O8: Lembranças do Passado.

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—... Ao contrário dos impressionistas, eles pintavam sozinhos, porém expunham seus quadros em conjunto. As estrelas eram uma das grandes motivações das pinturas de Van Gogh, como vemos em Noite estrelada, de 1889. Ele disse certa vez: "Quero expressar a esperança por meio de alguma estrela". – dizia a mulher com quase mais de trinta anos, deixando todos os visitantes intrigados com o assunto. — As estrelas eram a luz que Van Gogh procurava dentro de si. As estrelas eram a sua religião: “Quando sinto uma terrível necessidade de religião, saio à noite para pintar as estrelas.”

Sunoo ouvia tudo atentamente, imaginando os cenários a cada palavra dita pela mulher.

— O que ele queria expressar com Noite Estrelada era uma tentativa de expressar um estado de choque, e os ciprestes, oliveiras e montanhas agiram como catalisadores para o pintor. Ele procurava a essência da paisagem, seu próprio ser. Uma maneira de registrar seu poder simbólico, sua vitalidade, seu fluxo e constância, tudo em um. – começará a andar pelo lugar, parando perto do quadro de girassóis. — Para Van Gogh, os girassóis representam a celebração da beleza e da vitalidade da natureza. Além disso, passaram a ser um símbolo de amizade em todo o mundo. No entanto, foram as características e o caráter particular do girassol que atraíram Van Gogh como um dos seus principais temas. “É a cor vibrante que ele gostava, mas também a forma“.

Mais alguns minutos ali e a exposição havia chegado ao fim. Quando estavam saindo, um homem estava distribuindo algumas coisas com pequenos desenhos de girassóis. Niki pegou um broche e colocou em seu moletom, já Sunoo, pegou um colar e, com a ajuda de Nishimura, o colocou no pescoço.

— Eu amei isso. – o Kim proferiu, suspirando em satisfação. — Esqueci de todos os problemas ao ver os quadros, mas acabei refletindo ao ouvir tudo o que aquela mulher disse. Foi incrível.

O menor olhou para o japonês com um sorriso meigo.

— Obrigado, Niki. – ficou na pontinha dos pés para poder selar a bochecha do garoto, rindo contido ao ver aquele local ganhar uma coloração rosada.

— Fico feliz que tenha gostado! E me desculpe por ter dito aquilo sobre o seu pai, eu não sabia.

— Não tem porquê se desculpar, está tudo bem. Sinto falta dele, é claro! Mas não é por isso que vou ficar triste sempre que falarem sobre o assunto. – sorriu.

— Se não for te deixar incomodado, posso saber o que aconteceu com ele?

— Meus pais nunca foram um casal perfeito, mesmo meu pai tentando todos os dias ser um bom marido. Foi um casamento arranjado, mas meu pai gostava muito, era apaixonado pela minha mãe, já ela, não queria nem olhar na cara dele. Mesmo depois de descobrir diversas traições, ele continuou ao lado dela, cuidando e amando. – pararam de andar e sentaram em um banco de madeira que haviam encontrado ali perto, logo o Kim voltou a falar. — Eu tinha treze anos na época, Haewon e Winter tinham acabado de completar dezessete anos, foi tudo muito rápido.

Olhou para o céu, tinha algumas estrelas e a lua estava escondida entre algumas nuvens que, estavam começando a ficarem escuras.

— Um homem apareceu na nossa casa, estávamos todos na sala assistindo um filme quando ele tirou uma arma e apontou na direção do meu pai, e não demorou para ouvirmos o som de tiro. Ele estava sentado na poltrona e lá ficou. – percebeu uma estrela brilhando um pouco mais que as outras, então sorriu. — Uma semana se passou e descobrimos que nossa mãe tinha contratado aquele cara para invadir nossa casa e matá-lo, então vimos ela sendo levada pela polícia bem no dia das mães. E vai fazer cinco anos daqui alguns meses que ela foi presa e ele morto.

— Eu sinto muito, deve ter sido horrível lidar com tudo isso sendo apenas uma criança, você e suas irmãs devem ter sofrido muito. – tocou na mão do avermelhado, fazendo um carinho nela com o polegar. — Você é muito forte, Sunoo!

— Fui forte graças aos meus avós, eles nos acolheram e cuidaram da gente até que as meninas ficassem de maior. Temos aquela casa graças a elas, que se esforçaram para não deixar nada faltar. – dizia com um sorriso orgulhoso.

— Eu quero ser você quando crescer. – disse convicto, tirando uma risada alta do mais velho.

— Bobo.. – deu um empurrãozinho de leve no garoto, acabando por deitar a cabeça em seu ombro. — Obrigado por hoje, já disse que foi muito legal e também já agradeci, mas sinto que devo repetir isso várias vezes, de verdade.

— Não precisa agradecer! Sempre que quiser conversar ou sair para se distrair, eu estarei aqui.

O coração do menor palpitou com aquela frase e, acabou sorrindo bobo. Talvez não fosse tão ruim deixar que Niki fizesse parte da sua vida a partir dali.

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