a estrutura de metal estava tombada no oceano Atlântico, no estreito que servia de ligação com o continente. E as imensas pontas retorcidas que ficavam fora da água serviam agora de poleiro para aves marinhas.

Wednesday ouviu a narrativa sobre aquela catástrofe e tentou não deixar os detalhes vazarem. Mas seus soldados precisavam saber com o que lidavam e em pouco tempo a notícia correu, enchendo o condomínio de terror.

Por todos os lados, os últimos desejos de boa viagem, enquanto centenas de homens e mulheres embarcavam em veículos diversos.

Wednesday observava toda aquela movimentação com o semblante pesado. Queria acabar logo com aquilo. E deu uma última olhada para o Condomínio LakeBolton como se se despedisse daquele lugar que lhe serviu de lar por mais de um ano. Dessa vez, não tinha certeza de que voltaria.

Então, virou-se para entrar no Urutu.

De repente, dois braços a envolveram na altura do peito. Foi um movimento rápido e dramático, de alguém que havia chegado às pressas, em cima da hora. Quando Wednesday percebeu a barriga volumosa nas suas costas, sentiu um peso enorme desabar de seus ombros. Foi como se a nuvem negra que a envolvia começasse a se dissipar. Ela se virou e abraçou Enid com desespero. Wednesday e Enid choraram nos braços uma da outra. Um abraço apertado, doloroso, cheio de saudade, tristeza, arrependimento e amor.

— Eu rezei muito para que você viesse... — Wednesday falou, com o rosto enfiado nos cabelos de Enid.

— Eu precisava vir. Eu amo você demais, cariño. — Enid afirmou, com a voz entrecortada de soluços.

— Cara mia, me perdoa. Pelo amor de Deus, me perdoa! — Wednesday implorou.

— Eu perdoo você. Eu perdoei no segundo seguinte após a nossa briga. Fiz o que fiz por egoísmo. Eu quero você comigo, amor! — Enid falava entre lágrimas.

Finalmente, elas se beijaram com paixão, apagando a tristeza, o medo e a dor dos últimos dias.

— Temos uma dupla de crianças loucas para se despedir, também. — Enid, sorrindo, limpou o pranto com as costas das mãos.

De um instante para o outro, Wednesday se viu cercada de amor das crianças. Seus dois filhos na mãe, abraçando-a e cobrindo-a de beijos.

Wednesday os beijou um por um, enxugando as lágrimas das crianças e explicando que em breve estaria de volta.