Cinders and Ashes - ziam

8. Inevitável

Zayn entrou em seus aposentos determinado a se banhar e se vestir rapidamente, para se juntar a Liam na recepção formal ao Rei Nafi e à Rainha Artremaya.

Uma pequena refeição íntima estava agendada para aquela noite. Normalmente, haveria um grande banquete com malabaristas, poetas, cantores, dançarinos e muito mais. Mas considerando o estado de Númenor, o que acontecera no dia anterior e o que estavam enfrentando, Zayn acreditava que um evento mais sóbrio era apropriado e, na verdade, tudo o que poderia ser gerenciado de qualquer maneira.

E havia essa crescente divisão contínua com seu tio. Embora ele tenha conquistado novos amigos e conselheiros como Thalanil e - deuses o ajudem - Tearlach, ele ainda sentia falta do homem que o havia criado como seu próprio filho.

Ele continuava pensando - ou mais como esperando - que Jawadd voltasse a ser o homem que ele pensou que conhecia. Mas isso era um desejo infantil. Com cada palavra que Jawadd dizia, cada ação que ele tomava, cada crença prejudicial que ele revelava, Zayn se sentia menos conectado a ele.

E ainda assim eu devo colocar uma fachada esta noite de total equanimidade. Eu tenho que estar no meu melhor com dois monarcas que não terão desejo de confiar em mim no momento em que eu explicar qual é a solução para todos os nossos problemas. Não é de admirar que eu queira Jawadd. Ele sempre foi bom com as mentiras bonitas.

Depois de deixar seu tio e os outros no círculo de treinamento, Zayn dirigiu-se às cozinhas do castelo. Niall estava trabalhando com a equipe para garantir que a Sala Dourada - um espaço octogonal com uma mesa redonda e decoração vermelha e dourada - fosse arrumada com a melhor porcelana.
Niall também estava envolvido na seleção do menu, junto com o Cozinheiro Shelton. Até mesmo a pequena Hannah havia participado da ação, escolhendo as toalhas de mesa a serem usadas. Ela especialmente adorava as toalhas de mesa brancas cremosas e os detalhes em dourado que eram os favoritos de sua mãe. Seus olhos se arregalaram e um sorriso apareceu em seu rosto pálido quando ele lhe disse que ela tinha o mesmo gosto de sua mãe.

-O gosto de uma rainha?- Hannah perguntou um pouco ofegante.

-Sim, querida Hannah, exatamente isso,- Zayn assegurou a ela.

Suas bochechas coraram, e ele sentiu algo se afrouxar dentro dele diante da alegria genuína dela. Quando o Muro caiu, Shelton confessou a ele que Hannah tinha segurado sua mão e a conduzido até o porão, convencida de que todos estavam prestes a ser mortos. Mas a pequena garota estava igualmente determinada a salvar Shelton se pudesse.

-O Homem Brilhante está vindo! O Homem Brilhante está vindo!- ela havia gritado. -Ele vai matar todo mundo! Eu vou... eu vou protegê-lo, Shelton!

Portanto, um sorriso genuíno da garotinha era valioso para Zayn. Hannah podia ser jovem, mas já tinha vivido muito. Quando Zayn a olhava, via toda Númenor. Espancada, machucada, ensanguentada, mas ainda capaz de sorrir, mesmo que raramente. Ele consertaria este mundo por Hannah e todos os outros. Esta sombra escura passaria.

-Acho que ela deveria ficar responsável por toda a roupa de cama a partir de agora,- disse cozinheiro Shelton.

-Mesmo? De verdade?- Mais olhos grandes e sorrisos.

-Se cozinheiro Shelton diz, ela diz a sério,- Zayn respondeu. -Certamente tem o meu voto.

-Na verdade, eu digo a sério.- Shelton sorriu, mas então sua cabeça se virou na direção de Niall, que estava mergulhando uma colher em uma panela borbulhante onde algo rico e substancioso estava cozinhando. -Lorde Horan, se você está com fome, há pão, manteiga, queijo e maçãs ali.-
Sua mão direita, calejada pelo trabalho, se esticou para apontar para os itens mencionados. A cabeça de Niall se ergueu, e uma expressão culpada cruzou seu rosto bonito, mas ele a escondeu rapidamente.