XVII- gato vira-lata

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Vitor, que estava sentado num canto afastado contando o dinheiro que havia conseguido no acampamento com suas vendas, avistou Ricardo chegando cada vez mais perto e arqueou as sombrancelhas.

– Hm? Ah, pô, oi Ricardo..veio aqui pra comprar uma grama-

A voz arrastada do maranhense foi cortada por um punho acertando em cheio sua bochecha, o fazendo cuspir algumas gotículas de sangue e cair para trás.

O carioca o olhou de cima, os olhos queimando em raiva, e então, a calma rotineira do nordestino se esvaiu, dando espaço para um sorriso provocativo.

– Que isso, Ricardinho? Não quer conversar-

Foi interrompido novamente por outro soco, mas agora em seu estômago, causando uma crise de tosse em si.

– Cala a boca, cuzão!

O carioca esbravejou, pegando Vitor pelo colarinho da camisa e dizendo, sério.

– Eu sei que foi você. Agora você me explica, qual é a porra do seu problema, seu maníaco?! Usou maconha demais e agora não consegue nem pensar como gente? Me responde porra! O que o Eduardo te fez?! -o loiro gritava, sacudindo o de cabelos cacheados que agora, esbravejou também sua fúria.

– Quem disse que eu queria prejudicar aquele merda?! Ricardo, eu queria era foder com a SUA vida, porra!

Vitor gritou também, agora, se soltando com esforço do sudestino e esmurrando seu rosto na mesma intensidade dos dois socos que levou antes, fazendo o de dreads tropeçar para trás, mas sem cair.

Giulia, que passava por ali perto tranquilamente, escutou um barulho alto e correu para ver o que era, colocando as mãos na boca ao ver a briga e começando a correr, gritando para todo mundo o intretenimento- a bagunça que estava havendo ali.

– É briga caralho! Corre corre! Briga!! Tão brigando aqui ó!!

Logo, várias pessoas começaram a aparecer e andar mais para perto, já com os celulares em mãos para gravar, outro, foram correndo chamar algum professor.

– Se era eu que você queria prejudicar por que não fez isso, seu covarde de merda?! Eu não quero que você desconte essa sua loucura nos outros que não tem nada haver! Briga comigo aqui agora, babaca!!

Com as palavras na ponta da língua, Ricardo gritou, enquanto ia até o outro para lhe dar outro soco, mas que com o rosto impassível, Vitor segurou. Segurou o punho de Ricardo com uma força que o carioca não sabia que ele tinha.

– Sabe a verdade, Ricardo? -ele começou a falar, enquanto empurrava com força as costas do carioca numa árvore e continuava a dizer – Eu vou ser  sincero, eu tenho inveja..tenho inveja de como você consegue, e eu não!

–Do quê você tá falando porra?

– Você pode chegar naquele paulista, brigar, xingar e depois beijar naquela boca e ter o amor correspondido! Você pode se expressar sem medo..pode ser o que você quer..você..vai se foder!

Ao dizer isso, tentou dar outro soco certeiro no rosto do carioca, mas o outro desviou e apenas passou de raspão, batendo em seu nariz. A briga iria continuar, se não fosse por Leonardo e Thiago, que chegaram para separar.

Thiago segurou Ricardo pelos ombros e o potiguar fez o mesmo com Vitor, por mais separados que estivessem, ainda se debatiam para que se soltasse e continuassem a se bater.

– Você é maluco, mermão! Não faz sentido gostar dele e ao mesmo tempo tratar ele como um lixo e desfazer de tudo o que ele faz! Larga ele em paz sacou?!

Ricardo continuou a gritar mesmo depois do paraense o puxar para longe e o obrigar a sair dali, enquanto Vitor rosnava de seu lugar.

– Queria que tivesse sido você lá naquela floresta, duvido que alguém fosse atrás de você! Você acha que qualquer coisa que aquele paulista mentiroso te diz é real?! Acorda cara! ‐o nordestino deu continuidade às palavras maldosas da briga.

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