06

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Saí de perto de Payton e fui em busca de uma folha grande para tirar aquele bicho nojento das costas dele.

Isso que ele disse que não tinha medo de aranha, que somos maior que elas e podemos matar.

— Acho que você serve. — Pensei alto, pegando uma folha de palmeira caída no chão. Voltei até Payton e ele estava intacto, não mexeu um músculo.

— Julia? É você? — Perguntou de costas.

— Não, é outra aranha querendo pular em cima de ti.

— Essa aranha eu quero em cima de mim. — Respondeu.

Eu espero que ele tenha falado isso da boca para fora sem perceber.

— Eu vou tirar ela daí. Não precisa ter medo. — Peguei a folha e tentei criar coragem para encostar na aranha.

— Não estou com medo.

— É, eu percebi. — Encostei a ponta da folha na aranha, o que fez ela se mexer um pouco. — Sai daí, sua puta! — Bati a folha nela várias vezes e a desgraçada não morria.

Encarei a aranha e depois de uma eternidade ela saiu das costas de Payton e caiu no chão.

— Ela saiu?

— Sim. — Afirmei olhando para a aranha que saiu correndo.

— Mano, que alívio. — Colocou a mão sobre o peito com os olhos fechados.

— "Nós somos maiores que ela, é só matar". — Imitei Payton falando e ele revirou os olhos.

— Pelo menos a gente conseguiu pegar uma penca de banana. — Ele pegou a fruta do chão.

— É, eu poderia muito bem te deixar aí parado e sozinho. Mas não, eu te salvei, está me devendo uma.

Voltamos para a frente da ilha e arrumamos algumas coisas que estavam bagunçados dentro da lancha.

— Payton, o que você acha de nós tentar voltar para casa hoje? — Perguntei.

— E se der merda?

— Não vai dar, vamos pilotar e tentar voltar. Meus pais devem estar preocupados comigo.

— Nossa, nem me lembrei da minha mãe ela deve estar preocupada também.

— Viu, acho melhor sair daqui.

— Mas tem que ser hoje?

— Claro que sim, Payton. Vamos tentar sair daqui. — Fui até a cabine. — Como é que liga essa merda?

— Cadê as chaves?

— Eu pensei que estava com você. — Me virei de frente para ele assustada.

— E eu pensei que estava com você.

— Eu nem vi as chaves. — Comecei a negar frequentemente. — Mas que porra!

— Fica calma, deve está perdida pela lancha, vamos tentar achar.

Saí de dentro da cabine e Payton logo em seguida, acho que ficamos umas três horas procurando as chaves e não encontramos de jeito nenhum.

Me joguei na minha cama derrotada. Se pelo menos tivesse uma televisão aqui eu agradeceria.

— Vamos, Julia. — Payton chamou.

— Onde?

— Eu vou tomar banho na cachoeira e não quero te deixar sozinha aqui. — Ele começou a andar e eu fui atrás.

— Eu só queria meu chuveiro. — Reclamei baixinho.

— Ju, posso te fazer uma pergunta?

— Já fez, mas fala.

— É que... Eu não sei como eu vou falar isso.

— Falando.

— Você quer transar comigo?

Arregalei os olhos.

— O que? — Comecei a rir. — Claro que não, Payton! Do que você está falando?

— Não é isso que você está pensando.

— Se quiser sentir prazer use as suas próprias mãos. — Falei indignada.

— Por que você toma anticoncepcional então?

— Como você sabe disso? E só para deixar claro eu não quero transar com...

— Por quê? — Me interrompeu.

— Payton? Eu namoro, e...

— Qual o problema?

— Não, apenas não! Se eu quisesse te dar eu já teria feito isso.

— Então por que tem aquelas pílulas lá?

— É para regular minha menstruação e para transar com o meu namorado.

— "Meu namorado". — Me imitou. — Enquanto você está aqui, ele está lá comendo outra.

— Payton, não enche.

— O quê? Vai dizer que não sabia que era corna. Sinto muito em dizer isso, mas você é corna.

— Eu não sou!

— É sim.

— Por favor, me deixa em paz por pelo menos cinco minutos. — Pedi.

Depois de um tempo caminhando chegamos em frente à cachoeira.

A IlhaOnde histórias criam vida. Descubra agora