XIV- você vai morrer

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No outro dia, todos os participantes da competição já estavam em seus postos, prontos para partir para floresta a dentro.

Alana pulava e se alongava sem parar, se preparando para a corrida.

- Ô sapata! Ficar nessa pulação' aí não vai te fazer ganhar não! -Diego dizia firmemente, enquanto do lado de sua parceira, Helena, ficava com um pé na frente e o outro atrás, para ir mais rápido. - Eu não preciso nem de mi' alongar!

- Quem cê tá chamando de sapata, ô viado rural? Vem cá no fight pra ver se não vai gastar se alonga, vem! ‐a piauiense esbravejou e começou a andar em direção ao sul-mato-grossense, mas foi interrompida por Vitória, que passou no meio dos dois e segura, disse enquanto mostrava os biceps.

- E eu não preciso nem de correr! Andando mermo' eu passo na frente do cês tudo!

João, que estava mais afastado do povo briguento sentiu um arrepio na espinha. É uma competição de loucos pelo primeiro lugar! Ele não vai sobreviver!

- Jão..

De repente, uma voz melodiosa e angelical para os ouvidos do pernambucano soou em seu ouvido.

- Sim, minha deusa? -o moreno respondeu prontamente, agora observando a baiana a sua frente.

- Eu sei que não sou do teu time mas..chega aqui homem. ‐a de tranças disse, e logo o outro nordestino fez o que ela mandou para escutar o seu sussurro.

Maria Rita disse o que tinha de dizer, com a voz baixinha e arrastada. Em questão de segundos, João se levantou e arrumou a coluna, ficando com a postura perfeita.

Com uma voz confiante e rosto sério, o pernambucano a respondeu.

- Minha rainha, agora, eu tenho a força de mil homens. Vou ganhar pra você.

E assim, um monstro na jaula foi acordado.

- Mas espera..cadê o Eduardo, João? ‐a baiana perguntou, seu namorado logo procurando com os olhos a figura baixa e não o achando.

- João Pedro Siqueira da Costa..você perdeu o nosso filho? -Rita perguntou, mas seu sermão foi cortado por um som estridente de microfone com mal contato.

- Um, dois, três...testando..êta microfonin' cabra da peste..

De cima do palanque, Eduardo batia a mão no microfone na tentativa de faze-lo funcionar, e fazendo com que todos colocassem a mão no ouvido pelo barulho insuportável.

- Agora deu certo! -após o barulho passar, o cearense sorriu o procurou com os olhos alguém, lá de cima do palco.

- Ei, você aí! O que tá fazendo? Não pode subir aí! ‐Catalina gritou enquanto corria até o local.

- Pera aí senhorita! Só preciso dar um recadin' aqui! ‐o nordestino respondeu, e Maria Rita colocou a mão na testa, em pura vergonha alheia, enquanto João segurava a risada.

- Se eu, Eduardo Ferreira Batista, ganhar essa competição... ‐ele começou a dizer, com uma expressão superior e mão no peito, e então, apontou diretamente com o dedo indicador para Thiago, na plateia. - O Thiago vai me dar um beijo!

Então, todos que estavam segurando a risada, a soltaram sem mais delongas.

- Puff!! Não é possível.. ‐Ricardo gargalhava enquanto batia as mãos nas costas de Sandro ao seu lado com cara de zumbi. - Mas pra isso ele tem que concordar né cabecinha!

Ao carioca dizer isso, todos olharam para o paraense de uma vez. O coitado quase entrava em combustão de vergonha, suas orelhas saindo fumaça.

Vendo que o cearense ainda esperava uma resposta, Thiago soltou uma risada silenciosa e abaixou a cabeça, logo depois levantando sua mão e fazendo um joinha com o polegar em direção a Eduardo.

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