SEGREDOS DO CORAÇÃO: Teias invisíveis de amor e mistérios (SUPERCORP AU)

Capítulo 03 - Uma nova manhã. Parte 03 - Lena

Assim que a morena chegou à L-Corp, recusava-se a chamar aquela empresa – sua empresa – pelo nome do maldito irmão. Lena soltou o ar que nem percebeu que estava segurando. Rao, era tão difícil assim? Não poderia ter realmente sido adotada? Ela sabia que o pai fora atrás dela, apenas isso.

Assim que se sentou em sua cadeira, girou-a e fitou a sacada, o céu limpo, a temperatura ideal, nem quente, nem frio. Lena permitiu-se descansar a cabeça no encosto por alguns poucos segundos. Tinha tantas coisas para fazer, e precisava falar com ela. Odiava-se ainda mais por isso.

A morena girou a cadeira para a posição anterior e acessou alguns projetos em seu computador; precisava trabalhar antes, precisava ocupar a mente. Amanhã seria seguida por algum "cachorrinho", mas como Sam dissera, ela precisava mudar a imagem da família; ela devia isso às tantas famílias que foram destruídas em nome da ganância do irmão. Era sua obrigação. Ela poderia ser melhor que eles, não poderia?

Lena manteve-se ocupada durante todo o dia, só se levantou da sua mesa para buscar uma dose e outra de uísque, e comer em outra mesa o almoço que gentilmente Jess havia levado para ela. Estava tão compenetrada que não notou as horas passando.

A CEO ergueu os olhos do relatório que lia quando escutou batidas na porta; Jess estava aguardando para se despedir de sua chefe. Rao, Lena não notou que já era noite. Era hora de encerrar. Infelizmente para ela, ainda tinha outro assunto postergando; precisava falar com Lillian afinal.

A morena agradeceu à secretária e se despediu com um "boa noite" e um "até amanhã", seguindo para o elevador. Seu motorista estava em prontidão, sempre a sua espera.

Lena fez todo o percurso até sua cobertura com os pensamentos distantes; geralmente ocupava esse tempo com mais trabalho. Ela era o que chamavam de viciada em trabalho. Tolos, aquilo tudo era para não deixar seus pensamentos emergirem, não deixar seus medos surgirem; tudo aquilo era para não lembrar dele.

Quando finalmente chegou àquilo que era sua casa, mas não seu lar, Lena tirou os saltos e se permitiu relaxar um pouco. Tomou um relaxante banho em sua banheira, bebeu uma taça de vinho e respirou o ar fresco da sacada de seu quarto; era hora de enfrentar aquela capaz de fazer o diabo chorar.

- Mamãe. – Lena disse polida quando teve a ligação atendida.

- Lena, minha querida e amada filha, a que devo a enorme honra dessa ligação? – Lillian debochou do outro lado da linha, o que fez com que Lena fechasse os olhos e deslizasse a mão livre em sua nuca, puxando um pouco os cabelos. Rao, como aquela mulher a desestabilizava.

- Temos um problema. – Foi direta, o máximo que pudesse ficar longe, ficaria. Quem Lena queria enganar? Queria ser amada pela mãe, por mais que a indiferença a matasse por dentro; qualquer migalha ela aceitava.

- "Nós"? ou você? – Lillian questionou zombeteira.

- Clark Kent entrou em contato, quer fazer algumas perguntas, fazer mais perguntas. – Lena disse em um tom baixo, estava sozinha, mas temia ser ouvida por alguém. Após alguns segundos sem respostas, a morena decidiu questionar a mãe se ela ainda estava na linha, a resposta soou logo em seguida.

- Deixe-o fazê-las, cabe somente a você responder. – Lillian disse em um tom neutro.

Lena não aguentou e riu, a morena riu tanto que suas bochechas pálidas ficaram vermelhas. A matriarca dos Luthor realmente disse para ela responder as perguntas de Clark Kent? Logo o homem que seguia seu irmão nos últimos anos, que tentava a todo custo expor a verdadeira face de Alexander Joseph Luthor?

- Você só pode estar brincando comigo, Lillian. – Lena respirou fundo para se controlar.

- Ora, por que estaria? A empresa teve uma troca de CEO porque seu pai quis assim, mesmo com o recurso do seu irmão, um homem machista, você venceu, o que era seu por direito e agora poderá brincar de ser empresária. – Lillian desdenhou da capacidade da filha em gerir a empresa que um dia fora da família.